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Juros de Portugal a dez anos caem abaixo dos de Espanha

O prémio exigido pelos investidores para comprar dívida portuguesa é menor do que para a dívida espanhola. Os juros nacionais alargaram as quedas após ter sido anunciado o valor do fundo de recuperação desenhado pela Comissão Europeia.

O instituto liderado por Cristina Casalinho vai enfrentar custos de financiamento mais elevados.
Bruno Simão
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Os juros de Portugal a dez anos estão a perder 2,7 pontos base para os 0,648% na sessão desta quarta-feira, dia 27 de maio, que compara com os congéneres espanhóis, que negoceiam nos 0,666%. 

Com a queda de hoje, os juros nacionais ampliam o ciclo de quedas pelo oitavo dia consecutivo, o que representa um máximo desde julho do ano passado.

Este novo valor fixado significa também um mínimo desde meados de março de 2020, quando a atual pandemia se começou a fazer sentir nos mercados de dívida. Antes disso, em fevereiro, a taxa de Portugal chegou a rondar os 0,23%. 

Agora, a taxa de referência de Portugal volta a negociar abaixo da "yield" do país vizinho, algo que não acontecia desde janeiro deste ano. Isto depois de se saber que a Comissão Europeia vai apresentar uma proposta para o fundo de recuperação da União Europeia composto por 750 mil milhões de euros, através da emissão de dívida conjunta por parte da instituição.


Este montante vai ser dividido em dois: 500 mil milhões de euros serão distribuídos pelos Estados-membros através de subvenções a fundo perdido e 250 mil milhões via empréstimos. 

Portugal poderá beneficiar de 26,3 mil milhões de euros deste apoio, segundo apurou o Negócios junto de fontes de Bruxelas. Deste valor, 15,5 mil milhões de euros dizem respeito a subvenções a fundo perdido e os restantes 10,8 mil milhões de euros através de empréstimos concedidos.

Segundo a Reuters, Espanha deverá receber um total de 140 mil milhões de euros e juntamente com Itália, receber 40% do apoio total.  


Hoje, o Negócios já tinha feito referência a esta aproximação entre os juros de Portugal e Espanha, com os analistas a anteciparem uma recuperação do lado português. Filipe Silva, diretor de investimento do Banco Carregosa, argumentou que os "os juros têm margem para continuar a baixar e podemos mesmo chegar a ver os valores que assistimos no passado". 

No caso concreto de Portugal, duas agências de "rating", a Standard & Poor’s e a Fitch, retiraram o "outlook" positivo que tinham para a dívida portuguesa. Contudo, os analistas têm elogiado a ação do país no controlo do contágio, o que poderá refletir-se na recuperação. 
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