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Petróleo dispara 12% com corte de produção a poder chegar aos 20 milhões/dia

Os preços do "ouro negro" seguem a disparar nos mercados internacionais, devido aos relatos de que a Arábia Saudita e a Rússia já se terão entendido quanto aos seus cortes de produção, que no conjunto da OPEP+ poderão chegar aos 20 milhões de barris por dia.

09 de Abril de 2020 às 15:48
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20 milhões de barris por dia pode ser a dimensão do corte acordado pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e seus aliados (o chamado grupo OPEP+), avança a Reuters, citando uma fonte do cartel. A acontecer, será o dobro do que tem vindo a ser falado nos últimos dias.

O relato deste possível acordo chega numa altura em que decorre a reunião virtual da OPEP+ com vista a um entendimento para a retirada de crude do mercado no sentido de fazer subir os preços numa altura em que a queda da procura decorrente da covid-19 tem levado a que as cotações afundem.

 

O West Texas Intermediate, "benchmark" dos EUA, escalou de imediato 12% no mercado nova-iorquino (pelas 15:40 - hora de Lisboa) para 28,36 dólares por barril. Já o Brent do Mar do Norte, crude de referência para as importações europeias que é negociado em Londres, avançou 8,5% para 35,79 dólares - tendo chegado a disparar mais de 10%.

 


A OPEP+ (composta pelos 13 membros do cartel e 10 aliados, incluindo a Rússia) tem participado num esforço de corte de produção desde 1 de janeiro de 2017, mas essa iniciativa terminou no final de março.

 

Com efeito, em inícios do mês passado a OPEP+ reuniu-se com a ideia de reforçar a retirada de crude do mercado em mais 1,5 milhões de barris/dia (a juntar ao corte de 1,7 milhões diários que já estava em vigor) a partir do segundo trimestre, mas a proposta ficou sem efeito devido à recusa da Rússia, o que motivou uma "guerra dos preços" por parte de Riade, com o reino saudita a abrir as torneiras da produção e a fazer descontos aos clientes, fazendo cair ainda mais os preços.

Nos últimos dias tem sido avançado que será necessário que os EUA entrem no esforço de corte de produção, numa espécie de OPEP++, bem como outros países – Reino Unido, Canadá, México e Brasil estão entre os que foram convidados a aderir, segundo a CNBC.

O The Guardian avança mesmo outros nomes entre os convidados a aderir a esta iniciativa, como a Noruega, Argentina, Colômbia, Egipto, Indonésia (que já foi membro da OPEP) e Trinidad e Tobago.

Não está ainda claro se este provável esforço de 20 milhões de barris diários inclui estes novos parceiros. No entanto, o Departamento norte-americano da Energia referiu que a produção dos EUA já estava a diminuir sem qualquer intervnção do governo. Recorde-se que o "shale oil" é um crude que se obtém de forma mais dispendiosa [a partir das rochas de xisto betuminoso] e as empresas do setor não estão a conseguir manter-se à tona com preços tão baixos – a ponto de uma delas ter já pedido proteção contra credores ao abrigo da lei de falências.

Se o corte acordado agora for de 20 milhões de barris por dia, será um reforço enorme da retirada de crude do mercado se atendermos a que a redução que estava em vigor era de 1,7 milhões de barris por dia.

 

O corte de 10 milhões de barris/dia que vinha a ser avançado desde finais da semana passada foi considerado insuficiente por parte da Agência Internacional da Energia para reequilibrar o mercado. Mas, segundo a Bloomberg, há delegados da OPEP+ que dizem que o acordo de redução só está a visar esses 10 milhões - e alguns analistas inquiridos pela CNBC mostram algum ceticismo quanto à possibilidade de o corte chegar aos 20 milhões.

Com a possibilidade de a redução ser mesmo de "apenas" 10 milhões, os preços do crude começaram a perder fôlego e pelas 19:30 de Lisboa seguiam em franca queda - a ceder 9,29% nos EUA para 22,76 dólares por barril e 4,5% na bolsa londrina de mercadorias para 31,35 dólares.

Na quarta-feira à noite o Koweit indicou que a OPEP+ estava a tentar chegar a acordo para que o corte de produção ficasse compreendido entre 10 e 15 milhões de barris por dia.

Ainda ontem, um porta-voz do Ministério da Energia da Rússia disse à agência noticiosa TASS que Moscovo estaria a ponderar um corte de 1,6 milhões de barris por dia, o equivalente a 14% da produção russa no primeiro trimestre deste ano.


(notícia atualizada pela última vez às 19:42)

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