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Crude abaixo de 75 dólares eclipsa ganhos de 2024
Os receios em torno do enfraquecimento económico na China e Estados Unidos, bem como as tensões geopolíticas no Médio Oriente e as sanções norte-americanas à Venezuela estão a pressionar os preços do barril de petróleo.
O acordo para restaurar a produção de crude na Líbia está cada vez mais eminente e os preços do petróleo estão a ser castigados nos mercados internacionais. Existe agora a possibilidade de mais de meio milhão de barris voltarem ao mercado, numa altura em que a procura mundial por esta matéria-prima está a ser bastante pressionada pelas perspetivas económicas nos Estados Unidos e na China.
Os avanços nas negociações para o restabelecimento do fornecimento líbio reforçou a expectativa de que haja um novo aumento da oferta global de petróleo. Em resultado, o crude desvalorizou na sessão de ontem em cerca de 4% nos mercados norte-americano e londrino.
O West Texas Intermediate (WTI), de referência para os EUA, negociou em torno dos 70,60 dólares por barril. Já o Brent, de referência para as importações do continente europeu, derrapou abaixo da linha dos 75 dólares por barril (nos 74,08 dólares), o que não acontecia desde 14 de dezembro do ano passado.
Tanto o crude WTI, como o Brent, já apagaram os ganhos anuais que até tinham reforçado na sessão de segunda-feira, à boleia do agravamento das tensões geopolíticas vividas no Médio Oriente, em conjugação com uma procura global por combustíveis em queda.
No entanto, a possível retoma da produção de crude na Líbia, aliada a uma perspetiva de aumento de produção em 180 mil barris por dia pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e pelos aliados da OPEP+, está a fazer com que os preços do barril de petróleo estejam novamente a ser bastante pressionados.
“Os investidores devem estar à espera de perceber o que a OPEP+ vai fazer com a produção em outubro, antes de ganharem coragem para comprar em desconto”, afirma Rebecca Babin, estratega da CIBC Private Wealth, em declarações à Bloomberg, numa referência ao atual acordo que está em vigor e que será alvo de ajustes no próximo mês. Os investidores estão à espera de perceber se os produtores vão manter ou alterar a estratégia.
Ainda a pressionar os preços do petróleo está a decisão da administração norte-americana, liderada por Joe Biden, em aplicar novas sanções à Venezuela, em resposta à reeleição contestada de Nicolás Maduro como Presidente do país da América Latina.
De acordo com os dados mais recentes, lançados em fevereiro pela empresa estatal Petróleos de Venezuela e citados pela Lusa, a Venezuela tem as maiores reservas de petróleo do mundo, com cerca de 300,9 mil milhões de barris.