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Mundo está prestes a ser inundado de algodão

O mundo está prestes a ser inundado de algodão. Os agricultores estão a aproveitar os preços elevados para produzir mais e a China está a saturar o mercado com a oferta excedente do seu stock estratégico.

Um trabalhador numa fábrica de algodão na Índia, país que se prepara para ocupar o lugar da China como maior produtor do mundo desta matéria-prima.
Bloomberg
29 de Maio de 2017 às 18:30
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A produção global aumentará 6,9% na safra que começa a 1 de Agosto, ajudando a elevar os inventários fora da China para um patamar recorde, estima o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês). Os fazendeiros americanos, que são os maiores exportadores mundiais, deverão registar a sua maior colheita numa década e são esperadas colheitas maiores na Austrália e na maior produtora, a Índia.

 

Os agricultores plantaram mais hectares depois de os contratos futuros do algodão terem dado um salto de 12% no ano passado, quando a maior parte das demais culturas estava em baixa. Ao mesmo tempo, não há sinais de desaceleração das vendas dos stocks estatais da China. Com a perspectiva de oferta ampla, os preços caminham para a maior queda mensal desde Agosto. Os hedge funds estão a deixar de projectar subidas e estão a reduzir as apostas pela segunda vez em três semanas.

 

"O lado da oferta deve continuar amplo e se virmos a produção acelerar, o algodão verá mais prejuízos", disse Lara Magnusen, gerente de portfólio em La Jolla, Califórnia, da Altegris Advisors, que administra 2,43 mil milhões de dólares. No lado da procura, a descida recente da dívida da China gerou o temor de que a procura global "não seja suficiente" para absorver a produção adicional.

 

Posição longa

Os gestores reduziram em 8,7% a sua posição longa para o algodão, ou seja, a diferença entre as apostas no aumento do preço e as apostas na queda, para 95.904 contratos futuros e de opções no período de uma semana até 23 de Maio, segundo dados da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities dos EUA divulgados três dias depois. Este é o nível mais baixo num mês.

 

Os futuros do algodão caíram 7,7% em Maio e fixaram-se na sexta-feira em 72,79 centavos de dólar por libra-peso na ICE Futures U.S. em Nova York. Os preços caminhavam para a primeira quebra mensal desde Dezembro.

 

O USDA projecta que o mercado registará um terceiro défice consecutivo, embora menor, na colheita 2017-2018, mas a empresa de pesquisa Cotlook prevê um superavit. A companhia com sede em Birkenhead, Inglaterra, estima que a produção superará a procura em 44.000 toneladas.

 

O clima favorável tem ajudado a sementeira da Primavera dos EUA, especialmente no Texas, o principal produtor. Até 21 de Maio, os fazendeiros americanos tinham semeado 52% das plantações previstas, contra 45% no ano anterior.

 

Índia e Brasil

A produção também parece favorável na Índia, a maior produtora global. Na Austrália e no Brasil, a mecanização maior está a ampliar a produção e a permitir que os fazendeiros compitam com os EUA em qualidade.

 

A China continua a desfazer-se do seu stock para abastecer o mercado interno, diminuindo a perspectiva para a procura do maior consumidor mundial. Num leilão realizado na sexta-feira, o país vendeu 13.700 das 29.500 toneladas oferecidas, segundo o website da empresa estatal China National Cotton Information Center.

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