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Estrangeiros detêm 45% da dívida portuguesa. Famílias reforçam como nunca
A atratividade dos certificados de aforro levou a dívida pública detida pelas famílias a atingir, no final de 2022, os 19,6 mil milhões de euros, o valor mais elevado da série.
Os investidores estrangeiros estão a diminuir a presença na dívida pública nacional, enquanto as famílias em Portugal têm reforçado. A tendência deve-se à renovada atratividade dos certificados de aforro que registaram, no ano passado, a entrada de capital mais elevada de sempre.
No final de 2022, os investidores não residentes detinham 45% do total da dívida pública portuguesa, "embora tenham reduzido a sua exposição nos últimos anos" já que, em 2019, detinham 52%, revela o relatório divulgado esta sexta-feira pelo Banco de Portugal (BdP).
No final de 2022, as famílias detinham 13% do total da dívida pública portuguesa. A parcela aumentou em 2,6 mil milhões de euros no ano passado, "sobretudo através da subscrição de certificados de aforro", no montante de 7,2 mil milhões de euros.
"Este instrumento tornou-se mais atrativo em 2022 com a subida das taxas de juro associadas à sua rendibilidade", aponta o BdP. O valor do final de 2022 - 19,6 mil milhões de euros - superou assim o último máximo da série, que tinha sido registado em janeiro de 2008, nos 18,2 mil milhões de euros.
Em sentido contrário, as famílias desinvestiram em certificados do Tesouro (cuja rendibilidade é associada ao crescimento económico e foi, por isso, menos atrativa). Saíram destes produtos 2,6 milhões de euros. Dos títulos de dívida pública, nomeadamente as obrigações do Tesouro de rendimento variável (OTRV), não foram lançadas novas linhas pelo que recuaram 1,9 milhões de euros.
O Estado chegou ao final de 2022 com uma dívida pública de 113,9% do produto interno bruto (PIB), o que representa o valor mais baixo desde 2011 e uma queda de 11,5 pontos percentuais. Em termos nominais aumentou 3,3 mil milhões de euros, para 272,6 mil milhões de euros.