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UBS vê aumento da procura por petróleo no segundo semestre e Brent nos 75 dólares
O "ouro negro" segue a negociar em alta, animado pela forte queda dos inventários de destilados nos EUA e pela retoma da atividade de refinação, o que reforça a expectativa de um aumento da procura por combustível. Expectativa essa que faz com que o UBS veja o Brent nos 75 dólares na segunda metade do ano.
O West Texas Intermediate (WTI), "benchmark" para os Estados Unidos, para entrega em junho avança 2,11% para 64,27 dólares por barril. Já o contrato de junho do Brent do Mar do Norte, crude negociado em Londres e referência para as importações europeias, soma 1,78% para 67,60 dólares.
A contribuir para sustentar os preços está o facto de as reservas norte-americanas de destilados terem diminuído em 3,3 milhões de barris na semana passada, ao passo que o uso da capacidade de refinação subiu para 85,4%.
Por sua vez, os stocks de crude aumentaram em 90.000 barris na semana passada, para 493,1 milhões de barris, quando os analistas esperavam um aumento de 659.000 barris. Ou seja, apesar do incremento, foi muito inferior ao projetado, o que também animou o mercado.
Estes indicadores, bem como as menores restrições à circulação que se anteveem em muitas regiões, estão a fazer com que haja revisões em alta nas estimativas para a procura por crude. A OPEP e a Agência Internacional de Energia, por exemplo, falavam na semana passada de um aumento do consumo no segundo semestre.
É também essa a perspetiva do UBS. "A eventual flexibilização das restrições à atividade deverá desencadear um aumento da procura por viagens de férias, turismo e outros tipos de atividades recreativas e de negócios", sublinha um relatório de análise do UBS a que o Negócios teve acesso.
Giovanni Staunovo, analista de matérias-primas do banco suíço, diz no relatório que o UBS prevê que a procura por crude aumente do atual nível em torno dos 94 milhões de barris por dia para mais de 99 milhões de barris diários no segundo semestre de 2021, "beneficiando da aceleração dos programas de vacinação contra a covid e das menores restrições à mobilidade".
Também o Goldman Sachs disse hoje que prevê "o maior salto de sempre na procura por petróleo", a um ritmo de 5,2 milhões de barris por dia nos próximos seis meses, à medida que as campanhas de vacinação aceleram na Europa e a procura por viagens aumenta.
Segundo o banco norte-americano, a flexibilização das restrições à circulação em maio poderá fazer aumentar a procura por combustível para aviões em 1,5 milhões de barris por dia.
No início desta semana, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, declarou numa entrevista ao The New York Times que os turistas norte-americanos vacinados contra a covid-19 poderão viajar no verão para países da União Europeia.
Ontem, os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (OPEP+) decidiram manter-se fiéis às linhas traçadas na reunião de 1 de abril, pelo que irão abrir ligeiramente as torneiras a partir do próximo mês com a entrada de mais 350.000 barris de crude no mercado.
O atual plano é aumentar depois a produção em mais 350.000 barris em junho, passando o aumento de julho para 440.000 barris por dia.
Isto significa que a OPEP+ está confiante numa retoma da procura mundial, sublinha a Reuters.
"Com um aumento de produção modesto por parte da OPEP+ e fora dos países que compõem esse grupo, estimamos que o mercado petrolífero apresente um défice de oferta em torno de 1,5 milhões de barris por dia este ano", salienta o relatório do UBS, que aponta para um preço do Brent nos 75 dólares por barril na segunda metade do ano.
E o UBS reitera assim a recomendação dos relatórios anteriores. "Continuamos a aconselhar os investidores com elevada tolerância ao risco no sentido de manterem a aposta no Brent e a aumentarem a sua exposição a contratos de mais longo prazo " neste ativo, sublinha a equipa de análise de "commodities" do banco suíço.