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Putin garante que já tem acordo com sauditas para novo corte na produção

Os olhos estarão postos em Viena nos próximos dias, onde grandes produtores de petróleo deverão decidir um prolongamento do corte da oferta mundial. Putin diz que já chegou a acordo com a Arábia Saudita.

Reuters
30 de Junho de 2019 às 16:07
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A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) parece já não ter o poder de outrora na evolução dos preços do "ouro negro", mas continua a ser um elemento de peso e a centrar as atenções dos mercados. É o que acontece segunda e terça-feira, em Viena, onde alguns dos principais produtores mundiais estarão reunidos para decidir sobre o prolongamento do corte de produção. Um acordo que Vladimir Putin deu este fim de semana como garantido, depois de um encontro com Mohammed bin Salman, o príncipe herdeiro saudita.

 

O presidente russo disse que o corte na produção será estendido no mesmo formato e nos mesmos volumes. O ministro saudita da Energia, Khalid al-Falih, afirmou ontem que o acordo será muito provavelmente prolongado por mais nove meses, não havendo necessidade de reduções adicionais.

 

Nos próximos dias haverá três eventos importantes. Nesta segunda-feira, 1 de julho, terá lugar de manhã a 15.ª reunião do Comité Ministerial Conjunto de Acompanhamento (JMMC) do acordo de redução da produção petrolífera dos países da OPEP e não-OPEP. À tarde decorre a 176.ª conferência da OPEP, onde os seus membros debaterão as novas quotas. Na terça-feira juntam-se grandes produtores de fora do cartel, com destaque para a Rússia, para a sexta reunião ministerial do chamado grupo OPEP+. Daqui sairá, previsivelmente, uma extensão do acordo de corte de produção firmado em novembro de 2016 e que vigora desde janeiro de 2017.

 

A ideia, com a prossecução deste acordo, é tentar manter os preços do petróleo em níveis sustentados, numa altura em que outros produtores – como os EUA – colocam mais crude no mercado. Mas bastará? Vai depender do facto de esta redução da oferta conseguir ou não compensar o "ouro negro" que escoa nos mercados por outras vias.

 

Ao Negócios, Bill O’Grady, diretor de estratégia de mercados da gestora de investimentos norte-americana Confluence Investment Management, considera que o grupo OPEP+ deverá, certamente, tentar compensar o aumento constante das exportações norte-americanas de crude, decidindo-se por uma nova extensão do acordo. Mas com um custo: a perda de quota de mercado.

 

"Por enquanto, os sauditas têm aceitado bem isso. Mas esse não era o caso há poucos anos. O comportamento passado da Arábia Saudita, e da OPEP no seu conjunto, tendia a ser o de monitorar as quotas de mercado em mercados específicos. Até à última década, sempre que a quota saudita do mercado importador norte-americano se fixava abaixo do segundo lugar, Riade aumentava a produção e fazia cair os preços para recuperar quota de mercado", sublinha. No entanto, Bill O’Grady considera que os EUA já não são um mercado-chave. "Provavelmente é a China", sustenta. "E uma vez que as exportações petrolíferas do Irão colapsaram, a Arábia Saudita estará provavelmente mais inclinada a defender os preços em vez de defender quota de mercado", remata.

 

Mas, uma vez mais, também o presidente norte-americano tem aqui um papel relevante. Com efeito, a produção de crude do Irão e da Venezuela, que estão sob sanções dos EUA, caiu conjuntamente mais do que as dos outros membros da OPEP no âmbito do acordo de corte da oferta. O que sugere que as políticas de Trump têm maior impacto na produção petrolífera do que a própria OPEP, salienta a Bloomberg.

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