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Juros de Portugal caem para novo mínimo desde Novembro

A dívida portuguesa está a acompanhar o desempenho das obrigações europeias, depois de Vítor Constâncio ter adiantado que só no Outono o BCE irá discutir uma alteração à política de estímulos.

José Manuel Ribeiro/Reuters
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Os juros da dívida portuguesa estão a fixar novos mínimos desde Novembro do ano passado, em linha com a tendência dos restantes títulos europeus, num desempenho que o Commerzbank classificou ontem de "notável".

 

A "yield" das obrigações do Tesouro a 10 anos cede 2 pontos base para 3,37%, tendo fixado o mínimo de cinco meses em 3,359%.

 

Na dívida soberana europeia a amplitude das quedas é idêntica, pelo que o prémio de risco da dívida portuguesa permanece abaixo dos 300 pontos base. A "yield" das bunds alemãs a 10 anos cede 2 pontos base para 0,412% e taxa de rendibilidade exigida aos investidores para comprar obrigações soberanas espanholas cai 2,7 pontos base para 1,62%.

 

Os juros das obrigações portuguesas têm vindo a atingir mínimos de Novembro (quando Trump ganhou as eleições nos EUA) nas últimas sessões, uma tendência que foi reforçada depois do leilão da passada quarta-feira, dia em que o IGCP conseguiu vender dívida a dez anos, no montante de 632 milhões de euros, com uma taxa média de 3,386%.

 

A dívida portuguesa tem também vindo a beneficiar com perspectivas positivas para a economia, quer ao nível da evolução do PIB, quer do défice. Ainda ontem a Comissão Europeia reviu em alta a previsão de crescimento da economia portuguesa.

 

A tendência de descida das "yields" na Europa nesta sexta-feira, segundo a Reuters, surge em reacção às declarações de Vítor Constâncio. O vice-presidente do Banco Central Europeu disse que a autoridade monetária está comprometida com os estímulos até Dezembro, pelo que a política actual só deverá ser repensada depois do Verão.

 

Desempenho "notável" e "encorajador"

 

Numa nota de "research" publicada na noite de quinta-feira, o Commerzbank destacou pela positiva a evolução das taxas das obrigações portuguesas nas últimas semanas. Mas alerta para os riscos que a economia portuguesa atravessa e não antecipa melhorias de "rating" em breve.

 

O banco alemão realça que o desempenho das obrigações portuguesas tem sido "impressionante", tendo em conta as travagens cada vez maiores das compras do BCE. "O prémio de risco das obrigações portuguesas a dez anos em relação às obrigações alemãs caiu quase 100 pontos base desde o pico de Fevereiro. Isto é notável e encorajador já que ocorre numa altura em que o BCE está a reduzir as compras porque está perto do limite de 33% por emitente", refere o banco alemão.

 

Apesar de ficar impressionado com o desempenho da dívida portuguesa no mercado, o Commerzbank considera que "é demasiado cedo" para deixar de se ser cauteloso com Portugal. Reconhece que apesar de dados melhor que o esperado, como o crescimento no segundo semestre do ano passado e da redução do défice, o País continua "vulnerável".

 

"Concluímos que Portugal ainda não está fora de perigo, apesar de algumas surpresas positivas", defende o banco. Acrescenta que o "País está a beneficiar actualmente – tal como toda a Zona Euro – de uma economia global mais forte". Mas considera que "o elevado nível de dívida privada e pública apenas é sustentável graças à política monetária ultra-expansionista do BCE".

 

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