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O caso dos 60 milhões de barris de petróleo perdidos da Noruega

A Noruega tem a reputação de ser um dos lugares mais calmos e previsíveis da indústria mundial do petróleo, mas ultimamente tem-se revelado cheia de surpresas.

Bloomberg
09 de Fevereiro de 2019 às 12:00
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Durante a pior queda em uma geração, de 2014 a 2016, as empresas ultrapassaram constantemente as projeções oficiais, com a produção de petróleo a subir e a desafiar a descida dos preços. Mais recentemente, com o petróleo a regressar a máximos de vários anos, essas mesmas empresas tiveram problemas.

A Direção Norueguesa de Petróleo (NPD) estima agora que a oferta cairá, em 2019, para o nível mais baixo em 31 anos, com produção a fixar-se 60 milhões de barris abaixo da anterior previsão para este ano e 2018. São menos 80 mil barris por dia do que o esperado.

O que aconteceu?

1 - Atraso na manutenção

Uma das razões mais mencionadas para a queda das projeções para a produção de petróleo nas atualizações mensais da Direção Norueguesa de Petróleo em 2018 foram as paralisações para manutenção.

Em 2016, quando a produção ultrapassou as projeções em 6%, as petrolíferas reduziram as interrupções para manutenção. Insistiram, na altura, que as reduções se deviam a ganhos de eficiência e que não estavam a criar um atraso.

"Talvez tenham ido longe demais em termos de evitar a manutenção", disse Simon Sjothun, analista da consultora Rystad Energy AS. "Funciona nos primeiros dois anos", mas é uma "hipótese muito realista" estarem agora a pagar a fatura.


2 - Falhas e adiamentos

Os desafios técnicos em plataformas ou sob o leito submarino e a produção adiada no ano passado também afetarão 2019, segundo a diretora-geral da Direção Norueguesa de Petróleo, Bente Nyland, em entrevista.

O campo Maria, da Wintershall, é um exemplo de um campo que não teve o desempenho esperado, enquanto o Gina Krog, da Equinor, também iniciado em 2017, "provavelmente está na lista", disse Nyland.

Alv Bjorn Solheim, vice-presidente da unidade da Wintershall na Noruega, confirmou que o campo Maria produziu menos do que era esperado, mas recusou-se a adiantar números. A Equinor não quis comentar sobre o Gina Krog.

3 - Excesso de confiança e campos pequenos


Autoridades e empresas podem ter sido otimistas demais nas suposições a respeito das reservas e das taxas de produção de certos campos, disse Nyland. A responsável preferiu não dar exemplos, mas a NPD informou recentemente que a empresa Spirit Energy havia reduzido a estimativa de reservas de petróleo do seu campo Oda, que deve começar a produzir em março, em cerca de 30%, para 33 milhões de barris.

Pressionadas a melhorar a rentabilidade depois da queda dos preços do petróleo, em 2014, as petrolíferas fizeram um grande esforço para reduzir custos e escolher soluções que elevassem a contagem de recursos dos seus projetos.

Isso pode ter levado algumas delas a adotar uma visão excessivamente otimista em relação a quantos barris seriam capazes de produzir, disse Simon Sjothun, analista da consultora Rystad Energy.

Um futuro mais brilhante

Não há dúvida de que a queda abrupta na produção de petróleo da Noruega é temporária. O país nórdico desfrutará de um aumento espetacular na produção em 2020 graças ao campo Johan Sverdrup, da Equinor, que deverá começar a produzir em novembro deste ano.

Com 3,2 mil milhões de barris em reservas de petróleo e uma produção de 440 mil barris por dia na sua primeira fase, o gigantesco campo do Mar do Norte deverá contribuir em 2020 para o maior aumento anual da produção da Noruega desde os anos 1980.

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