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Há milhões de barris de petróleo “proibido” do Irão nos portos chineses

Há petroleiros a descarregar milhões de barris de petróleo iraniano em tanques de armazenamento nos portos da China, criando um tesouro escondido às portas do maior importador do mundo.

22 de Julho de 2019 às 20:48
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Dois meses e meio depois da Casa Branca ter proibido a compra de petróleo do Irão, o país continua a enviar matéria-prima para a China, onde é colocado no chamado "armazenamento alfandegado", disseram pessoas com conhecimento das operações em vários portos chineses.

 

Esses carregamentos ainda não passaram pela alfândega chinesa nem aparecem nos dados de importação do país e, por isso, por enquanto não violam as sanções. Embora estejam fora de circulação, a presença destes carregamentos paira sobre o mercado.

 

O "stock" de petróleo iraniano tem potencial para pressionar em baixo as cotações globais caso as refinarias chinesas decidam utiliza-lo, mesmo com os cortes da produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e aliados devido ao abrandamento das maiores economias. Além disso, com esta estratégia o Irão continua a produzir e pode armazenar o petróleo mais perto dos potenciais compradores.

 

"As remessas de petróleo iraniano têm sido enviadas para o armazenamento alfandegado chinês há alguns meses apesar do escrutínio", disse Rachel Yew, analista da consultoria FGE, em Singapura. "Podemos perceber porque um produtor faz isto, já que acumular oferta perto dos principais compradores é claramente benéfico para um vendedor, especialmente se as sanções forem flexibilizadas em alguma altura."

 

Mais petróleo iraniano pode estar a caminho dos tanques de armazenamento da China, segundo dados da Bloomberg. Pelo menos dez navios de petróleo de grande porte e duas embarcações menores de propriedade da estatal National Iranian Oil e seu braço de navegação estão atualmente a navegar em direção à China ou à deriva ao largo da costa. Os navios têm capacidade de carga combinada de mais de 20 milhões de barris.

 

A maior parte do petróleo iraniano nos tanques alfandegados da China ainda é de propriedade de Teerão e, portanto, não infringe as sanções, segundo as fontes. O petróleo não atravessou a alfândega chinesa, pelo que, teoricamente, está em trânsito.

 

No entanto, parte do petróleo é de propriedade de entidades chinesas que podem tê-lo recebido em troca de programas de investimento. Por exemplo, uma das empresas chinesas poderia ter ajudado a financiar um projeto de produção no Irão sob um acordo a ser pago em petróleo. Não se sabe se esse tipo de operação violaria as sanções. Por isso, as empresas estão a manter os carregamentos no depósito alfandegado para evitar o escrutínio oficial caso fossem registados na alfândega.

 

A China recebeu cerca de 12 milhões de toneladas de petróleo iraniano de janeiro a maio, face aos 10 milhões liberados pela alfândega durante o período. A discrepância pode estar no fluxo de petróleo no armazenamento alfandegado. A China divulga nos próximos dias os dados de comércio de junho, que incluirão uma distribuição por país das importações de petróleo.

A Administração Geral de Alfândegas da China não respondeu a um fax com pedido de comentário.       

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