Notícia
Um bom ano para as matérias-primas? As explicações do “doutor cobre”
Depois de 2023 ter sido bastante fraco para as matérias-primas, este ano está a trazer sinais positivos para muitas das commodities, tanto no grupo dos metais, como das matérias-primas agrícolas e energia. No reino dos metais, o destaque vai para o "doutor cobre", assim conhecido por ser considerado o único metal com "doutoramento" em economia, que é um indicador avançado do crescimento económico.
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13 de Abril de 2024 às 10:00
No ano passado, poucas commodities conseguiram fechar no verde, com o reino dos metais a sobressair pela positiva no caso do ouro e do cobre. E são precisamente estes dois metais que estão agora a ter também mais destaque.
O cobre tem estado a ganhar terreno, de forma sustentada. Desde janeiro, o preço do chamado "ouro vermelho" já subiu perto de 9% e em abril já tocou máximos de 14 meses no Mercado Londrino de Metais ao negociar nos 9.380 dólares por tonelada.
E porquê? O "doutor cobre", assim conhecido por ser considerado o único metal com "doutoramento" em economia, é um indicador avançado do crescimento económico e há vários fatores a contribuir para a sua robustez.
A expectativa de cortes dos juros pela Reserva Federal norte-americana no início do verão e a consequente depreciação do dólar, o que ajuda o metal pelo facto de ser denominado na nota verde; as perturbações em grandes minas, o que levou as fundições a pagarem preços historicamente altos para obterem o minério; o facto de as fábricas chinesas, que produzem mais de metade do cobre refinado a nível mundial, estarem perto de implementar um corte conjunto de produção; e sinais de um regresso ao crescimento da produção industrial estão a alimentar a perspetiva de um maior défice da oferta, o que pode ajudar a o cobre a atingir novos recordes.
O ouro continua a brilhar e ganha 13% desde o início do ano. Nas últimas sessões, o metal amarelo tem estabelecido sucessivos máximos históricos.
Tal como no caso do cobre, a perspetiva de um corte dos juros directores nos EUA é um dos factores que justifica a valorização. Aliás, o UBS reviu em alta as previsões para o preço do ouro com o "target" para o final do ano nos 2.500 dólares por onça.
Também os receios de depreciação do yuan e os renovados riscos inflacionistas têm sustentado uma procura sólida
por parte dos bancos centrais – como o da China e da Índia – e dos investidores asiáticos.
O cacau foi a matéria-prima agrícola com melhor desempenho em 2023, tendo valorizado 70% em Londres e 61% nos Estados Unidos. Em ambos os casos, foram atingidos novos máximos históricos este ano, devido a perturbações do lado da produção.
No final de março, o cacau negociou pela primeira vez na casa dos 10.000 dólares, ficando acima, por exemplo, do cobre. No acumulado do ano, as cotações já mais do que duplicam.
As difíceis condições meteorológicas e as doenças que atacam os cacaueiros têm estado a afetar as colheitas na África Ocidental que produz cerca de 70% do cacau mundial.
No café, a produção insuficiente nos países de origem, na África Central e no Vietname, levou a uma baixa recorde dos stocks mundiais, a uma maior procura por parte da indústria e, claro, a um aumento dos preços.
Desde a pandemia que os preços do café robusta – a variedade mais consumida pelos portugueses – subiram mais que 200%.
Além disso, a situação no Mar Vermelho com os ataques dos houthis levou ao aumento dos custos de transporte e a atrasos na chegada de mercadorias à Europa.
A evolução dos preços do petróleo tem estado a animar os investidores. Em 2023, o desempenho do "ouro negro" ficou abaixo das expectativas, mas este ano segue na mó de cima e negoceia atualmente em máximos de cinco meses.
A contribuir para a subida estão vários fatores, entre eles: os receios de um alastrar das tensões no Médio Oriente; os ataques dos rebeldes houthis no Mar Vermelho que têm obrigado muitos petroleiros a optarem por rotas mais seguras, mas mais longas; a perspetiva de um aumento da procura num contexto de menor oferta – pelo facto de os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (OPEP+) terem fechado mais as suas torneiras; e as interrupções num importante oleoduto do mar do Norte e num outro no Sudão do Sul, os tumultos na Líbia e os ataques de drones ucranianos contra refinarias russas.
O cobre tem estado a ganhar terreno, de forma sustentada. Desde janeiro, o preço do chamado "ouro vermelho" já subiu perto de 9% e em abril já tocou máximos de 14 meses no Mercado Londrino de Metais ao negociar nos 9.380 dólares por tonelada.
A expectativa de cortes dos juros pela Reserva Federal norte-americana no início do verão e a consequente depreciação do dólar, o que ajuda o metal pelo facto de ser denominado na nota verde; as perturbações em grandes minas, o que levou as fundições a pagarem preços historicamente altos para obterem o minério; o facto de as fábricas chinesas, que produzem mais de metade do cobre refinado a nível mundial, estarem perto de implementar um corte conjunto de produção; e sinais de um regresso ao crescimento da produção industrial estão a alimentar a perspetiva de um maior défice da oferta, o que pode ajudar a o cobre a atingir novos recordes.
O ouro continua a brilhar e ganha 13% desde o início do ano. Nas últimas sessões, o metal amarelo tem estabelecido sucessivos máximos históricos.
Tal como no caso do cobre, a perspetiva de um corte dos juros directores nos EUA é um dos factores que justifica a valorização. Aliás, o UBS reviu em alta as previsões para o preço do ouro com o "target" para o final do ano nos 2.500 dólares por onça.
Também os receios de depreciação do yuan e os renovados riscos inflacionistas têm sustentado uma procura sólida
por parte dos bancos centrais – como o da China e da Índia – e dos investidores asiáticos.
O cacau foi a matéria-prima agrícola com melhor desempenho em 2023, tendo valorizado 70% em Londres e 61% nos Estados Unidos. Em ambos os casos, foram atingidos novos máximos históricos este ano, devido a perturbações do lado da produção.
No final de março, o cacau negociou pela primeira vez na casa dos 10.000 dólares, ficando acima, por exemplo, do cobre. No acumulado do ano, as cotações já mais do que duplicam.
As difíceis condições meteorológicas e as doenças que atacam os cacaueiros têm estado a afetar as colheitas na África Ocidental que produz cerca de 70% do cacau mundial.
No café, a produção insuficiente nos países de origem, na África Central e no Vietname, levou a uma baixa recorde dos stocks mundiais, a uma maior procura por parte da indústria e, claro, a um aumento dos preços.
Desde a pandemia que os preços do café robusta – a variedade mais consumida pelos portugueses – subiram mais que 200%.
Além disso, a situação no Mar Vermelho com os ataques dos houthis levou ao aumento dos custos de transporte e a atrasos na chegada de mercadorias à Europa.
A evolução dos preços do petróleo tem estado a animar os investidores. Em 2023, o desempenho do "ouro negro" ficou abaixo das expectativas, mas este ano segue na mó de cima e negoceia atualmente em máximos de cinco meses.
A contribuir para a subida estão vários fatores, entre eles: os receios de um alastrar das tensões no Médio Oriente; os ataques dos rebeldes houthis no Mar Vermelho que têm obrigado muitos petroleiros a optarem por rotas mais seguras, mas mais longas; a perspetiva de um aumento da procura num contexto de menor oferta – pelo facto de os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (OPEP+) terem fechado mais as suas torneiras; e as interrupções num importante oleoduto do mar do Norte e num outro no Sudão do Sul, os tumultos na Líbia e os ataques de drones ucranianos contra refinarias russas.