Europa recupera com setor da energia em alta, mas tecnologia em queda

As ações europeias recuperarem na sessão desta quarta-feira, depois da queda registada na sessão de ontem, com os resultados das empresas a ofuscarem a subida da inflação nos EUA, que levou Wall Street ao tapete. 

O Stoxx 600 - índice que agrupa as maiores empresas da Europa - ganhou 0,3% , tendo chegado a valorizar quase 1%. 

A inflação (o Consumer Price Index) nos EUA escalou para os 4,2% em abril deste ano, em termos homólogos, face aos 2,6% registados em março, o que representa a escalada mais rápida dos últimos 13 anos, com os preços da energia a fazerem disparar o índice geral, de acordo com o departamento do Trabalho do país.

O valor atingido em abril deste ano supera as estimativas da maioria dos analistas que apontavam para uma aumento para os 3,6%. Excluindo os preços de energia, o índice teria subido 3%, face ao mesmo período do ano anterior.

Entre os setores, a energia destacou-se na Europa com um ganho de cerca de 2%, à boleia da subida dos preços do petróleo . 

Em sentido contrário esteve o setor de tecnologia, com as ações a serem prejudicadas pelos dados da inflação nos EUA.

Juros da dívida portuguesa renovam máximos de 11 meses

Os juros da dívida portuguesa a 10 anos subiram esta quarta-feira para um novo máximo desde junho do ano passado, superando assim os valores de terça-feira que eram já os mais elevados dos últimos 11 meses. 

A yield das obrigações do Tesouro a 10 anos avança 3,6 pontos base para os 0,571%. A variação é idêntica à dos juros alemães, que avançam 3,7 pontos base na mesma maturidade, para -0,126% (um máximo de mais de um ano).

O aumento das taxas de juro da dívida soberana é global e surge também em reação à taxa de inflação avançada esta quarta-feira nos Estados Unidos, que coloca pressão junto dos bancos centrais para apertarem a política monetária.

O índice de preços no consumidor subiu 0,8% em abril e a inflação homóloga disparou para 4,2%, o que representa a escalada mais rápida desde 2009.

A subida dos juros da dívida portuguesa acontece no dia em que o IGCP pagou a taxa de juro mais elevada desde junho para emitir dívida a 10 anos.

Petróleo perto de máximos de dois anos com perspetiva de maior procura

O "ouro negro" segue em alta, com o Brent a caminho do seu mais elevado nível de fecho em quase dois anos, devido aos sinais de uma rápida retoma económica e de previsões otimistas para a procura por energia.

O West Texas Intermediate (WTI), "benchmark" para os Estados Unidos, para entrega em junho sobe 1,76% para 66,43 dólares por barril.

Já o contrato de julho do Brent do Mar do Norte, crude negociado em Londres e referência para as importações europeias, soma 1,87% para 69,83 dólares.

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) manteve ontem a sua estimativa de uma maior procura pela matéria-prima no segundo semestre deste ano, o que continua a animar os investidores.

Neste segundo trimestre, o consumo tem estado a ser abalado pelos confinamentos na Índia, que é o terceiro maior importador mundial de petróleo.

"O preço do petróleo está a revelar-se resistente aos atuais impulsionadores do mercado. Os investidores, que ainda receiam os riscos de inflação, apostam numa maior recuperação da procura", sublinha Carlo Alberto de Casa, analista chefe da ActivTrades, na sua análise diária.

"A combinação destes dois fatores, juntamente com os dados dos Estados Unidos relativos aos inventários de petróleo, publicados pelo Instituto Americano do Petróleo, que revelam um declínio na oferta, estão a criar conduções favoráveis para o preço do chamado ouro negro, levando o WTI para perto da sua zona de resistência situada nos 66-66,5 dólarespor barril", acrescenta.

Inflação alimenta preço do dólar

O euro está a perder força esta quarta-feira ao registar uma queda de 0,54% para os 1,2083 dólares.

Também aqui a inflação americana está a causar estragos. A variação dos preços é a maior desde 2009 e, apesar de o vice-diretor da Reserva Federal americana, Richard Clarida, defender que a inflação se deve sobretudo a "forças transitórias", é provável que o dólar continue a superar as outras moedas. Tal deverá acontecer enquanto os Estados Unidos prolongarem os seus programas de estímulos económicos e os títulos do tesouro americano registarem variações superiores às dos outros países.

Ouro a cair pela primeira vez em seis sessões

A inflação de 0,8% anunciada esta quarta-feira nos Estados Unidos, superior à esperada, está a atirar o ouro para uma queda de 0,64% - a primeira nas últimas seis sessões. O ouro estava cotado a 1.825,21 dólares por onça às 16:06 de quarta-feira.

Face ao comportamento do índice de preços nos consumidores (IPC) americanos é expectável que a Reserva Federal aperte a política monetária antes do previsto, o que prejudicaria directamente o ouro, que beneficia sempre que o dólar perde terreno.

Wall Street recua perante maior avanço da inflação em 13 anos

Os três maiores índices dos Estados Unidos abriram a sessão desta quarta-feira a desvalorizar, depois de os números referentes à inflação terem sido acima do esperado pelos analistas, agravando os receios sobre um possível recuo dos estímulos monetários.

Por esta altura, o Dow Jones perde 0,30% para os 34.166,83 pontos, o S&P 500 derrapa 0,59% para os 4.128,96 pontos e o tecnológico Nasdaq Composite lidera as quedas com uma desvalorização de 1,07% para os 13.246,29 pontos.

A inflação (o Consumer Price Index) escalou para os 4,2% em abril deste ano, em termos homólogos, face aos 2,6% registados em março, o que representa a escalada mais rápida dos últimos 13 anos, com os preços da energia a fazerem disparar o índice geral, de acordo com o departamento do Trabalho do país.

O valor atingido em abril deste ano supera as estimativas da maioria dos analistas que apontavam para uma aumento para os 3,6%. Excluindo os preços de energia, o índice teria subido 3%, face ao mesmo período do ano anterior.

Este segmento anotou uma escalada de 25%, em termos homólogos, incluindo um disparo de 49,6% na gasolina e uma subida de 37,3% no petróleo. 

Em termos mensais, o índice geral da inflação subiu 0,8% em abril, face aos 0,6% registados em março.

Uma subida deste indicador, que vinha a ser temida pelos mercados, poderá significar um recuo da postura acomodaticia da Reserva Federal dos EUA, incluindo um aumento de taxas de juro já este ano, de acordo com as estimativas. 

Mas um cenário de taxas de juro mais elevadas não está a ser mal digerido por todos os setores. A banca norte-americana, que beneficia com os juros mais elevados, está a valorizar no início desta sessão em Wall Street. 

Os grandes bancos como o Bank of America, o Citigroup, o JPMorgan Chase, o Goldman Sachs, o Wells Fargo e o Morgan Stanley estão a valorizar cera de 1%.

Já as grandes empresas de tecnologia, o Facebook, a Amazon, a Apple, a Netflix, a Alphabet, a Microsoft e a Tesla estão a cair em torno dos 0,5%.

Bolsas europeias recuperam de maior tombo do ano

As bolsas europeias estão a negociar em terreno positivo, recuperando da maior queda do ano que sofreram na véspera. O Stoxx600, que ontem caiu mais de 2%, segue a valorizar 0,49% a 438,75 pontos, numa altura em que os futuros do S&P500 estão também em alta.

O mercado aguarda agora o relatório da inflação dos Estados Unidos referente a abril, para confirmar se têm razão de ser as preocupações dos investidores com o possível disparo dos preços à boleia da recuperação da economia global.

As bolsas europeias estão a ser impulsionadas sobretudo pelas cotadas do setor mineiro, que beneficiam com a tendência de alta das matérias-primas. A Diaego destaca-se com uma valorização de 3,11% na bolsa de Londres depois da maior fabricante de bebidas destiladas do mundo ter estimado uma subida dos resultados.

Os dados revelados hoje sobre a economia britânica também estão a suportar a tendência de alta das bolsas. A economia do Reino Unido contraiu 1,5% no primeiro trimestre de 2021, superando as expectativas dos analistas, que apontavam para uma contração de 1,7% no arranque do ano.

Dólar avança com investidores à espera de resultados sobre o índice de preços no consumidor nos EUA

O dólar está a valorizar nesta sessão, com o índice que mede o desempenho desta divisa perante um cabaz composto por outras moedas a avançar 0,16%. A nota verde ganha terreno, com os investidores ainda à espera de dados sobre o índice de preços no consumidor relativos aos EUA no mês de abril. 

Na Europa, a moeda única da União Europeia valoriza 0,12%, para os 1,2133 dólares. Ainda no velho continente, a libra esterlina deprecia ligeiramente, recuando 0,06% para os 1,4133 dólares. Na sessão desta terça-feira, a moeda britânica ultrapassou os 1,4182 dólares.

Recuperação do dólar faz ouro recuar ligeiramente

O ouro está a depreciar ligeiramente, desvalorizando 0,27% para os 1.832,51 dólares a onça. 

A ligeira recuperação do dólar nesta sessão, com os investidores ainda à espera da revelação de dados do índice de preços no consumidor nos EUA em abril, está a fazer deslizar o preço do ouro. 

Na sessão desta terça-feira, o ouro encerrou em alta, ao apreciar 0,08% para os 1.837,47 dólares a onça. 

Petróleo avança após desenvolvimentos na Colonial Pipeline

O preço do petróleo está a subir na sessão desta quarta-feira, após as notícias de que a Colonial Pipeline enviou trabalhadores para as instalações, com o objetivo de libertar manualmente uma parte da produção, indica a Reuters. Há seis dias que o maior oleoduto de produtos derivados de petróleo dos EUA foi alvo de um ataque informático, que paralisou o fornecimento destes produtos. 

O crude está a subir 0,78%, para os 65,79 dólares por barril. Já o Brent, que é negociado em Londres e serve de referência a Portugal, está também a subir, apreciando 0,74% para os 69,06 dólares por barril. 

A paralisação da Colonial Pipeline está a deixar os investidores atentos a novos desenvolvimentos, devido à disrupção que este ataque informático trouxe ao setor energético nos Estados Unidos. Esta quarta-feira será conhecido um novo ponto de situação sobre o oleoduto. No entanto, mesmo que as operações sejam retomadas, serão precisos "vários dias" para que os abastecimentos voltem à normalidade, indicou a secretária da Energia dos EUA, Jennifer Granholm. 

Bolsas em queda à espera da inflação dos EUA. Taiwan afundou 8%

Os mercados acionistas europeus devem manter a toada negativa da véspera, dia em que o Stoxx600 sofreu uma queda acima de 2%, que foi a mais violenta deste ano.

A subida da inflação continua a assustar o investidores, pelo que as expetativas estão agora centradas nos números de abril nos EUA, que serão divulgados esta quarta-feira. As estimativas dos economistas aponta para que o índice de preços no consumidor tenha mantido a tendência de subida, validando a tese de que a alta dos preços pode ameaçar a retoma da maior economia do mundo.

Na sessão asiática a sessão foi sobretudo negativa, com o índice a bolsa de Taiwan a afundar mais de 8% devido à queda acentuada do setor tecnológico, que tem forte peso neste mercado, bem como às restrições que estão a ser impostas para travar a pandemia da covid-19 na região. Em Tóquio o Topix recuou 1,5%, mas o mercado chinês conseguiu fechar em leve alta devido às notícias de que a Xiaomi e o governo norte-americano chegaram a acordo.

Os futuros do Eurostoxx 50, principal barómetro para a abertura das bolsas europeias, caem 0,5% e os futuros sobre o norte-americano S&P500 recuam 0,6%. 

"A inflação é um assunto que está na mente de todos neste momento e está a injetar muita incerteza", refere Peter Langas, estratega chefe de portefólio da Bessemer Trust, citado pela Dow Jones. "Os problemas com a cadeia de fornecimento foram subvalorizados", diz Christopher Harvey, diretor de estratégia de ações da Wells Fargo Securities. "Parece que os nomes sensíveis economicamente estão a ser penalizados em ligação a estes assuntos."