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Juro das obrigações alemãs sobe para máximo de oito meses

A "yield" das obrigações soberanas alemãs a 10 anos atingiu um mínimo de 0,05% em meados de Abril. Menos de dois meses depois, atingiu um máximo de oito meses já muito perto de 1%.

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Global Bond Rout: Europe vs. World Markets
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Os investidores continuam esta quinta-feira a fugir do mercado de obrigações mundial, devido à expectativa de subida da inflação na Zona Euro e outras regiões, que poderá no futuro conduzir a uma inversão na tendência de alívio da política monetária dos bancos centrais.

Na dívida alemã a taxa de rentabilidade (ou "yield") das obrigações soberanas com uma maturidade de 10 anos está esta quinta-feira a subir 2 pontos base para 0,904%, tendo durante a sessão atingido 0,996%, o que traduz um máximo desde Outubro do ano passado.

O agravamento das "yields" na divida alemã tem sido muito acentuada nas últimas sessões, já que na sexta-feira da semana passada se situava abaixo de 0,5%. E em meados de Abril atingiu um mínimo histórico em 0,05%.

Este agravamento deve-se sobretudo às alterações das expectativas sobre a inflação. Depois do Eurostat ter revelado na terça-feira que o índice de preços no consumidor aumentou 0,3% em Abril, na primeira subida em seis meses, o presidente do BCE afirmou esta quarta-feira que a inflação deverá acelerar nos próximos meses na Zona Euro.

Uma evolução que faz o mercado antever uma mudança na política monetária de forma mais célere do que era antecipado. Não só do BCE, mas também de outros bancos centrais, daí que o movimento de queda dos preços das obrigações soberanas seja global (as cotações variam em sentido inverso ao das "yields").    

"Estamos a assistir à segunda fase" do "sell off" no mercado de obrigações "que está a acontecer de forma muito violenta", comentou à Bloomberg um analista do Danske Bank, assinalando que "o mercado estava à espera de conforto no BCE", mas "Draghi avançou com aquele comentário" sobre a inflação.   

"As últimas semanas têm sido difíceis para as obrigações soberanas da Zona Euro", nota David Schnautz. O estratego de dívida do Commerzbank afirma que os desempenhos "fizeram lembrar o padrão de negociação registado na antecipação e na implementação das várias rondas de compras de activos pela Reserva Federal dos EUA".
 

Uma venda generalizada que, aponta Padhraic Garvey, teve origem "em saídas significativas de fundos alemães e franceses, mas também de fundos espanhóis e italianos". Isto porque, diz o director de estratégia de dívida do ING, "as obrigações soberanas na Zona Euro estavam a oferecer um retorno superior a 4%", levando à tomada de mais-valias.

 

Os juros da dívida norte-americana também estão em máximos desde Outubro passado, numa altura em que a discussão no outro lado do Atlântico está em saber quando vai a Reserva Federal iniciar o ciclo de subida dos juros, que estão em mínimos históricos desde a falência do Lehman em 2008.

No resto da Europa a tendência de alta é generalizada, com a "yield" dos títulos de França a 10 anos a avançar 3 pontos base para 1,2%.

Juros de Portugal perto dos 3%

Nos mercados periféricos os juros até estão a corrigir das subidas das últimas sessões. A "yield" das obrigações italianas a 10 anos recua 2 pontos base para 2,16%.

Em Portugal os juros das obrigações do Tesouro a 10 anos caem 6 pontos base para 2,81%, sendo que esta manhã tocaram em máximos desde meados de Dezembro nos 2,95%. O mínimo histórico foi fixado em Abril na casa dos 1,5%.

O Negócios noticia esta quinta-feira que as obrigações portuguesas já chegaram a gerar um ganho de 8% este ano, sendo que a rendibilidade acumulada em 2015 está agora em redor de 1%.

Christian Schulz, contrariando o que tem sido defendido pela maioria dos especialistas, diz que "não chamaria venda generalizada a uma subida dos juros entre 50 e 100 pontos base, após estes terem estado a cair 1.500 pontos". 


"A subida moderada das taxas de juro", classifica então o economista sénior do Berenberg, deveu-se "à subida das expectativas para a inflação e a alguns problemas de liquidez no mercado". Além da "situação na Grécia", relembra, que continua a assombrar a região.

O que está a pesar nas obrigações?

Após fortes valorizações, as obrigações da Zona Euro recuaram em força. As mais-valias foram o principal factor, mas também a inflação e a Grécia pesaram na evolução.

 

Tomada de mais-valias pressiona

As obrigações da Zona Euro registaram fortes valorizações nos primeiros meses do ano. Uma evolução positiva que levou os investidores a querer garantir os ganhos. Esta era já a perspectiva dos analistas que os dados mais recentes vieram confirmar. Na origem da venda generalizada de obrigações estiveram os fundos de investimento alemães e franceses, mas também os espanhóis e italianos. Um ajustamento de carteiras que levou, em movimento contrário, à subida dos juros da dívida.

 

Subida da inflação prejudica obrigações
Se o chamado movimento técnico foi o principal responsável pela venda das obrigações, as melhores perspectivas para a inflação na Zona Euro também não ajudaram. Após cair para valores negativos em Janeiro, o caminho desde então tem sido de ascensão. De tal forma que, em Maio, os preços na Zona Euro terão crescido 0,3%. Mas também as expectativas para a inflação estão cada vez melhores. Se a previsão nos mercados para a subida dos preços dentro de cinco anos era, em Janeiro, inferior a 1,5%, agora a estimativa aponta para 1,72%.

 

Incerteza grega ainda assombra
apesar de os investidores terem privilegiado as atenções nas mais-valias e na inflação, a Grécia continua a ser um assunto pendente. A incerteza adensou-se nos últimos dois meses, não havendo ainda acordo. Os receios estão relacionados com um possível incumprimento do país no pagamento das dívidas. Algo que, a acontecer, poderá precipitar a saída da Grécia da Zona Euro, com consequências para a região ainda por estimar.

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