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Fortuna de Buffett é das mais expostas a combustíveis fósseis

As 10 maiores fortunas com ligações a empresas poluentes estão avaliadas em 537 mil milhões de dólares.

02 de Fevereiro de 2020 às 15:00
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A assembleia anual de acionistas da Berkshire Hathaway é um evento corporativo singular e saudável. Milhares de fãs de Warren Buffett prestam atenção às palavras do investidor de 89 anos, podem comer gelado Dairy Queen e acompanhar um jogo de bridge com Bill Gates. Agora, a tradicional peregrinação a Omaha também deve gerar debates acalorados sobre o clima.

 

Na reunião do ano passado, Buffett e os executivos da Berkshire foram questionados sobre o cumprimento das métricas ambientais por parte da empresa.

 

Em 2016, a Nebraska Peace Foundation já tinha pedido à Berkshire que divulgasse de que forma as alterações climáticas iriam afetar as subsidiárias de seguros.

 

Fazer perguntas desconfortáveis à equipa da Berkshire Hathaway faz sentido: a Bloomberg estima que a fortuna de 89 mil milhões do Oráculo de Omaha, a terceira maior do mundo, está associada a níveis significativos de emissões de gases com efeito de estufa.

 

A face do genial Buffett não é a normalmente conjurada pela imagem de plutocratas do petróleo, e quem se posiciona logo acima do Oráculo de Omaha no ranking da Bloomberg das 10 maiores fortunas ligadas às emissões surpreende menos: a família Koch, seguida da Casa de Saud. O que significa reconsiderar a fortuna de Buffett como mais semelhante do que diferente desses impérios de combustível fóssil?

 

O conglomerado de Buffett – em grande parte devido às suas unidades de energia e transportes, que contribuíram com cerca de 40% para os lucros antes de impostos da Berkshire em 2018 – foi direta e indiretamente responsável por 189 milhões de toneladas de emissões de gases com efeito de estufa em 2018, segundo estimativas da CDP, que se dedica a intensificar a divulgação e ação ambiental entre empresas, cidades, estados e regiões.

 

As emissões da Berkshire equivalem ao consumo de quase 80 mil milhões de litros de gasolina, ou a carregar 24 biliões de smartphones.

 

A Berkshire Hathaway não respondeu aos pedidos de comentário por parte da Bloomberg.

 

O impacto planetário do conglomerado é quase o mesmo que o da fabricante de cimento LafargeHolcim. Embora essa seja uma fração dos maiores emissores – 20 empresas de combustíveis fósseis estão associadas a mais 30% de todas as emissões de gases com efeito de estufa na era moderna –, a presença da Berkshire é um lembrete de que as emissões não são apenas da responsabilidade dos suspeitos do costume, como a Exxon Mobil ou a Royal Dutch Shell.

 

Dos abacates aos sabonetes, a economia do carbono está embutida – visível ou invisivelmente – em tudo no nosso dia a dia. "Não há um único setor que não seja impactado de uma maneira ou de outra", diz Bruno Sarda, presidente do CDP América do Norte.

 

"Costumamos falar sobre coisas como energia e materiais, cimento ou petróleo e gás, mas quando olhamos para os alimentos, roupas, bens de consumo e até serviços financeiros, vemos que está a ser pedida responsabilização a todos os setores", acrescenta.

 

Mas o impacto de Buffett também está a mudar. As energias renováveis representavam 40% da capacidade da unidade de energia (a Berkshire Hathaway Energy) do conglomerado no final de 2018. Quando pressionado na assembleia anual do ano passado, Buffett destacou que esta sua unidade estava a caminhar rumo a um futuro renovável no Iowa, um dos seus maiores mercados. "Chegaremos aos 100%", disse.

 

(Texto original: Warren Buffett Is One of the World’s Richest Fossil-Fuel Billionaires)

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