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Fecho dos mercados: Turquia contamina mercados globais
Num dia de perdas generalizadas nas bolsas europeias, arrastadas pela crise turca, os títulos da dívida portuguesa subiram mais de oito pontos base para um máximo de quase dois meses. O ouro também não tem o melhor registo, descendo a mínimos de quase ano e meio.
Os mercados em números
PSI-20 desceu 1,62% para 5.537,21 pontos
Stoxx600 caiu 0,25% para 384,91 pontos
S&P 500 desvaloriza 0,09% para 2.830,70 pontos
Juros da dívida portuguesa a dez anos agravam 6,8 pontos base para os 1,846%
Euro recua 0,37% para 1,1371 dólares
Petróleo em Londres cai 0,27% para os 72,61 dólares por barril
Bolsas europeias tremem com Turquia
Na Europa, a tendência reinante foi de queda, com as principais praças a continuarem a ser arrastadas pela crise na Turquia, que não consegue travar a inflação nem apaziguar as relações com os Estados Unidos. O Stoxx 600 caiu 0,25% para os 384,91 pontos.
Uma vez mais, o sector da banca foi o mais castigado, apresentando perdas acima de 1%. Entre os bancos com pior desempenho na sessão estiveram o Unicredit e o BBVA, duas das instituições financeiras europeias com maior exposição à Turquia.
Por cá, o sector do papel foi o que mais pressionou a praça lisboeta, com especial destaque para a Navigator, que fechou a cair 7,74% para 4,602 euros [tendo chegado a afundar 18,20% durante a sessão]. O PSI-20 encerrou esta quarta-feira a ceder 1,62% para 5.537,21 pontos.
Juros de Itália disparam acima de 3%
Os juros da dívida italiana avançaram 10,8 pontos base para os 3,102%, mas chegaram a tocar os 3,93% durante a sessão, uma subida de 11,8 pontos base. Esta segunda-feira foi também dia de um agravamento dos juros da dívida portuguesa, tendência que se estendeu a todas as maturidades. No prazo de referência, a dez anos, a taxa fechou com um aumento de 6,8 pontos base para os 1,846%, e chegou mesmo a subir 8,9 pontos base durante a sessão, para 1,868% - um máximo de 28 de Junho. A Alemanha contrastou, com um alívio de 0,5 pontos base para os 0,311% nos juros das obrigações soberanas, colocando o prémio em relação à dívida portuguesa nos 153,5 pontos base.
Lira enfraquecida arrasta yuan
A lira turca atingiu um novo mínimo face ao dólar esta segunda-feira, com uma descida de 9,81% para os 0,14033 dólares. O banco central pôs em prática novas medidas para travar a queda da lira, como diminuir as reservas obrigatórias dos bancos, mas não foi suficiente e a moeda turca atingiu novos mínimos históricos.
A desvalorização da divisa turca tem vindo a afectar o desempenho das moedas das economias emergentes, como o peso mexicano ou o rand da África do Sul, mas estende-se agora a uma potência mais a leste: a China. O yuan está a cair 0,51% para os 6,8794 dólares, contrariando os esforços do banco central em abrandar a queda da divisa. Há menos de uma semana, o banco central chinês tornou mais caras as apostas contra o desempenho da moeda e alertou os grandes bancos para controlarem as quedas do yuan.
Por cá, o euro alinha na mesma trajectória, e recua 0,06% para os 1,1406 dólares.
Receios quanto à procura abalam petróleo
O barril de Brent, crude de referência para a Europa, começou a semana num registo mais negativo. Encontra-se a cair 0,27% para os 72,61 dólares por barril, mas já chegou a recuar 0,58% para os 72,39 dólares. O "irmão" West Texas Intermediate (WTI), negociado em Nova Iorque, já chegou a registar uma queda de 1,04% para os 66,93 dólares. A tendência descendente acontece numa altura em que a crise económica vivida na Turquia lança receios acerca da procura da matéria-prima. A pesar está ainda a força do dólar, que diminui o poder de compra das economias emergentes.
Ouro em mínimos de quase ano e meio
O ouro está a desvalorizar 1,15% para os 1.196,59 dólares por onça, muito perto dos mínimos de 10 de Março do ano passado, ou seja, de quase um ano e meio. Isto, depois de o metal amarelo ter registado o pior desempenho desde 2016 nos três meses que terminaram no passado mês de Junho. No que toca a activos de refúgio, a preferência dos investidores tem recaído sobre o dólar, numa altura em que a divisa atinge máximos de mais de um ano.