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Abertura dos mercados: "Fúria" protecionista de Trump derruba bolsas e deixa juros da Alemanha em novos mínimos

As bolsas europeias negoceiam no vermelho devido ao receio quanto às consequências para a evolução da economia mundial decorrentes de nova escalada na disputa comercial EUA-China. Medo sentido nos mercados reforça aposta nos títulos de dívida mais seguros, o que já levou a "yield" das obrigações alemãs para novo mínimo histórico.

Reuters
02 de Agosto de 2019 às 09:33
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Os mercados em números

PSI-20 desce 1,34% para 4.946,49 pontos

Stoxx 600 cai 1,53% para 381,73 pontos

Nikkei valorizou 2,11% para 21.087,16 pontos

Juros da dívida portuguesa a dez anos recuam 2,1 pontos base para 0,315%

Euro cresce 0,03% para 1,1088 dólares

Petróleo em Londres avança 2,05% para 61,74 dólares por barril

 

Tarifas de Trump deixam bolsas em mínimos

As principais bolsas europeias negoceiam em forte queda no início da sessão desta sexta-feira, 2 de agosto.

 

O índice de referência europeu Stoxx600 perde 1,53% para 381,73 pontos para transacionar em mínimos de 18 de junho com todos os setores a penalizar, embora sejam as produtoras de matérias-primas que mais pressionam. Só o setor imobiliário europeu segue em alta. Em Wall Street os índices fecharam a cair mais de 1%, no Japão as quedas foram em redor de 2% e na bolsa chinesa as quedas foram ainda mais intensas. 

 

Já o índice lisboeta PSI-20 recua 1,34% para 4.946,49 pontos depois de já ter chegado a tocar no menor valor em mais de seis meses (mínimo de 14 de janeiro), sobretudo penalizado pelas quedas do BCP e da Galp Energia.

 

Depois da tendência de ganhos verificada nas últimas semanas em especial devido à perspetiva de descida dos juros pelos principais bancos centrais mundiais, é a nova escalada na disputa comercial em curso entre os Estados Unidos e a China que está a alimentar o pessimismo dos investidores e o receio dos mercados.

 

Após nova ronda negocial que terminou sem progressos, o presidente americano Donald Trump anunciou esta quinta-feira a aplicação de uma tarifa aduaneira agravada de 10% sobre bens chineses equivalentes a 300 mil milhões de dólares, com entrada em vigor a 1 de setembro. Todos os produtos oriundos da China importados pelos EUA são agora alvo de uma taxa agravada (seja de 10%, seja de 25%).

 

Esta manhã, Pequim já avisou que irá retaliar, agravando o medo sentido nos mercados internacionais quanto a uma espiral protecionista que pode condicionar ainda mais uma economia global que vem apresentando crescentes sinais de arrefecimento.

 

Juros caem e na Alemanha recuam para mínimo de sempre

As taxas de juro associadas às dívidas públicas dos países que integram a Zona Euro apresentam uma tendência generalizada de quedas, sendo que a "yield" das "bunds" alemãs a 10 anos já estabeleceram esta manhã um novo mínimo histórico (-0,485%), na sexta queda consecutiva.

 

Já a taxa de juro associadas às obrigações portuguesas com maturidade a 10 anos cai 2,1 pontos base para 0,315%, tal como a "yield" correspondente aos títulos soberanos de Espanha com o mesmo prazo que recua 2,6 pontos base para 0,259%. A principal exceção diz respeito à dívida pública italiana, já que as obrigações transalpinas a 10 anos apresentam agravamento da taxa de juro de 1,5 pontos base para 1,593%.

Nos Estados Unidos a yield dos títulos a 10 anos caiu ontem para mínimos de 2016, com as treasuries a beneficiarem também com a fuga de investimento das ações para as obrigações.  

 

A conjugação do ambiente propício a descidas dos juros diretores pelos bancos centrais como forma de estímulo às economias (o exemplo mais recente foi dado pela Reserva Federal dos EUA, que decretou a primeira descida dos juros em 10 anos) com a intensificação da disputa comercial EUA-China reforça o apetite dos investidores pela segurança e maior rentabilidade conseguida com a aquisição de obrigações soberanas.

 
Depois do anúncio de Trump, o mercado passou a atribuir uma maior probabilidade a mais duas descidas de juros por parte da Fed este ano.

Euro sobe com queda do dólar

O euro está a apreciar nos mercados cambiais contra o dólar pelo segundo dia seguido, estando nesta altura a somar 0,03% para 1,1088 dólares. A moeda única europeia beneficia da incerteza em torno da evolução da economia americana num contexto de agravamento da guerra comercial promovida pela administração Trump.

 

Também a beneficiar das dúvidas em torno do dólar está o iene, com a divisa nipónica a transacionar em máximos de cinco semanas ao ver reforçado o seu valor enquanto ativo de refúgio devido à escalada da tensão comercial entre as duas maiores economias mundiais.

 

Brent recupera mais de 2%

Os preços do petróleo registam valorizações expressivas na manhã desta sexta-feira.

 

Em Londres, o Brent do Mar do Norte, utilizado como valor de referência para as importações nacionais, soma 2,05% para 61,74 dólares por barril, enquanto o West Texas Intermediate (WTI), transacionado em Nova Iorque, ganha 1,76% para 54,90 dólares.

 

No entanto, apesar desta valorização o preço do crude encaminha-se para fechar a semana com um saldo semanal negativo depois de ontem ter registado a maior queda diária em quatro anos.

 

A desvalorização ficou também a dever-se ao anúncio de novas taxas aduaneiras reforçadas sobre a importação de produtos chineses feita por Trump, dado que um impacto negativo da guerra comercial para a economia mundial far-se-á sentir numa redução dos níveis de procura pela matéria-prima.

 

Ouro desliza quase 0,5%

O preço do metal precioso dourado está a recuar 0,46% para 1.438,50 dólares por onça, isto apesar de esta manhã ter já tocado no valor mais elevado desde 19 de julho (dia em que negociou em máximos de seis anos).

 

Depois de na quinta-feira ter sido bastante impulsionado pela nova tarifa aplicada pelos EUA à China, ao ver o respetivo valor de refúgio valorizado, o ouro ajusta na sessão desta sexta-feira.

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