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IGCP adia reembolso de 949 milhões de euros para 2029
Com a oferta de troca o IGCP alarga a maturidade média da dívida portuguesa e alivia os reembolsos previstos para o próximo ano.
O IGCP - Agência de Gestão de Tesouraria e da Dívida Pública realizou esta quarta-feira a primeira oferta de troca deste ano, comprando milhões de euros em obrigações com maturidade em abril de 2021, e oferecendo em contrapartida títulos que só serão reembolsados em junho de 2029.
Pelos títulos que comprou, o Tesouro português paga uma taxa de cupão de 3,85%, sendo que as obrigações que deu em troca pagam uma taxa de 1,95%.
A adesão a esta oferta de troca foi superior ao registado nas últimas operações similares. Na oferta de novembro, o IGCP adiou o reembolso de 532 milhões de euros em dívida para 2028 e 2034 e, em outubro, adiou o pagamento de 910 milhões de euros para 2023 e 2027.
"A vantagem desta operação para o investidor é a de poder trocar um investimento em dívida soberana portuguesa com uma yield negativa de -0.62% por uma rentabilidade positiva de 0.23% para a maturidade 2029", comenta Paulo Rosa, economista e Trader Sénior do Banco Carregosa. "É a prova de que os investidores continuam a acreditar na economia portuguesa, pois estão a estender a maturidade dos seus investimentos, e principalmente na continuação da política acomodatícia do BCE", acrescenta.
O instituto liderado por Cristina Casalinho está este ano a prosseguir a estratégia implementada nos últimos tempos de realizar várias ofertas de troca para aproveitar os juros baixos. Em 2019 foram realizadas ofertas de troca em janeiro, março, maio, julho, outubro e novembro. No total, a agência que gere a dívida pública trocou 4,3 mil milhões de euros de dívida pública portuguesa no ano passado.
Ainda sem ter em conta o impacto desta operação realizada hoje, o IGCP tinha prevista a amortização de cerca de 13 mil milhões de euros em dívida no próximo ano e pouco mais de 12 mil milhões de euros em 2029.
O objetivo da agência que gere a dívida pública portuguesa é alisar o perfil de reembolsos da dívida e alargar a maturidade média das obrigações. Esta é também uma forma de aproveitar mais o ambiente de taxas de juro baixas, diminuindo o custo de financiamento da República.
No final de 2019 a maturidade média da dívida portuguesa (excluindo os empréstimos da troika) estava em 6,2 anos. Considerando a totalidade da dívida o prazo médio era de 7,5 anos.
(Notícia atualizada às 11:03)