Notícia
Bolsas sobem e petróleo recupera de mínimos de 21 anos com WTI a disparar 25%. Juros de Portugal acima de 1,2%
Acompanhe o dia nos mercados, minuto a minuto.
- Petróleo de Londres no valor mais baixo desde 1999
- Futuros da Europa em alta após sessão mista na Ásia
- Bolsas voltam aos ganhos após queda de 3,5%
- Juros de Portugal acima de 1,2% em dia de leilão de longo prazo
- Ouro volta a aproximar-se dos 1.700 dólares
- Dólar recua de máximos de duas semanas
- Wall Street ganha força ao ritmo de apoios económicos e resultados
- EDP e Nos impulsionam subida de mais de 1,5% do PSI-20
- Euro recua pela terceira sessão para mínimo de duas semanas
- Preços do petróleo recuperam depois de mínimos de 21 anos
- Bolsas europeias recuperam vigor
- Juros de Portugal sobem acima dos 1,2% em dia de duplo leilão
- Wall Street ganha força com ajuda da energia e das tecnologias
O petróleo continua a sua rota descendente nos mercados internacionais. Em Londres, o Brent caiu para o valor mais baixo dos últimos 21 anos, acompanhando o colapso que levou o crude de Nova Iorque para valores negativos nos últimos dias pela primeira vez na história.
Os futuros do Brent para entrega em junho estão a desvalorizar 15,57% para 16,32 dólares, depois de terem chegado a afundar um máximo de 17,33% para 15,98 dólares, o valor mais baixo desde 1999.
Já o West Texas Intermediate (WTI) cai 6,05% para 10,83 dólares, depois de ter atingido na segunda-feira os 40 dólares negativos, com os investidores a recearem que este movimento descendente só vai piorar.
Com a procura global esmagada pelos bloqueios económicos impostos pela pandemia do novo coronavírus, as preocupações de que o petróleo sobrecarregue a capacidade de armazenamento provocaram um forte movimento de vendas, que se prolonga hoje.
Os ministros do petróleo da OPEP + realizaram uma teleconferência na terça-feira para discutir a situação, embora a declaração final sinalize que não estabeleceram nenhuma nova medida. A aliança concordou em reduzir a produção em cerca de 10 milhões de barris por dia no início deste mês, mas os cortes não começarão até maio. Mesmo assim, não serão suficientes para equilibrar a destruição da procura, que pode chegar a 30 milhões de barris por dia.
As bolsas europeias devem abrir em alta e os futuros de Wall Street estão também em terreno negativo, depois das praças asiáticas terem registado uma sessão mista e com fracas oscilações.
A queda acentuada do petróleo continua a condicionar a negociação das bolsas, numa altura em que os resultados de algumas empresas não têm sido tão negativos como o esperado e há mais países a aliviar as restrições devido ao abrandamento da pandemia da covid-19.
A Netflix disparou após o fecho da sessão regulamentar depois de ter anunciado que o número de novos subscritores quase duplicou as estimativas e a farmacêutica Roche estimou que vai fechar 2020 com lucros.
A animar os investidores está também o acordo alcançado entre a Casa Branca e o Congresso para um novo pacote de estímulos à economia norte-americana.
Os futuros sobre o S&P500 somam 0,8% e os futuros sobre o Euro Stoxx 50 avançam 0,9%. As bolsas norte-americanas e europeias fecharam ontem em queda acentuada, refletindo sobretudo o colapso nos preços do petróleo.
Na Ásia o japonês Topix avançou 0,9%, o Hang Seng de Hong Kong ganhou 0,2% e o Kospi da Coreia do Sul avançou 0,3%.
As bolsas europeias estão a negociar em alta esta quarta-feira, depois de terem perdido quase 3,5% na sessão de ontem, um dia marcado pela forte aversão ao risco por parte dos investidores.
Nesta altura, o índice de referência para a Europa, o Stoxx600, valoriza 0,89% para 327,21 pontos, animados pelas ajudas dos Estados Unidos à economia e alguns resultados de empresas relativos ao primeiro trimestre deste ano.
Com o petróleo em rota descendente e a penalizar o desempenho das empresas do setor da energia, são os ganhos das tecnológicas e do setor das telecomunicações que estão a impulsionar as bolsas.
A Netflix anunciou ontem que ganhou quase o dobro dos subscritores que previa no primeiro trimestre do ano, enquanto a Roche admitiu que ainda espera lucros este ano.
Por outro lado, o Senado aprovou ontem um pacote de ajudas de 484 mil milhões de dólares, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, garantiu que o governo está a trabalhar num plano para apoiar o setor petrolífero, de forma a evitar a perda de empregos decorrente do colapso nesta indústria.
Por cá, o PSI-20 acompanha a tendência positiva dos congéneres europeus, com uma subida de 0,48% para 4.055,36 pontos.
Os juros da dívida pública portuguesa estão a subir esta quarta-feira, dia em que o IGCP vai regressar ao mercado para um leilão de dívida de longo prazo.
No prazo a dez anos, o agravamento é de 9,9 pontos base para 1,243%, o valor mais alto desde 18 de março.
O IGCP vai realizar esta manhã dois leilões, a seis e dez anos, com os quais pretende arrecadar entre 750 milhões e mil milhões de euros, sendo que os custos deverão subir face às anteriores operações comparáveis.
Em Espanha, a tendência é semelhante, com os juros das obrigações a dez anos a avançarem 11,3 pontos para 1,107%, enquanto em Itália a yield desliza 0,7 pontos para 2,143%.
Na Alemanha, os juros sobem 2,1 pontos para -0,461%.
Depois de ter desvalorizado cerca de 0,5% na sessão de ontem, o ouro está de regresso aos ganhos, com uma subida de 0,63% para 1.696,86 dólares por onça.
O metal precioso continua a beneficiar do seu valor de ativo de refúgio, numa altura em que o mercado continua-a ser abalado pelos receios em torno do impacto global da pandemia do novo coronavírus, a que se junta o colapso dos preços do petróleo, que chegaram a valores negativos, na segunda-feira, pela primeira vez na história.
O ouro já sobe praticamente 12% desde o início do ano, e há vários especialistas a anteciparem que ainda terá muita margem para valorizar.
A prata, por seu lado, desce 0,12% para 14,8669 dólares.
A divisa dos Estados Unidos, a moeda de reserva mundial, tem servido de ativo de refúgio aos investidores e valorizado face a um cabaz com as principais congéneres mundiais.
Essa série de ganhos, impulsionados pela instabilidade vivida nos mercados devido á pandemia do novo coronavírus, levou a moeda norte-americana para o nível mais alto em duas semanas, na última sessão.
Hoje, o dólar alivia dessas subidas recentes, com um deslize ligeiro de 0,15%.
Já a moeda única europeia cai 0,04% para 1,0854 dólares.
Por esta altura, o Dow Jones ganha 1,80% para os 23.434,27 pontos, enquanto que o S&P 500 valoriza 1,76% para os 2.784,77 pontos. O tecnológico Nasdaq avança 1,88% para os 8.418,94 pontos.
A dar força ao sentimento de Wall Street está também a recuperação em bolsa de algumas empresas do setor energético, depois das avolumadas quedas das últimas sessões, à boleia da derrocada nos preços do petróleo. Empresas como a Exxon Mobil e a Chevron valorizam hoje na casa dos 3%.
Os estímulos económicos anunciados pela Reserva Federal dos Estados Unidos e pelo Governo do país ajudaram os índices norte-americanos a recuperarem dos mínimos tocados a 23 de março. Ontem, foi aprovado no Senado um novo pacote de ajuda no valor de 484 mil milhões de dólares destinado a apoiar pequenas empresas.
Apesar da recuperação dos índices de Wall Street, o S&P 500, por exemplo, continua ainda a negociar 19% abaixo dos máximos históricos obtidos no final de fevereiro deste ano, com o prolongado "lockdown" a impactar muitos setores da economia norte-americana e a levar algumas empresas ao colapso.
Os pedidos de subsídio de desemprego nos Estados Unidos deverão subir 5,5 milhões relativos à última semana, enquanto que a leitura de abril para a atividade industrial deve cair para níveis da crise financeira de 2008. Ambos os dados serão divulgados amanhã.
Entre as empresas, destaca-se a Netflix que tem beneficiado com as restrições de circulação impostas em grande parte dos países do mundo, tendo mesmo anunciado um aumento de subscritores de serviço de "streaming" para o dobro no primeiro trimestre deste ano. Contudo as ações vão escorregando ligeiramente, com a hipótese de o levantamento dessas restrições surgir em breve.
A Delta Air Lines anunciou a sua primeira queda no lucro em termos trimestrais dos últimos nove anos, mas as suas ações estão a ganhar mais de 3%, depois de a empresa ter dito que iria beneficiar com o combustível mais barato e com as medidas que aplicou para reduzir despesas.
Depois da grande depressão dos preços do petróleo no dia de ontem, hoje os dois ativos (Brent e WTI) seguem a sua marcha de recuperação, animando também o setor de energia na Europa.
Por cá, a bolsa nacional fechou o dia com 12 cotadas a valorizar e seis a negociar em território negativo. Um dos destaques vai para a EDP, com a empresa liderada por António Mexia a valorizar 2,62% para os 3,797 euros por ação.
No setor das telecomunicações, a Nos foi outra das empresas que encabeçou a lista de maiores ganhos do dia, com uma valorização de 2,75% para os 3,368 euros por ação.
Apesar do maior apetite dos investidores pelos ativos de maior risco, o dólar continua a ganhar força face às principais moedas, com o índice do dólar a avançar 0,2% para máximos de duas semanas. Em sentido inverso, o euro regista hoje a terceira sessão no vermelho e ja atingiu um mínimo de duas semanas, cedendo 0,25% para 1,0831 dólares. A libra e o iene também perdem terreno para o dólar.
O indicador de confiança dos consumidores caiu a pique, em abril, na zona euro e na União Europeia (UE), revelam estimativas hoje divulgadas pela Comissão Europeia, que apontam "mínimos históricos" e semelhantes aos da crise de 2009.
Os preços do "ouro negro" seguem em terreno positivo, a recuperar das fortes quedas de segunda e terça-feira e das perdas ainda sentidas esta manhã.
O Brent do Mar do Norte, negociado em Londres e referência para as importações portuguesas, segue a ganhar 4,04% para 20,11 dólares por barril, depois de ter estado a cair 17% de manhã, no seu mais baixo nível desde 1999.
Em Nova Iorque o West Texas Intermediate (WTI), "benchmark" para os Estados Unidos, está a disparar 24,55% para 14,41 dólares por barril, num movimento de correção depois de na segunda-feira ter negociado em valores negativos pela primeira vez na sua história e de ontem ainda ter permanecido nesse território antes de recuperar para a casa dos 5 dólares.
A volatilidade tem estado a disparar, devido aos receios de que a capacidade de armazenamento de crude se esgote, numa altura em que a procura diminuiu drasticamente devido às medidas de confinamento a nível mundial.
A Vopak, maior empresa independente de armazenamento de barris de crude a nível mundial, disse ontem que os seus tanques estão praticamente cheios. E em Cushing (Oklahoma) – onde o WTI é armazenado – já só há espaço para mais 21 milhões de barris e deverá ficar esgotado em maio.
Mas hoje os investidores mostraram-se mais animados perante a perspetiva de uma maior retirada de petróleo dos mercados.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e aliados (o chamado grupo OPEP+) vão implementar a partir de 1 de maio um corte de produção de 9,7 milhões de barris por dia. Apesar de ser uma redução histórica, não é suficiente para colmatar a queda da procura, que é da ordem dos 30 milhões de barris diários.
Vários membros da aliança OPEP+ analisaram ontem em videoconferência o crash dos preços do crude, mas alguns membros-chave, como a Arábia Saudita e a Rússia, não participaram.
Uma fonte do setor disse à Reuters que é "lógico" esperar que as forças de mercado forcem maiores cortes por parte dos produtores da OPEP+.
Segundo as estimativas de Jim Burkhard, da IHS Markit, é possível que sejam retirados do mercado 17 milhões de barris por dia nesta primavera se tivermos em conta os cortes já anunciados e outras suspensões de produção – devido aos baixos preços, que não permitem margens operacionais viáveis.
As praças do Velho Continente encerraram em terreno positivo, animadas pela retoma dos preços do petróleo e pela flexibilização das medidas de confinamento numa altura em que os novos casos de covid-19 estão a desacelerar em muitos países.
O Stoxx 600, índice que reúne as 600 maiores cotadas na região, fechou a somar 1,80% para os 330,14 pontos, depois de ontem ter caído mais de 3%.
A maioria das praças da Europa Ocidental acompanhou o movimento de subida com ganhos acima de 1% - com as bolsas de Amesterdão e Londres a valorizarem mais de 2%.
Apesar do abrandamento na propagação do coronavírus e do aliviar das medidas de restrição nalguns países, o fraco panorama para os resultados das cotadas continua a preocupar, pelo que os investidores preferiram refugiar-se em ações mais estáveis – como as dos setores do imobiliário e telecomunicações – num contexto de alta volatilidade.
Mas durante a sessão essa subida chegou a ser superior a 16 pontos base, tocando nos 1,315%. Este valor aproxima-se do máximo de um ano atingido a meio do "sell-off" que atingiu os mercados no mês passado, quando os juros nacionais a dez anos estavam fixados acima dos 1,4%.
Hoje, o IGCP, instituto que gere a dívida pública portuguesa, realizou um duplo leilão de dívida a 6 e 10 anos, tendo suportado taxas de juro mais elevadas do que nas emissões comparáveis anteriores, reflexo do impacto da pandemia no mercado de obrigações soberanas. No total, Portugal colocou 1.016 milhões de euros, acima dos 1.000 milhões previstos, com a taxa de juro a dez anos a superar a barreira de 1%.
No resto da Zona Euro, o movimento foi semelhante com exceção para Itália, uma vez que os juros transalpinos aproveitaram a sessão de hoje para respirar e caíram 7,7 pontos base para os 2,73%. Um movimento que os operadores explicam com a intervenção do BCE.
Os juros da Alemanha, que serve de referência para o bloco, subiram 6,9 pontos base para os -0,412%, no dia em que o governo estimou um défice acima de 7% este ano.
As bolsas do outro lado do Atlântico recuperaram na sessão desta quarta-feira, com a subida dos preços do petróleo a animar as cotadas do setor. As tecnológicas também deram uma ajuda, bem como os novos estímulos económicos.
O Dow Jones fechou a somar 1,99% para 23.475,82 pontos e o o Standard & Poor’s 500 avançou 2,29% para 2.799,31 pontos.
Já o tecnológico Nasdaq Composite ganhou 2,81% para se fixar nos 8.495,38 pontos.
Os três grandes índices de Wall Street regressaram assim a terreno positivo, depois de ontem terem registado a pior sessão desde 1 de abril.
O sentimento dos investidores recebeu um impulso com as medidas adicionais de estímulo à economia aprovadas pelo Senado norte-americano.
Por setores, a impulsionar a tendência estiveram sobretudo as cotadas da energia, num dia em que os preços do petróleo conseguiram recuperar e voltar a negociar no verde.
Também as tecnológicas contribuíram para o movimento de subida, com destaque para a Apple, Google e Microsoft.