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Fecho dos mercados: Guerra comercial e Itália derrubam Europa pela segunda semana. Juros italianos disparam
A Europa conta a segunda semana consecutiva de quebras, numa altura em que a guerra comercial entre os Estados Unidos e China parece cada vez mais longe de dar tréguas. Mais perto, Itália preocupa com o surgimento de uma crise política, e os juros disparam perto de 30 pontos base.
Os mercados em números
PSI-20 desceu 1,38% para 4.859,04 pontos
Stoxx 600 recuou 0,84% para os 371,56 pontos
S&P500 cede 1,11% para os 2.905,62
Juros da dívida portuguesa a dez anos agravaram 3,9 pontos base para 0,280%
Euro sobe 0,19% para os 1,1201 dólares
Petróleo em Londres aprecia2,34% para os 58,72 dólares o barril
Europa cai pela segunda semana consecutiva
As bolsas europeias regressaram ao vermelho e várias das principais praças deslizaram mais de 1%, num dia em que a guerra comercial volta a provocar uma "sangria" nos mercados. Na Europa, o agregador das 600 maiores cotadas, o Stoxx600, recuou 0,84% para os 371,56 pontos, terminando a semana com um saldo negativo de 1,74%. Este registo sucede-se ao também negativo da semana passada, na qual as perdas acumuladas ascenderam aos 3,22%.
A última sessão da semana ficou marcada pela noticia, avançada pela Bloomberg, de que a Casa Branca está a adiar uma decisão para conceder licenças a empresas americanas para retomarem os negócios com a Huawei. Paralelamente, o presidente norte-americano declarou que os Estados Unidos "não estão preparados" para assinar um acordo comercial com a China. Estas informações preocupam na medida em que podem representar um escalar das tensões entre Washington e Pequim.
Ao nível estritamente europeu, os dados económicos negativos – a primeira contração da economia britânica em mais de seis anos e a maior quebra em três anos das exportações alemãs – também preocupam. Mais a sul, o abalo tem epicentro em Itália, depois de Matteo Salvini ter anunciado uma rutura da coligação que sustenta o Governo, provocando eleições.
Em Lisboa, o PSI-20 desceu 1,38% para 4.859,04 pontos, penalizado sobretudo pelo BCP, num dia em que o banco apresentou uma quebra de quase 5%, um novo mínimo de setembro de 2017.
Juros italianos disparam quase 30 pontos base
As taxas de juro a dez anos de Itália dispararam 27,2 pontos base para os 1,804%, no rescaldo do anúncio de que a coligação governamental vai ter um fim, pelo que serão necessárias eleições antecipadas para restituir a ordem política em Itália.
A "yield" da dívida portugeusa com a mesma maturidade fechou a avançar 3,9 pontos base para 0,280%, no dia em que se espera que a Moody’s se pronuncie sobre o rating do país e melhore a perspetiva para Portugal. Já quanto à nota de rating, os economistas antecipam uma manutenção. Apesar de esta ser a segunda sessão consecutiva de agravamento da taxa remuneratória, os juros da dívida portuguesa fecham esta sexta-feira a quarta semana consecutiva de quebras.
Libra cai para mínimo de quase dois anos
A moeda britânica recuou para níveis de 29 de agosto de 2017, depois de o país ter divulgado dados do segundo trimestre, os quais registam a primeira contração da economia em mais de seis anos. A moeda segue a desvalorizar 0,66% para os 1,0782 euros, tendo descido aos 1,0764 euros, o mínimo da sessão. A contribuir para o pessimismo está o crescente receio de que o Reino Unido abandone a União Europeia sem um acordo.
No bloco, o euro sobe 0,19% para os 1,1201 dólares, apesar de o presidente Donald Trump ter vindo dizer que não considera necessária a desvalorização da divisa americana para pressionar a China no âmbito da guerra comercial. Isto, apesar de nos últimos dois dias ter tecido críticas à Fed, através da conta Twitter, por não cortar com mais vigor e mais rapidamente a taxa de juro diretora, o que teria como consequência a quebra do dólar.
Petróleo volta a valorizar mais de 2%
As cotações de petróleo voltam a valorizar expressivamente pela segunda sessão consecutiva. O barril do Brent, negociado em Londres e referência para Portugal, segue com ganhos de 2,34% para os 58,72 dólares, já tendo tocado nos 59,10 dólares durante a sessão. O "irmão" West Texas Intermediate, negociado em Nova Iorque, já esteve a valorizar acima dos 4% e segue com ganhos na ordem dos 3,5%.
A notícia, divulgada ontem, de que a Arábia Saudita já contactou aliados no sentido de travar as quedas do preço da matéria-prima dá ânimo aos investidores e abafa os dados negativos divulgados esta sexta-feira, 9 de agosto, pela Agência Internacional de Energia (AIE).
A AIE cortou as previsões que tinha para o aumento da procura por petróleo para o presente ano, numa altura em que as tensões comerciais pesam nas perspetivas de crescimento da economia mundial.
Ouro conta segunda semana de ganhos
O ouro está a subir 0,28% para 1.505,13 dólares. O metal precioso conta desta forma a segunda semana no verde: o conjunto dos últimos cinco dias traduz-se numa acumulação de ganhos de 4,24%, quando na semana anterior o registo foi de um avanço 1,55%. O ouro tem beneficiado do estatuto de ativo refúgio numa altura de elevada incerteza geopolítica.