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Bill Ackman está a apostar na queda das obrigações dos EUA a 30 anos

O investidor diz que esta é a melhor estratégia como cobertura contra o impacto, nas bolsas, de juros elevados no longo prazo.

O veículo constituído por Bill Ackman levantou quatro mil milhões de dólares.
Brendan McDermid/Reuters
03 de Agosto de 2023 às 14:42
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Bill Ackman (na foto), fundador do Pershing Square Capital Management, disse que está a "shortar" [está a adotar posições curtas, ou seja, a apostar na queda] nas Obrigações do Tesouro (OT) norte-americanas a 30 anos. Para o gestor do fundo de cobertura de risco, esta é uma boa estratégia contra o impacto, nas bolsas, de juro elevados no longo prazo.

 

"Estamos ‘curtos’ nas OT a 30 anos", escreveu numa mensagem da plataforma X, anteriormente conhecida como Twitter.

Para Ackman, se a inflação a longo prazo nos EUA for de 3% e não 2% (como deseja a Reserva Federal), então os juros das Treasuries a 30 anos podem disparar para 5,5%. E considera que isso pode acontecer "em breve".


Ontem, a "yield" da dívida soberana a 30 anos dos Estados Unidos subiu para 4,16%, naquele que foi o valor de fecho mais alto deste ano.

Se os juros escalam, isso significa que as obrigações estão a perder valor, daí a aposta de Ackman na sua queda.

 

E como está a ser conduzida a estratégia? O investidor disse que o seu fundo está a apostar nesta cobertura de risco através da compra de opções, em vez de "shortar diretamente nas obrigações".

 

"Já aconteceu muitas vezes o mercado obrigacionista reapreçar o segmento longo da curva de rendimentos numa questão de semanas, e esta parece ser uma dessas alturas", disse Ackman, citado pela CNBC.

 

Bill Ackman justificou a decisão de investimento com vários fatores: o desejo da China e de outros países de se dissociarem financeiramente dos EUA, bem como os crescentes receios em torno da "governance", da responsabilidade orçamental e das divisões políticas nos Estados Unidos – três problemas identificados pela agência de "rating" Fitch e que valeram ao país um corte da classificação da dívida soberana, do triplo A para a segunda posição do ranking.

 

O gestor do Pershing considera também que, se for posto um ponto final no controlo da curva das "yields" no Japão, isso aumentará a relativa atratividade pelas obrigações nipónicas face às Treasuries norte-americanas. Os investidores japoneses são atualmente os maiores compradores estrangeiros de OT dos Estados Unidos, mas, se o controlo da referida curva deixar de existir, poderão preferir a dívida doméstica.

 

O banco central nipónico, que tem um novo governador desde abril – Kazuo Ueda –,  surpreendeu os mercados em dezembro, ao fazer mudanças na política de controlo da curva das "yields". Com a inflação no Japão a exceder a meta do banco central de 2%, os investidores começaram a vender as obrigações que detinham, a apostar num recuo dos megaestímulos monetários. Mas o Banco do Japão (BoJ) reagiu não com uma subida das taxas de juro, mas com um reforço da compra de dívida para conseguir manter os limites à "yield" das obrigações a 10 anos.

O intervalo admissível de flutuação das taxas de juro de longo prazo, que se situava em 0,25%, foi alargado para 0,5%, o que na prática acabou por ter reflexo nas taxas de juro aplicáveis aos empréstimos a particulares e ao setor privado.

 

Agora, na semana passada, o BoJ ajustou o controlo da curva das "yields", permitindo que as rendibilidades da dívida de longo prazo possam ir até 1%. Esta maior flexibilidade foi uma forma de sustentar a sua política monetária acomodatícia: o banco central é dos poucos com taxas expansionistas, mantendo os juros diretores em -0,1% desde 2016.

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