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Fitch: Trump coloca riscos para os soberanos globais
A agência de “rating” defende que a política dos EUA tornou-se mais imprevisível e que há riscos para os soberanos globais. E enumera uma lista dos países que podem estar mais expostos às mudanças das relações comerciais dos EUA.
"A administração Trump representa um risco para as condições económicas internacionais e para os fundamentais de crédito dos soberanos globais". O aviso é dos analistas da Fitch, que alertam que "a previsibilidade da política dos EUA diminui, com os canais de comunicação internacionais e as normas de relacionamento estabelecidas a serem colocadas de lado aumentado as perspectiva de alterações repentinas e não antecipadas das políticas dos EUA o que tem potenciais implicações globais", refere a agência numa nota divulgada esta sexta-feira, 10 de Fevereiro.
E enumera os principais riscos que a administração Trump pode causar a nível do perfil de crédito soberano a nível global: mudanças disruptivas de relações comerciais, diminuição dos fluxos de capital internacional, limitação das migrações que afectam as remessas e confrontos entre responsáveis políticos que cause uma prolongada volatilidade nos mercados financeiros e também no comportamento cambial.
E isso poderá significar implicações negativas para os "ratings" de alguns países. "A materialização destes riscos levaria a um contexto desfavorável para o crescimento económico, colocaria pressão nas finanças públicas que podem ter implicações nos "ratings" de alguns soberanos", avisa a Fitch. E acrescenta que para países que sofram reduções ou um acesso mais caro ao financiamento externo, principalmente se isso for acompanhado de depreciações cambiais, também podem ver os "ratings" penalizados.
Quem pode estar em risco?
Com Trump, a Fitch considera que os soberanos mais em risco "são os que têm ligações económicas e financeiras próximas com os EUA e que começaram a ficar sob escrutínio devido à existência de desequilíbrios financeiros ou a percepções de práticas injustas nas suas relações bilaterais".
E os analistas da agência enumeram os países que a administração Trump já criticou devido a essas percepções: "Canadá, China, Alemanha, Japão e México já foram explicitamente identificados pela administração Trump como tendo políticas comerciais ou cambiais que exigem atenção". E acrescentam que a lista dos alvos das críticas da administração de Trump não deverá cingir-se a esses países. A chegada de Trump à Casa Branca já levou a Fitch a colocar as perspectivas para o "rating" do México como negativas em Dezembro.
A Fitch também se mostra cautelosa para os países mais dependentes do investimento directo dos EUA que tenha sido utilizado para investir em sectores que exportam para a maior economia do mundo. "Estão em risco de serem identificados para punitivas medidas comerciais", sublinha a agência.
A Fitch refere que a lista desses países é potencialmente longa, há que as entidades americanas contam para quase um quarto do financiamento externo a nível global. Mas entre os soberanos que aparentam estar mais dependentes de investimento americano nas suas indústrias, a agência destaca o Canadá, o Reino Unido, a Holanda, o México, a Alemanha, a China e o Brasil.