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Gigante do "shale oil" prepara pedido de protecção contra credores

A norte-americana Chesapeake Energy está a braços com grandes dificuldades, numa altura em que a sua dívida ascende a 9 mil milhões de dólares.

09 de Junho de 2020 às 00:16
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A Chesapeake Energy está a preparar um potencial pedido de protecção contra credores, ao abrigo do capítulo 11 da lei de falências dos EUA, avançaram à Bloomberg fontes conhecedoras do processo.

 

A informação vem ao encontro do que já dizia o Financial Times no passado dia 4 de junho. O jornal britânico chamava a atenção para o facto de a Chesapeake, outrora uma todo-poderosa do setor do "shale oil" [petróleo extraído das rochas de xisto betuminoso] nos EUA, estar a braços com uma perspetiva de falência que poderia estar por semanas.

 

"A ascensão e queda de uma estrela do ‘shale’ norte-americano’, titulava o FT, referindo o elevado nível de endividamento da empresa e a queda de 90% das suas ações em bolsa desde janeiro.

 

Agora, outras fontes dizem à Bloomberg que a empresa, com sede Oklahoma City, está a negociar um acordo de reestruturação que poderá levar a que os detentores de obrigações da Chesapeake assumam a maior parte do seu capital. Ou seja, os seus principais credores poderão ficar com o controlo da empresa de petróleo e gás.

 

A Chesapeake tem uma dívida no valor de 9 mil milhões de dólares e está ainda refletir sobre se prorroga o pagamento de juros que vence a 15 de junho e invoca um "período de carência" enquanto prossegue as conversações com os credores, referiram as mesmas fontes.

 

A empresa foi uma das pontas de lança da revolução do "shale" há uma década nos EUA, lançando o país numa era de independência energética. Nessa altura, a Chesapeake estava avaliada em 35 mil milhões de dólares.

 

A 13 de maio, a Chesapeake sofreu um corte na recomendação para as suas ações, por parte da CFRA Research, de "vender" para "vender convictamente". O preço-alvo, por sua vez, foi reduzido para zero dólares.

 

As empresas que operam nas rochas betuminosas foram duramente penalizadas pela crise da covid-19, que reduziu drasticamente o consumo de combustível e levou a uma forte queda dos preços do petróleo – que nos Estados Unidos chegaram a cair para valores negativos.

 

A agravar a situação, têm vindo a sofrer cortes na sua notação financeira por parte das agências de "rating", com a dívida de muitas delas já classificada como "lixo" – e com uma classificação de investimento especulativo têm mais dificuldades em obter empréstimos bancários.

 

Pelas dificuldades evidentes no "shale", várias operadoras do setor ficaram sem possibilidades de operar. No início de abril, a norte-americana Whiting Petroleum foi a primeira grande produtora independente do setor a sucumbir à queda dos preços do crude e a a pedir proteção contra credores.

 

Segundo a sociedade de advogados norte-americana Haynes & Boone, que monitoriza as insolvências no setor, só no atual trimestre já 14 empresas de "shale" no país pediram protecção contra credores, juntando-se às cinco do primeiro trimestre. O que eleva para 19 o número de empresas que pediu este apoio até 31 de maio.

 

No passado dia 25 de maio, os analistas da Rystad Energy estimavam, citados pelo Financial Times, que 250 empresas do petróleo de xisto nos EUA poderão estoirar até ao final do próximo ano, a menos que os preços do petróleo subam de forma suficientemente rápida para começarem a gerar dinheiro para os produtores endividados.

 

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