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Europa recua pressionada por inflação nos EUA. Petróleo sobe e "efeito Draghi" leva juros de Itália a mínimos
Acompanhe aqui o dia nos mercados.
Europa volta a recuar perante inflação nos EUA
A Europa terminou o dia dos mercados pintada de vermelho, numa altura em que os mercados são pressionados pelos números da inflação nos Estados Unidos.
O índice geral de preços no consumidor (IPC) subiu 0,3% face ao mês anterior e 1,4% face ao mesmo mês do ano passado. Apesar dos números moderados de janeiro, as pressões sobre os preços devem aumentar nos próximos meses, como reflexo das expectativas de que o Congresso aprovará outro grande pacote de ajudas e de uma aceleração na procura à medida que mais pessoas forem vacinadas contra o coronavírus.
"O mercado acionista viu um rally forte ao longo dos últimos seis dias, então penso que está só a usar os dados da inflação como desculpa para respirar", afirma um dos estrategistas do Miller Tabak.
A subida da inflação, nos EUA e outras economias, vai pressionar os bancos centrais a aliviar o forte pacote de estímulos monetários que têm implementado para contrariar os efeitos da pandemia na economia. Daí que a evolução em alta dos preços esteja a ser mal recebida nos mercados, apesar de para já a tendência ser benigna.
O índice que agrega as 600 maiores cotadas da Europa, o Stoxx 600, voltou a cair, pela segunda sessão consecutiva, apresentando uma quebra de 0,23% para os 409,47 pontos.
As principais praças europeias concordaram, na sua maioria, com o registo negativo, embora apenas Frankfurt tenha ultrapassado perdas de 0,5%. Lisboa, Madrid, Paris, Londres e Milão ficaram abaixo desta fasquia.
Crude em máximos de um ano com quebra de reservas e manutenção de política da OPEP
O preço do petróleo continua em alta nos mercados internacionais. Em Londres, o Brent do Mar do Norte, usado como valor de referência para as importações nacionais, valoriza 0,70% para 61,52 dólares por barril na nona sessão consecutiva a acumular ganhos. Esta quarta-feira tocou mesmo nos 61,61 dólares por barril, a maior cotação desde janeiro do ano passado.
Também o West Texas Intermediate (WTI), que é transacionado em Nova Iorque, está a somar 0,60% para 58,71 dólares por barril, estando a apreciar pelo oitavo dia seguido e, tal como o Brent, em máximos de janeiro de 2020.
A quebra nas reservas petrolíferas norte-americanas e a garantia de continuação da política de corte à produção por parte da OPEP (organização dos países exportadores de petróleo) estão a impulsionar o preço do chamado ouro negro.
Nos Estados Unidos, um relatório do governo mostra que as reservas americanas recuaram 6,6 milhões de barris na semana passada para o menor valor desde março de 2020.
Por outro lado, as autoridades do Iraque vieram entretanto garantir que, no encontro previsto para o próximo mês, a OPEP e seus aliados (OPEP+) vão manter em vigor os cortes à produção como forma de potenciar a valorização do crude.
Juros de Itália registam novo mínimo histórico com "efeito Draghi"
Os juros das dívidas públicas transacionam sem tendência definida na Zona Euro. No caso da dívida italiana, a "yield" associada às obrigações com prazo a 10 anos cai 2 pontos base para 0,492%. No entanto, esta quinta-feira a "yield" transalpina naquela maturidade chegou a recuar para 0,488%, o que representa um novo mínimo histórico.
A possibilidade de Mario Draghi chefiar um governo de emergência nacional continua a reforçar a confiança dos investidores, que assim baixam a contrapartida exigida para comparem dívida transalpina no mercado secundário. O ex-presidente do Banco Central Europeu reúne-se hoje com a concertação social na procura de apoios à formação de um novo governo.
Também a taxa de juro referente à dívida alemã a 10 anos segue em queda, com a "yield" a aliviar 0,3 pontos base para -0,451%.
Em sentido oposto, os juros das dívidas de Portugal e Espanha prolongam a série de agravamentos, estando, em ambos os casos, a subirem pela quarta sessão seguida.
As "yields" relativas aos títulos soberanos portugueses e espanhóis sobem respetivamente 1,2 e 0,6 pontos base para 0,070% e 0,133%, sendo que a taxa de juro lusa negoceia em máximos de 22 de janeiro.
Ouro continua em alta e platina em máximos de 6 anos
O metal preciso dourado está a apreciar 0,33% nos mercados internacionais para negociar nos 1.844,36 dólares por onça, uma cotação que coloca o ouro em máximos de 2 de fevereiro.
A queda do valor das principais dívidas soberanas e a desvalorização do dólar conjugam-se hoje para impulsionarem o valor do ouro, que segue assim a valorizar pelo quarto dia consecutivo.
Já a platina valoriza para negociar acima dos 1,200 dólares por onça e tocar em máximos de seis anos. A expectativa de menor procura e de reforço do investimento global estão a contribuir para a valorização deste metal.
Euro prolonga subida contra o dólar
O euro segue a apreciar 0,15% nos mercados cambiais contra o dólar para negociar nos 1,2137 dólares, tendo assim hoje renovado o máximo de 1 de fevereiro contra a divisa norte-americana já ontem registado.
Pelo seu lado, o dólar deprecia pelo quarto dia consecutivo para transacionar em mínimos de 27 de janeiro face a um cabaz composto pelas principais moedas internacionais e que é medido por um índice da Bloomberg.
A perspetiva reforçada de que a nova administração americana, liderada pelo democrata Joe Biden, conseguirá colocar no terreno um robusto plano expansionista de resposta à crise sanitária tem vindo a contribuir para elevar a pressão sobre o dólar.
Bolsas dos EUA batem novos recordes
Os principais índices dos Estados Unidos abriram em alta esta quarta-feira, marcando novos máximos, depois de ter sido revelado que o crescimento dos preços no país ficou inalterado em janeiro pelo segundo mês consecutivo.
O índice industrial Dow Jones sobe 0,32% para 31.477,31 pontos, enquanto o tecnológico Nasdaq avança 0,5% para 14.078,57 pontos. O S&P500 valoriza 0,39% para 3.926,52 pontos.
A chamada inflação core, que exclui os preços mais voláteis da alimentação e energia, fixou-se em 1,4%. Já o índice geral de preços no consumidor (IPC) subiu 0,3% face ao mês anterior e 1,4% face ao mesmo mês do ano passado.
Os dados do Índice de Preços no Consumidor são parte de um debate que se está a intensificar nos mercados financeiros sobre o rumo da inflação. Apesar dos números moderados de janeiro, as pressões sobre os preços devem aumentar nos próximos meses, como reflexo das expectativas de que o Congresso aprovará outro grande pacote de ajudas e de uma aceleração na procura à medida que mais pessoas forem vacinadas contra o coronavírus.
Entre as empresas, destaque para o Twitter, que dispara 10,21% para 65,98 dólares depois de ter revelado que as suas receitas ascenderam a 1,29 mil milhões de dólares no quarto trimestre do ano, um aumento de 28% face ao mesmo período do ano precedente e ligeiramente acima do valor médio estimado pelos analistas: 1,19 mil milhões de dólares.
Europa dividida após novo recorde nas ações mundiais
Depois de um início de sessão positivo, as bolsas europeias seguem divididas entre ganhos e perdas, com os investidores à procura de catalisadores que sustentem ganhos adicionais.
Isto depois de o índice que mede o comportamento das ações globais, o MSCI World Index, ter atingido um novo máximo naquela que é já a oitava sessão consecutiva de ganhos, suportado pelas perspetivas de novos estímulos à economia dos Estados Unidos e pela evolução mais positiva da pandemia da covid19 em várias regiões do globo, onde os novos casos de infeção já mostram uma tendência de queda.
O índice de referência para a Europa, o Stoxx600, está inalterado nos 410,43 pontos, numa altura em que o espanhol IBEX e o alemão DAX seguem em queda e os restantes índices em alta.
No que respeita a setores, as utilities e as empresas ligadas às matérias-primas valorizam, enquanto o retalho e o setor do petróleo e gás travam os ganhos.
Por cá, o PSI-20 soma 0,79% para 4.878,38 pontos, animado sobretudo pelas cotadas do grupo EDP. A EDP Renováveis valoriza 2,26% para 22,65 euros e a EDP soma 1,99% para 5,020 euros.
Juros em alta ligeira na Zona Euro
As obrigações soberanas da generalidade dos países do euro estão em queda ligeira esta quarta-feira e, consequentemente, os juros em alta.
Em Portugal, os juros da dívida a dez anos sobem 0,9 pontos para 0,068% enquanto em Espanha, no mesmo prazo, o agravamento é de 0,6 pontos para 0,133%.
Na Alemanha as yields a dez anos avançam 0,3 pontos para -0,446% e em Itália contrariam a tendência com um decréscimo de 0,2 pontos para 0,509%.
Ouro soma quarta sessão de ganhos e platina salta para máximos de 6 anos
O ouro está a valorizar pela quarta sessão consecutiva, contrariando a evolução do dólar, com os investidores a avaliarem as perspetivas de novos estímulos nos Estados Unidos, num contexto de crescentes expectativas de inflação.
Segundo a Bloomberg, as apostas num pacote de ajudas acelerado na maior economia do mundo estão a ajudar a sustentar as expectativas de inflação do mercado, que estão em máximas de vários anos.
"O foco de curto prazo está nos estímulo orçamentais dos EUA e isso pode muito bem manter os preços do ouro suportados", diz Jingyi Pan, estrategista de mercado da IG Asia, em declarações à agência de notícias, acrescentando que o discurso do presidente da Fed esta semana também será acompanhado de perto pelo mercado.
O ouro valoriza 0,28% para1.843,36 dólares, enquanto a platina subiu 2,5% para 1.211,33 dólares, o valor mais alto desde 2015.
De acordo com o UBS, que estima uma valorização para os 1.250 dólares, este metal vai beneficiar da oferta restrita, forte procura, e da recuperação global.
Dólar em queda pela quarta sessão
O índice que mede o desempenho do dólar face às principais congéneres mundiais está a cair pela quarta sessão consecutiva, antes de serem revelados os dados da inflação nos Estados Unidos que podem dar algumas pistas sobre as perspetivas da maior economia do mundo.
"O dólar inicialmente subiu, mas caiu novamente, mantendo a tendência de baixa do dia anterior devido à cautela relacionada com a diminuição dos ganhos recentes nas yields do Tesouro", explica Kumiko Ishikawa, analista de câmbio da Sony Financial Holdings em Tóquio, em declarações à Bloomberg. "O dólar está com dificuldades em encontrar uma direção clara na Ásia, enquanto os traders esperam para ver o resultado dos dados económicos dos EUA, incluindo dados da inflação e sentimento dos consumidores esta semana".
Nesta altura, o índice da Bloomberg para o dólar desliza 0,08%.
Petróleo cai após maior série de ganhos em dois anos
O petróleo segue em queda ligeira depois de ter completado a maior série de subidas em dois anos, numa altura em que os dados da indústria nos Estados Unidos apontam para mais uma descida das reservas no país.
Segundo o Instituto do Petróleo Americano, os inventários registaram uma queda de 3,5 milhões de barris na semana passada. Os dados oficiais da Administração de Informação de Energia dos Estados Unidos serão revelados esta quarta-feira.
No entanto, os analistas começam a alertar que há motivos para cautela em relação ao recente rally, já que um indicador técnico está a sinalizar que a matéria-prima deverá corrigir, ao mesmo tempo que os preços elevados podem levar os produtores a aumentarem a oferta.
Em Nova Iorque, o crude desliza 0,10% para 58,30 dólares, enquanto o Brent de Londres cai 0,03% para 61,07 dólares.
Bolsas sobem com estímulos a animar
Os futuros dos Estados Unidos e da Europa estão em alta esta quarta-feira, depois de as ações mundiais terem atingido um novo recorde impulsionadas pela evolução mais positiva da pandemia da covid-19 e pela perspetiva de implementação de grandes estímulos na maior economia do mundo.
Os futuros do Euro Stoxx 50 sobem 0,5% enquanto os do S&P 500 avançam 0,4%.
O plano proposto pelo presidente Joe Biden para avançar com estímulos de 1,9 biliões de dólares continua assim a animar os investidores, ainda que o aumento das expectativas de inflação comece a alimentar o debate sobre se as pressões nos preços podem colocar em risco as ações globais com avaliações esticadas.
"Parece que a história está agora a começar e o ‘momentum’ está a crescer por trás dela, e essa história inclui a reabertura, vacinas, a tendência de queda de casos do vírus que temos visto, apoiados pelo novos estímulos e com a Fed ainda a dar segurança", disse Mona Mahajan, estrategista de investimentos da Allianz Global Investors, à Bloomberg TV.