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Juros de Portugal em mínimos desde o arranque do ano

As “yields” das obrigações do Tesouro estão a recuar pela quarta sessão, depois da Moody’s ter decidido não se pronunciar sobre o “rating” do país.

Bloomberg
16 de Janeiro de 2017 às 11:15
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Os juros da dívida pública portuguesa estão esta segunda-feira, 16 de Janeiro, a acentuar a tendência de alívio registado nas últimas sessões, com a "yield" das obrigações do Tesouro e o "spread" face à Alemanha a atingir o nível mais baixo desde o arranque do ano.

 

A "yield" das obrigações do Tesouro a 10 anos está a descer 6 pontos base para 3,85%, tendo tocado nos 3,837%, o nível mais baixo desde 3 de Janeiro. O diferencial face ao juro da Alemanha baixa para 348 pontos base, também o nível mais baixo desde o arranque do ano.

 

Esta tendência de alívio nos juros de Portugal surge depois de uma forte pressão nas primeiras sessões de 2017, que levaram a "yield" das obrigações soberanas do país para máximos desde Fevereiro do ano passado, acima de 4,1%.

 

Este agravamento ficou sobretudo a dever-se à expectativa de inflexão na política monetária do Banco Central Europeu e à margem limitada para continuar a comprar dívida portuguesa.

 

Portugal é um dos países mais prejudicados na diferença entre o deve e o haver das compras do BCE. Desde Abril do ano passado, as aquisições de títulos portugueses ficaram quatro mil milhões de euros abaixo da meta implícita definida por Frankfurt, que corresponde à participação de cada país na chave de capital do BCE, segundo estimativas do Commerzbank.

 

A diminuição das compras mensais, que são feitas em mercado secundário, é um factor que tem deixado os investidores com um pé atrás em relação às obrigações portuguesas. Há analistas que defendem que essa diminuição é um dos elementos que tem pressionado os juros. E o ritmo das aquisições é mesmo analisado pelo IGCP em apresentações a investidores, constatando-se que, desde Abril do ano passado, as compras do BCE ficam abaixo da meta implícita.  

 

A primeira reunião deste ano do BCE decorre já na próxima quinta-feira. Após ter anunciado uma extensão no prazo do programa alargado de compra de activos e uma alteração em alguns parâmetros das compras em Dezembro, os analistas não antevêem mudanças nas políticas monetárias do BCE. No entanto, face aos últimos dados da inflação e comentários de responsáveis alemães, o foco da tradicional conferência de imprensa de Mario Draghi poderá estar sobre o consenso no seio do Conselho de Governadores e sobre a necessidade de se preparar a retirada dos estímulos.

 

O alívio nos juros da dívida portuguesa surge depois de na sexta-feira a Moody’s ter optado por não se pronunciar sobre Portugal, ao contrário do que estava calendarizado.

 

A Moody’s tem actualmente uma classificação de Ba1 para Portugal, um nível abaixo de grau de investimento, considerado portanto especulativo, mas com perspectiva estável. Há cerca de um mês, a agência referia que este "outlook" incorporava "riscos de subida e de descida [de "rating"] genericamente equilibrados", acrescentando o peso da elevada dívida externa e pública do país.

 

Já a Itália viu a DBRS cortar o rating do país, o que está a pressionar os juros da dívida. A "yield" dos títulos a 10 anos está a subir 3 pontos base para 1,93%.

 

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