Notícia
Dívida alemã a 10 anos volta a terreno positivo a apostar na subida de juros pelo BCE
O anúncio de um novo leilão de dívida, os dados da inflação e as expectativas do mercado sobre a subidas das taxas de juro na zona euro estão entre os principais motivos para a nova subida das yields alemãs.
A dívida alemã, vista como a referência na zona euro, voltou a negociar com juros positivos esta terça-feira, pela terceira vez desde o início de janeiro. A yield das obrigações a dez anos subiu 5,9 pontos base para 0,014%, depois de há duas semanas já ter alcançado o patamar dos 0%, pela primeira vez desde 2019.
A tendência corrigiu, entretanto, com a yield a aliviar para -0,019%. Desde o início de 2021, os juros sobre a dívida alemã a dez anos já aumentaram 14 pontos base, segundo as contas da Bloomberg.
O agravamento dos juros é reflexo da mudança nas expectativas do mercado em torno de uma retirada de estímulos mais rápida por parte dos principais bancos centrais para conter os avanços da inflação.
Uma sondagem da Bloomberg ao mercado revela que os analistas estimam que o Banco Central Europeu (BCE) suba as taxas de juro de referência em 12 pontos base já em setembro, perante o galopar da inflação. Isto apesar de a presidente Christine Lagarde continuar a garantir que a mudança não acontecerá este ano.
O BCE tem dito que irá esperar, pelo menos, até ao próximo ano para mexer nos juros, mas vários membros do banco central consideram que a autoridade monetária deverá agir caso a inflação continue a escalar.
A escalada dos preços tem sido uma das principais preocupações dos últimos meses, nomeadamente na maioria economia da moeda única. A estimativa rápida do gabinete de estatística alemão, Destatis, indica que a taxa de inflação homóloga da Alemanha subiu em janeiro, mas a um ritmo mais lento do que em dezembro, quando registou a leitura mais elevada desde o verão de 1992.
Os preços subiram 5,1% em termos homólogos na Alemanha, face a previsões dos economistas de uma subida de 4,4%. "A taxa de inflação continua elevada apesar da ausência dos efeitos de base causados em 2021 pela redução temporária do IVA e a forte queda dos preços de produtos de óleos minerais em 2020", refere o Destatis.