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Tecto ao petróleo russo leva Putin a agravar impostos sobre setor no país
A nova fórmula fiscal troca a referência do crude russo pelo Brent do Mar do Norte, negociado a um valor mais elevado do que o Ural, agravando assim os impostos aplicados ao setor russo de petróleo e gás.
O tecto imposto às exportações russas de petróleo pelo Ocidente levou o Kremlin a aumentar a tributação sobre os produtores russos, segundo a análise de um grupo liderado pelo G7 e a que o Financial Times (FT) teve acesso.
Em abril, o presidente russo Vladimir Putin alterou a fórmula de tributação das petrolíferas, ao estabelecer taxas com base no preço do barril do Brent do Mar do Norte – em vez de recorrer à referência russa do crude, o Urals, que tem sido negociado a um valor mais baixo – subtraindo depois um desconto fixo.
A medida implementada por Moscovo tem em vista a captação de 600 mil milhões de rublos receita adicional, o equivalente a 7,09 mil milhões de euros à taxa de câmbio atual.
No primeiro trimestre deste ano, a receita dos impostos aplicados ao setor russo do petróleo e do gás registou uma queda homóloga de 45%.
Em março, a faturação tributária sobre produtos petrolíferos derivados registou mesmo uma queda anual de 85%.
Segundo um funcionário deste grupo liderado pelo G7 a Rússia dependia dessas receitas para alimentar 45% do seu orçamento.
Esta medida "é definitivamente destrutiva para o setor", considerou um funcionário deste grupo em declarações ao diário britânico.
"As mudanças impostas pela Rússia vão prejudicar a capacidade do setor do petróleo e gás russo", já que a nova carga fiscal irá "retirar receitas que poderiam ser utilizadas para investir" em outros elementos como equipamentos e infraestruturas, antecipa a mesma fonte.
No final do ano passado, na sequência da invasão russa à Ucrânia, G7, União Europeia (UE) e Austrália concordaram em impor um tecto de 60 dólares por barril para a compra de petróleo russo.