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Nova era promete enxurrada de petróleo em mercado já saturado

As petrolíferas globais mais ambiciosas estão a abrir uma nova fronteira de exploração, mas, talvez, no pior momento possível.

Bloomberg
12 de Janeiro de 2020 às 14:00
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Com uma série de grandes descobertas na costa nordeste da América do Sul, a Exxon Mobil, Hess, Apache e seus parceiros devem injetar mais oferta em mercados globais cada vez mais inundados de petróleo.

A Apache é a mais recente petrolífera dos Estados Unidos a surpreender os investidores com uma descoberta importante em águas costeiras próximas da fronteira entre o Suriname e a Guiana. A empresa com sede em Houston pode ter sentido que algo importante estava para vir quando fechou uma parceria com a francesa Total no consórcio poucas semanas antes do anúncio desta semana. As ações da Apache subiram 27%, o maior ganho diário em pelo menos 40 anos.

"É bastante impressionante quando analisamos o cenário mais amplo em que essa nova oferta entrará em operação", disse Gianna Bern, antigo trader de petróleo da BP que ensina finanças na Universidade de Notre Dame. "Ao mesmo tempo, a Apache e empresas desse porte tendem a assumir preços muito baixos antes do desenvolvimento" para que o modelo de negócio seja favorável, independentemente das flutuações do mercado.

Embora possa demorar anos até que a descoberta do Suriname entre em operação, ela acontece numa altura em que o mercado já se está a preparar para o maior fluxo vindo de produtores de fora da OPEP em pelo menos 15 anos, segundo a JBC Energy.

A forte subida das ações da Apache é um voto de confiança dos acionistas de que a equipa do CEO John Christmann conseguirá bombear esse petróleo a um custo tão baixo que a empresa terá lucro mesmo que o petróleo caia para 25 ou 30 dólares por barril, disse Bern.

No ano passado, a Hess foi beneficiada por esse tipo de ‘boom’ quando os investidores correram para comprar ações da empresa, que subiram 65% por causa do papel da produtora de petróleo como parceira júnior nas surpreendentes descobertas da Exxon Mobil na Guiana.



Guiana e Suriname não estão sozinhos. Há mais oferta a chegar de novos poços na Noruega, Canadá, México, Brasil e Colômbia, segundo Bern. Só o Brasil deve produzir mais 200 a 300 mil barris por dia este ano, e o petróleo de xisto dos EUA deve crescer a um ritmo mais rápido, sublinhou Fernando Valle, analista da Bloomberg Intelligence.

Fora da OPEP, a produção de petróleo e derivados aumentará em 2 milhões de barris por dia este ano, superando a previsão de crescimento de 1,2 milhões de barris, de acordo com a IHS Markit.

Só o Brasil e a Guiana devem acrescentar mais de 400 mil barris por dia ao mercado em 2020, um volume que compensará a maior parte dos cortes acordados pela OPEP e aliados no fim de 2019, disse Stephen Beck, da Stratas Advisors, com sede em Houston.

"Estamos numa situação em que, desde 2013, há muita oferta para muito pouca procura", afirmou Jim Burkhard, vice-presidente e diretor de mercado de petróleo da IHS, acrescentando que, em 2020, se deverá repetir a tendência.

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