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O ano das surpresas nas matérias-primas com metais no pódio

Em 2017 não foram os "suspeitos do costume", como o ouro ou o petróleo, a subir ao pódio das matérias-primas que mais valorizaram. Há estreias como o cobalto, amoníaco ou paládio, juntando-se o cobre e o algodão. Do lado das decepções estão sobretudo os cereais e oleaginosas, bem como o sumo de laranja, açúcar e gás.

Reuters
30 de Dezembro de 2017 às 19:00
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Este ano, as matérias-primas com subidas superiores a 50% abundam. Mas não são os nomes do costume, como o petróleo, o gás ou o ouro. Muito longe disso. Não são perfeitos desconhecidos, mas começam a calcorrear os corredores da fama com mais ímpeto do que nunca. Entre alguns dos exemplos encontramos o amoníaco, cobalto, paládio, cobre e algodão. Ou seja, num ano turbulento para muitas "commodities", os metais mostraram a sua "fibra".

 

O amoníaco – matéria-prima usada no fabrico de fertilizante nitrogenado – tem estado a ser sustentado pela sua maior procura como nutriente das colheitas agrícolas e como material de fabrico de plásticos e fibras. Também o "fracking" (exploração de petróleo e gás de xisto por fractura hidráulica) levou à abertura de muitas novas fábricas, sobretudo nos EUA, de conversão de gás natural em amoníaco, aproveitando-se o facto de o gás ter ficado mais barato. Nos Estados Unidos, o amoníaco acumulou uma subida superior a 50% em 2017.

 

Por outro lado, há dois metais que dispararam nos últimos meses e aos quais devemos prestar atenção: o cobalto [essencialmente, um subproduto do cobre e do níquel] e o tungsténio. Os preços de ambos têm subido fortemente devido aos receios de que a oferta destes metais não consiga atender ao ritmo crescente da procura. "Ambos são cruciais para o funcionamento do mundo moderno: o cobalto é usado nas baterias dos veículos eléctricos, laptops e telemóveis, ao passo que o tungsténio se direcciona para o fabrico de brocas, projécteis militares, tacos de golfe e maquinaria automóvel", refere a CNN Money.

 

Mas juntemos mais alguns metais. De acordo com Mike Beck, estratega da PwC, o níquel, o cobalto e o lítio irão beneficiar da mudança geracional na procura de "commodities", e muito à conta dos avanços nos carros eléctricos.

 

Um outro metal industrial que está a ter uma subida fulgurante é o cobre – que na última sessão do ano marcou o 11.º dia consecutivo de subidas em Londres, naquele que foi o maior ciclo de ganhos desde 1989, e estabeleceu o seu 17.º ganho seguido em Nova Iorque, algo que não se via há praticamente 30 anos: desde 1988. Este metal de base tem estado a beneficiar do aumento da procura, das perturbações na oferta da China e da desvalorização do dólar [que torna os activos denominados nesta moeda mais atractivos para os investidores]. Também o alumínio contribuiu para um ano risonho no grupo dos metais de base.

 

Nos metais preciosos, o grande destaque vai para o paládio, que acumulou uma valorização de 57% no ano. Este metal tem sido sustentado pelo facto de ser cada vez mais usado em dispositivos de controlo das emissões poluentes nos veículos, em vez da platina. Esta última, utilizada em joalharia e também nos catalisadores automóveis, teve igualmente um ano positivo, se bem que com um ganho acumulado mais modesto: 3,6%. Já o ruténio, encontrado normalmente em minas de platina [que não é classificado como metal precioso, mas sim como metal nobre], viu o seu preço disparar 375% este ano.

 

O ouro, por sua vez, disparou 13% em 2017 e há quem preveja que assim continue no próximo ano, à conta do seu estatuto de valor-refúgio em tempos de incerteza. No entanto, há também quem considere que o metal amarelo pode sofrer alguns reveses devido à gradual subida das taxas de juro um pouco por todo o mundo. A prata, que costuma negociar na esteira do ouro, tem um saldo positivo de 6,6% este ano.

 

E se os metais estiveram nos píncaros, os produtos agrícolas estiveram, quase sem excepção, do outro lado da barricada.

 

O sumo de laranja, por exemplo, fechou o ano a descer pela 16.ª sessão consecutiva, na mais longa série de perdas desde que começou a ser negociado na bolsa nova-iorquina, em Fevereiro de 1967. O consumo de sumo de laranja nos EUA caiu quase 50% na última década. E nem as doenças nas colheitas de citrinos na Florida nem os furacões tão devastadores deste ano ajudaram a fazer subir os preços.

 

Nos cereais e oleaginosas, a queda é em toda a linha, devido essencialmente à oferta excedentária destes produtos agrícolas – havendo quem estime que o problema possa prolongar-se durante o ano de 2018.

 

O milho, trigo, cacau e grãos de soja, bem como o óleo de soja, têm estado a ser penalizados por uma oferta muito superior à procura e nem o aumento de consumo nas nações asiáticas em franco crescimento, como a China, está a conseguir compensar esse excedente.

 

Também o açúcar teve uma performance negativa este ano, em grande medida devido ao excesso de produção.

 

A contrariar o ano sombrio na agricultura esteve o algodão, que terminou o ano a marcar a 11.ª valorização consecutiva. Desde 1998 que não conseguia marcar ganhos durante tantos dias seguidos. Os preços desta "commodity" têm sido impulsionados por uma procura robusta e os fundos de cobertura de risco apontam para uma continuação das subidas.

 

No meio termo, este ano, temos os produtos energéticos. O petróleo valorizou 12,4% em Nova Iorque e 17,7% em Londres, com os crudes de referência dos EUA e da Europa a negociarem de forma sustentadamente altista no último trimestre de 2017, muito à conta da perturbação – para reparações ou por via de ataques – de alguns oleodutos importantes.

 

Do gás natural não se pode dizer o mesmo. Esta matéria-prima caiu recentemente para mínimos de 10 meses, penalizada por dois Invernos amenos que deixaram as reservas de gás natural em níveis muito elevados.

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