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Dívida portuguesa na lista das melhores apostas. Juros quebram os 0,8%

Os juros da dívida portuguesa a dez anos atingiram novos mínimos abaixo de 0,8%, enquanto o spread face à dívida alemã caiu para o nível mais baixo em mais de nove anos. Os analistas acreditam, porém, que a subida das obrigações não fica por aqui.

Bloomberg
03 de Junho de 2019 às 12:09
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Os juros da dívida soberana portuguesa estão em forte queda esta segunda-feira, 3 de junho, prolongando a tendência de alívio que se regista há várias semanas. Nas últimas dez sessões, as obrigações nacionais só caíram numa, e os juros bateram sucessivos mínimos históricos.

O mesmo se repete na sessão de hoje, com a yield das obrigações a dez anos a atingir um novo recorde de 0,7439%, após uma descida de mais de 5 pontos base. Além dos juros, também o risco da dívida portuguesa – medido pelo spread face à dívida alemã – está no valor mais baixo desde março de 2010, nos 97,3 pontos base.

O movimento de alívio estende-se à generalidade dos países do euro, com os investidores a reforçarem a sua aposta nas obrigações, em detrimento das ações, num contexto de forte incerteza relacionada com a guerra comercial e o seu impacto no crescimento económico global.

Essa incerteza tem levado os investidores a privilegiarem ativos considerados mais seguros, como é o caso do dólar, do ouro e das obrigações soberanas, acentuando a descida das yields, que já vinham beneficiando das baixas estimativas para a inflação e a viragem dos bancos centrais para uma política mais expansionista.

Em Espanha, os juros a dez anos também atingiram um novo mínimo de 0,676%, enquanto na Alemanha caíram para -0,2198%. Em Itália, a queda é de 7,8 pontos base para 2,587%.

Apesar da subida generalizada das obrigações – e consequente queda dos juros - a dívida portuguesa tem merecido destaque para os fundos de obrigações globais, já que tem garantido os maiores retornos da região, este ano. De acordo com o Bloomberg Barclays Global Aggregate Index, a dívida pública portuguesa gerou um retorno de 2,9% até ao momento, superando a dívida espanhola e italiana, que geraram um ganho de 2,2% e uma perda de 1,4%, respetivamente.

Esta evolução garantiu à dívida portuguesa o título de "grande aposta positiva" nos mercados periféricos do euro para a Allianz Global Investors, que acredita que a história de sucesso deverá continuar. "Pensamos que a história positiva vai continuar", afirma o diretor de investimentos em obrigações da Allianz, Mauro Vittorangeli, citado pela Bloomberg, acrescentando que a aposta na dívida portuguesa começou muito antes da melhoria do rating da República para um patamar de investimento. "Portugal está no bom caminho para deixar de ser periférico e se tornar semi-central. Ainda é um longo caminho, mas penso que poderá continuar".

Também os analistas da Amundi e da Aberdeen Standard Investments estão otimistas em relação às obrigações portuguesas, que têm beneficiado da melhoria do crescimento, da estabilidade política e, mais recentemente, da subida do outlook para a dívida de "estável" para "positivo" por parte da Fitch.

"Estamos a aumentar a exposição às obrigações soberanas portuguesas nos nossos fundos, e vamos manter esta posição apesar da recente subida", explica à Bloomberg Ross Hutchison, diretor de investimentos em obrigações da Aberdeen Standard.

"As obrigações portuguesas continuam atrativas, na medida em que ainda garantem algum spread com uma história económica atrativa por trás", diz Isabelle Vic-Philippe, da Amundi, destacando que no país "há pouco ruído político".

Os analistas acreditam que a descida dos juros poderá continuar, com a guerra comercial a afastar os investidores dos ativos de risco e os bancos centrais a adotarem uma postura mais expansionista. Segundo o JPMorgan, a Fed vai mesmo reverter a subida dos juros nos Estados Unidos e anunciar duas descidas este ano: uma em setembro e outra em dezembro.
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