Notícia
Europa recua com menos apetite pelo risco. Juros da dívida aliviam na Zona Euro e ouro estabiliza
Acompanhe aqui, minuto a minuto, o desempenho dos mercados durante esta quarta-feira.
Inflação nos EUA volta a dar perdas à Europa devido a menos apetite pelo risco
As bolsas europeias voltaram a ceder terreno, ainda pressionadas pela inflação nos Estados Unidos acima do esperado em agosto, que reforçou a especulação de que a Reserva Federal norte-americana tenha de subir mais os juros, acelerando o risco de recessão.
França já reviu hoje em baixa as suas previsões de crescimento económico para o próximo ano.
O Stoxx 600 fechou a ceder 0,84%, para 417,58 pontos. O índice de referência europeu esteve a ser pressionado sobretudo pelas cotadas dos setores mineiro e imobiliário.
Nos ganhos, destaque para o retalho, muito à conta dos bons resultados da Inditex, dona da Zara.
Também os títulos ligados à energia tiveram um bom desempenho, numa sessão em que os preços do petróleo estão a subir em torno de 2%.
Entre os principais índices da Europa Ocidental, o alemão Dax deslizou 1,22%, o francês CAC-40 desvalorizou 0,37%, o espanhol IBEX 35 cedeu 0,10% e o britânico FTSE depreciou-se em 1,47%. Em Amesterdão, o AEX registou um decréscimo de 0,49%.
Em contraciclo esteve o italiano FTSE MIB, que somou 0,49%.
Petróleo sobe com receios de aperto da oferta
Os preços do crude seguem a ganhar terreno, animados sobretudo pelo facto de a Agência Internacional da Energia (AIE) ter estimado uma maior substituição do gás por petróleo devido aos elevados preços neste inverno – o que pode intensificar o aperta da oferta de "ouro negro" face à procura.
Em Londres, o Brent do Mar do Norte, que é a referência para as importações europeias, segue a somar 1,99% para 95,02 dólares por barril.
Já o West Texas Intermediate (WTI), "benchmark" para os Estados Unidos, ganha 2,38% para 89,39 dólares por barril.
Intervenção do Banco do Japão segura iene. Euro em torno da paridade com o dólar
O iene recuperou de mínimos de 24 anos face aos sinais de que o Banco do Japão está a preparar uma intervenção no mercado cambial. A publicação financeira Nikkei avançou esta quarta-feira que o banco central levou a cabo uma ação de supervisão sobre as taxas de câmbio em que questionou os participantes do mercado.
As movimentações são vistas como preparação para uma intervenção até porque as autoridades japonesas - incluindo não só o banco central, mas também o ministério das Finanças - têm lançado alertas para os riscos do iene ter desvalorizado mais de 20% este ano face ao dólar.
"Apesar do relatório de taxas de câmbio ser possivelmente um precursor de uma intervenção, é improvável que gere uma ação imediata", antecipa Akira Moroga, gestor de produtos de câmbio do Aozora Bank, em Tóquio. Só as notícias já tiveram impacto: a divisa japonesa aprecia-se 1,4% face ao par norte-americano com cada dólar a valer 142,67 ienes.
No que diz respeito às restantes divisas, o euro continua em torno da paridade com o dólar, seguindo a valorizar 0,53% para 1,0023. O dólar desvaloriza, aliás, contra a generalidade das divisas internacionais a aliviar após ter registado, na sessão desta terça-feira, a maior subida em três meses.
"Yields" aliviam com perspetiva de que BCE não suba juros além de 2%
O Banco Central Europeu (BCE) deverá aumentar as taxas de juro até perto de 2% no final do ano, antes de avaliar novas subidas nos custos de financiamento, segundo sinalizou esta quarta-feira o governador do Banco de França, François Villeroy de Galhau.
Num discurso em Washington, o governador sublinhou que o BCE tem de ser "determinado e ordeiro" para alcançar a taxa de juro neutral, um nível teórico que não estimula nem penaliza a economia. François Villeroy de Galhau referiu, no entanto, que é demasiado cedo para o definir.
"Na Zona Euro, a taxa neutral pode ser estimada abaixo ou próxima de 2% em termos nominais e podemos estar nesse ponto até final do ano. Fazê-lo é normalizar, só além desse nível é que o aperto irá começar, se necessário", acrescentou.
Num movimento sem precedentes para travar a inflação recorde, o BCE subiu, na semana passada, as três taxas em 75 pontos base. Foi a segunda subida consecutiva já que em julho tinha também aumentado os juros em 50 pontos base (a primeira vez em 11 anos).
A normalização da política monetária tem sido uma das principais razões para o agravamento das "yields" das dívidas na Zona Euro nos últimos meses pelo que a perspetiva de que o BCE não avance tanto quanto esperado levou a um alívio na sessão. Por outro lado, o regresso do apetite por ativos de risco também ajudou.
A "yield" das Bunds alemãs a dez anos recuou 3,7 pontos base para 1,685%, enquanto o juro dos títulos franceses com a mesma maturidade cedeu 3,8 pontos para 2,245%. No sul da Europa, Espanha conseguiu um alívio de 2,3 pontos para 2,82% e Itália de 3,1 pontos para 3,951%.
O juro da dívida portuguesa com a maturidade "benchmark" caiu 2,9 pontos para 2,714%, no dia em que o Tesouro esteve no mercado para uma emissão de dívida com a mesma maturidade. Captou 780 milhões de euros a uma taxa de juro de 2,754%, aos quais acresceram ainda mais 470 milhões em obrigações a quatro anos.
Ouro estabiliza após queda impulsionada por inflação nos EUA
O ouro estabilizou depois de os dados da inflação nos Estados Unidos terem causado, na terça-feira, a maior queda em dois meses.
Esta quarta-feira o metal amarelo mantém-se acima do limiar dos 1.700 dólares por onça, a valorizar 0,11% para 1.704,01 dólares.
A política agressiva da Reserva Federal norte-americana fez com que o metal precioso estivesse a desvalorizar este ano, com as elevadas taxas de juro a colocarem pressão em ativos que não remuneram juros, como é o caso do ouro.
"O endurecer das políticas monetárias e orçamentais representa um 'apertar do cinto' que acreditamos que vá manter o ouro na defensiva, em termos gerais, este ano e no próximo", disse à Bloomberg James Steel, analista de metais do HSBC.
Após maior tombo em dois anos, Wall Street recupera ligeiramente
Wall Street está a aliviar das perdas vividas esta segunda-feira e a negociar em terreno positivo. Ontem os principais índices norte-americanos tombaram naquele que foi o pior dia desde 11 junho de 2020, um período de mais de dois anos.
O índice de referência S&P 500 sobe 0,30%, para 3.944,35 pontos. O industrial Dow Jones avança 0,222% para 31.173,63 pontos e o tecnológico Nasdaq Composite, o que mais tombou ontem ao perder 5,16%, valoriza 0,38% para 11.677,26 pontos.
Os investidores estão assim a avaliar uma possível subida de 100 pontos base das taxas de juro, por parte da Reserva Federal norte-americana na reunião de setembro, na próxima terça e quarta-feira, depois de ontem terem sido divulgados dados da inflação referentes a agosto e que foram superiores ao esperado pelos investidores, fixando-se assim em 8,3%.
"Uma menor pressão da inflação no final deste ano vai permitir à Fed um olhar mais abrangente para lidar com a desaceleração económica. Mas ainda não estamos nessa posição", explicou o analista Mathieu Racheter, do Banco Julius Baer, à Bloomberg, olhando para a evolução da economia dos Estados Unidos.
"Entretanto, as estimativas de resultados [das empresas] vão continuar a ser revistas em baixa, à medida que as taxas de juro mantêm as avaliações à margem. Por agora, recomendamos uma posição defensiva", esclarece ainda.
Europa arranca sessão no vermelho. Energia pressiona Stoxx 600
As bolsas europeias arrancaram a negociação desta quarta-feira maioritariamente em terreno negativo, pressionadas ainda pela inflação acima do esperado nos Estados Unidos. Além de ter mexido com os mercados financeiros, os dados ontem divulgados agravaram as preocupações quanto a uma jogada mais agressiva por parte da Fed.
O Stoxx 600 - referência para a Europa - cai 0,41% para 419,42 pontos, com o setor dos recursos naturais e da energia a serem os que mais pressionam o índice. Já o retalho trava maiores perdas, impulsionado pelos resultados semestrais da Inditex, que superaram as estimativas.
Entre os principais índices da Europa Ocidental, o alemão Dax desliza 0,33%, o francês CAC-40 cede 0,19%, o britânico FTSE recua 0,76% e, em Amesterdão, o AEX desce 0,18%. Apenas o espanhol Ibex e o italiano FTSE MIB deram início à negociação em terreno positivo, ainda que com ligeiros ganhos: 0,21% e 0,19%, respetivamente.
A elevada inflação, o política monetária mais agressiva por parte dos bancos centrais e a crise energética são temas que estão a preocupar os investidores, numa altura em que a probabilidade de uma recessão económica na região aumenta.
Juros agravam-se na Zona Euro
Os juros da dívida soberana na Zona Euro estão a agravar-se, um dia após terem sido revelados os dados do aumento de preços no consumidor em agosto do outro lado do Atlântico.
A "yield" das Bunds alemãs a dez anos, referência para a Europa, sobe 2 pontos base para 1,742%, enquanto os juros da dívida soberana francesa avançam 2,2% para 2,305% e os juros da dívida italiana com a mesma maturidade crescem 2,1 pontos base para 4,002%.
Por cá, os juros da dívida portuguesa aumentam 1,8 pontos base para 2,761%, ao passo que a "yield" da dívida espanhola sobe 2,6 pontos base para 2,869%.
Euro com ligeiro avanço face ao dólar
O euro segue a valorizar ligeiramente face ao dólar, que perdeu força após os dados da inflação acima dos esperado nos EUA, num dia em que a Comissão Europeia apresenta um pacote de medidas para combater a crise energética no bloco europeu. A moeda única avança 0,09% face à nota verde, estando, ainda assim, abaixo da paridade, valendo neste momento 0,9979 dólares.
Já o índice dólar da Bloomberg - que compara a força da moeda contra 10 divisas rivais - cai 0,06% para 109.755 pontos. O destaque nas moedas concorrente vai para o iene, que valorizou 0,07% face à nota verde após as autoridades japonesas terem indicado que deverão intervir no mercado monetário.
Ouro recua e negoceia abaixo dos 1.700 dólares
O ouro estabilizou abaixo da linha dos 1.700 dólares por onça, depois de na terça-feira ter atingido o valor mais baixo em dois meses. A pressionar o metal precioso estiveram os dados da inflação em agosto nos Estados Unidos.
O aumento dos preços no passado mês fixou-se nos 8,3%, 0,2 pontos percentuais acima do que o esperado pelos analistas, o que reforçou as perspetivas de um potencial agravamento do aumento do ritmo da subida das taxas de juro diretoras na próxima reunião da Fed.
Se até agora o mercado esperava uma subida em 75 pontos base, a elevada inflação em agosto levou já alguns economistas a colocarem em cima da mesa um aumento de 100 pontos base. Taxas mais elevadas tendem impactar o desempenho do ouro, uma vez que este não remunera juros.
O metal amarelo cede 0,16% para 1.699,53 dólares por onça, ao passo que a platina avança 0,31% para 887,09 dólares e o paládio recua 0,73% para 2.091,25 dólares.
Petróleo recua. Gás praticamente inalterado à espera de Ursula von der Leyen
O petróleo está a ceder, numa altura em que os investidores avaliam as perpetivas de um endurecimento acima do previsto por parte da Fed para combater a inflação, que em agosto voltou a ficar acima das previsões dos analistas.
Em Londres, o Brent do Mar do Norte, que é a referência para as importações europeias, perde 0,16% para 93,02 dólares por barril.
Já o West Texas Intermediate (WTI), "benchmark" para os Estados Unidos, oscila entre ganhos e perdas, estando neste momento a recuar 0,08% para 87,24 dólares por barril.
O petróleo atingiu o valor mais baixo desde janeiro no início deste mês, quando os investidores tentavam incorporar uma possível desacelaração económica, um aperto monetário e um abrandamento na procura energética.
No mercado do gás, os preços da matéria-prima na Europa mantiveram-se praticamente inalterados, numa altura em que os investidores aguardam pelo plano da Comissão Europeia, que está a ser apresentado por Ursula von der Leyen esta manhã. A autoridade europeia desenhou medidas para tentar combater a crise energética sem precedentes que o bloco europeu atravessa e que alimenta o aumento dos preços.
Os futuros a um mês negociados em Amesterdão - referência para o mercado europeu – cedem 0,81% para 196 euros por megawatt-hora.
Europa aponta para arranque no vermelho. Ásia perde gás
As principais bolsas europeias estão a apontar para um arranque de sessão em terreno negativo, depois de na terça-feira terem encerrado no vermelho, colocando fim a três sessões consecutivas de ganhos. Os futuros do Euro Stoxx 50 cedem 0,9%, um dia após terem sido divulgados os dados da inflação nos Estados Unidos.
O aumento dos preços no consumidor em agosto foi mais alto do que o previsto pelos analistas e reforçou a especulação de um aumento das taxas de juro em 100 pontos base ainda este mês.
Já na Ásia, o fecho da sessão foi pintado de vermelho, num dia marcado pela venda em massa de ações nas bolsas norte-americana e em que o Japão anunciou que poderá intervir no mercado monetário.
Pela China, o Shangai Composite caiu 0,80%, enquanto no Japão, o Nikkei cedeu 2,78%. Em Hong Kong, o Hang Seng perdeu 2,29% e, na Coreia do Sul, o Kospi recuou 1,56%.