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IGCP faz emissão recorde para responder à covid-19
O IGCP já colocou 11.408 milhões de euros este ano em dívida de longo prazo, o que representa 45% do total agora previsto para 2020 em obrigações do Tesouro.
O IGCP aproveitou a forte procura dos investidores para emitir o valor mais elevado de sempre numa operação com recurso a um sindicato bancário. O instituto que gere a dívida do estado português colocou 5 mil milhões de euros em obrigações com Tesouro (OT) a sete anos, numa operação que atraiu uma procura de 30 mil milhões de euros. Ambos os valores são os mais elevados de sempre numa emissão conduzida pelo IGCP, demonstrando que os investidores continuam com um elevado apetite pela dívida portuguesa e que o instituto liderado por Cristina Casalinho está a acelerar o programa de financiamento da República de modo a captar fundos para o Governo responder aos efeitos da pandemia da covid-19.
A forte procura também se traduziu numa ligeira descida dos custos de financiamento. Antes da abertura dos livros de ordens, o IGCP deu um "guidance" de 90 pontos base para o spread, sendo que quando a operação foi fechada este spread foi fixado em 86 pontos base. Os títulos com maturidade em outubro de 2027 foram emitidos com uma taxa de cupão de 0,7% e uma yield de 0,726%.
A taxa é superior aos 0,475% que Portugal pagou para emitir 4 mil milhões de euros em dívida sindicada a 10 anos em janeiro. "Esta ligeira subida do risco nacional está em sintonia com o movimento a que assistimos em todas as dívidas soberanas. O Mundo alterou-se devido ao Covid-19 o que resultou num aumento do risco em todas as classes de ativos", diz Filipe Silva, do Carregosa, salientando que "apesar de tudo, continuamos com sucesso a emitir dívida permitindo-nos fazer um rollover a taxas historicamente baixas".
No comunicado emitido sobre esta operação, o IGCP refere que a procura dos investidores por dívida portuguesa foi "encorajadora", com ordens de 20 mil milhões de euros logo na primeira hora, o que permitiu reduzir o spread e colocar o valor da emissão em 5 mil milhões de euros, o que representa o valor mais elevado de sempre. Participaram 382 investidores institucionais, com os britânicos, franceses, italianos e espanhóis a captarem mais de metade do total emitido.
Com a emissão desta quarta-feira, o IGCP já colocou 11.408 milhões de euros este ano em dívida de longo prazo. Este montante representa 45% do total agora previsto para 2020 em OT. Esta quarta-feira o Governo autorizou o IGCP a emitir 25 mil milhões de euros em OT este ano, cerca de 50% acima do limite máximo estabelecido no Orçamento do Estado (16,7 mil milhões de euros).