Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

O poder dos destilados intermédios. Gasóleo dispara mais de 80% na Europa

O gasóleo europeu escala mais de 80%, ao passo que nos EUA os contratos de combustível para aviação e os contratos de gasóleo entregues no porto de Nova Iorque ganham mais de 100%.

Bloomberg
03 de Maio de 2022 às 22:05
  • ...

O "ouro negro" tem valorizado fortemente em 2022 e, no acumulado deste ano, os preços spot sobem em torno de 34%. No entanto, as verdadeiras vedetas no mercado do complexo do petróleo têm sido os produtos petrolíferos, com a gasolina nos EUA a somar mais de 50% e o gasóleo de aquecimento a disparar acima de 70%.

 

Já o gasóleo europeu escala mais de 80%, ao passo que nos EUA os contratos de combustível para aviação e os contratos de gasóleo entregues no porto de Nova Iorque ganham mais de 100%, sublinha o UBS num relatório a que o Negócios teve acesso. O porto de Nova Iorque é o local de negociação – "pelo que, quando os futuros expiram, é aí que se vai buscar o diesel", explica ao Negócios Giovanni Staunovo, analista de matérias-primas do banco suíço e um dos autores do relatório.

 

Os destilados intermédios – assim chamados porque são produtos obtidos durante a destilação do crude nas refinarias – destacam-se nesta lista de produtos petrolíferos. Entre eles, incluem-se produtos como o diesel, gasóleo de aquecimento, diesel ferroviário, combustível para aviação e gasóleo marítimo.

 

"Os destilados intermédios são os lubrificantes da economia mundial, já que a sua procura é fortemente orientada para os ciclos económicos. Eles são sobretudo usados no transporte de encomendas – incluindo camiões, barcos, locomotivas e aviões –, na atividade indutrial, agricultura, atividade mineira, e extração de petróleo e gás. E a subida dos preços deverá ter impacto nos consumidores e continuar a contribuir para as pressões inflacionistas", destaca a análise do UBS.

 

As elevadas cotações destes produtos também deverão influenciar os preços dos alimentos, uma vez que os destilados são usados igualmente na agricultura e pescas (tratores, embarcações), refere o banco, salientando que a procura por destilados tende a ser menos elástica perante os preços do que a gasolina – isto é, os preços altos tendem a pesar menos na procura.

 

E porquê? Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), "o gasóleo é mais comummente um fator de produção e usado para o transporte de bens, ao passo que a gasolina é grandemente consumida pelas famílias – que podem mais facilmente limitar a sua mobilidade rodoviária quando os preços estão a subir".

 

O que está a levar a esta forte subida dos preços é sobretudo o facto de a oferta não estar a ser capaz de atender à crescente procura, o que também fez com que os inventários caíssem para mínimos de vários anos.

 

"Com o mundo ainda a recuperar da pandemia, e com o aumento da procura por viagens, a procura por destilados intermédios deverá continuar a aumentar. As famílias e empresas não compram crude, mas sim produtos petrolíferos processados nas refinarias – que estão a debater-se para conseguirem atender à maior produta por esses mesmos produtos petrolíferos", frisa o relatório do UBS.

 

Entre muitos outros fatores, "a subida dos preços do gás natural, um elemento chave no processo de refinação, não está a ajudar". Outro fator que não está a ajudar é a guerra da Rússia na Ucrânia. "As sanções já decretadas contra Moscovo e o potencial embargo europeu às importações de petróleo russo poderão deixar o mercado dos destilados ainda mais apertado", consideram os analistas do banco suíço.

 

Neste cenário, o UBS continua a recomendar aos investidores com elevada tolerância ao risco para investirem nos contratos do Brent do Mar do Norte, crude de referência para as importações europeias.

 

Ver comentários
Saber mais UBS Europa EUA energia preços petróleo destilados intermédios gasolina
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio