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Vença a guerra contra as agências de "rating"

Se não os podes vencer, junta-te a eles. A melhor estratégia na luta contra os "ratings" pode ser tornar-se accionista de uma das agências.

22 de Julho de 2011 às 07:00
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Depois da Moody's, a segunda maior agência de "rating", ter reduzido a classificação da dívida pública portuguesa, Wolfgang Schauble, o ministro das Finanças da Alemanha, disse que não havia justificação para essa revisão. "Temos de quebrar o oligopólio das agências de 'rating", avisou Schauble. "Monopólio" e "oligopólio" são duas das palavras que os investidores mais astutos gostam de ouvir, especialmente porque é muito difícil eliminar uma situação de controlo de mercado.

"O que Warren gosta de comprar são empresas que têm produtos ou serviços que criam monopólios", escreveram David Clark e Mary Buffett no livro "Como Enriquecer na Bolsa com Warren Buffett", em que ensinam as estratégias do guru da bolsa. Não é por acaso que Buffett, o terceiro homem mais rico do planeta, é o maior accionista da Moody's há mais de uma década.

Há outra razão para investidores como Warren Buffett gostarem de investir em agências de "rating": o modelo de negócio é simples. Há, basicamente, duas fontes de receitas: as comissões obtidas pelo cálculo de "ratings" de novas emissões e as comissões anuais facturadas pelo acompanhamento e actualização desses "ratings". Quantas mais emissões de obrigações houver, mais dinheiro podem ganhar as agências.

Como se ganha com a crise da dívida



Os analistas que acompanham as empresas que controlam as três maiores agências de "rating" - Standard & Poor's, Moody's Investors Service e Fitch Ratings - receiam as batalhas que elas poderão enfrentar nos próximos meses. Todavia, os dirigentes acalmam os accionistas. Na apresentação de resultados do primeiro trimestre, Harold McGraw III, presidente da McGraw-Hill, a sociedade que controla a Standard & Poor's, disse que os "riscos legais são baixos" e que "os assuntos regulatórios são geríveis".



Há poucas razões para alarme, especialmente enquanto a crise da dívida soberana europeia se mantiver. Se isso acontecer, os bancos europeus continuarão a restringir o crédito bancário às empresas. Para sobreviverem, essas empresas têm de se financiar no mercado através da venda de dívida. Para terem sucesso na venda, esses títulos de dívida têm de ter uma classificação de uma ou várias agências independentes. E, assim, as três grandes continuam a engordar os seus resultados.



É, por isso, natural que muitos políticos e agentes de mercado suspeitem de conflitos de interesse, porque as agências podem eventualmente ganhar se conseguirem prolongar a crise através da redução dos "ratings" das dívidas soberanas, como a portuguesa. Heiner Flassbeck, director das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento Mundial, propôs que as agências fossem proibidas de classificar as dívidas soberanas para limitar o potencial conflito de interesses.



A Securities and Exchange Commission, a autoridade dos mercados dos Estados Unidos da América, tem uma política mais concreta: quer diluir a importância das três grandes agências. Contudo, isso será difícil de concretizar, porque já há muitas outras agências no mundo - desde a Companhia Portuguesa de Rating até à chinesa Dagong - mas que são menos reconhecidas pelos emitentes e pelos investidores de obrigações.


Aposte na descida dos "ratings"

A Amundi gere fundos que ganham com a desvalorização das obrigações soberanas. Há PPR que indexam a rendibilidade às taxas das Obrigações do Tesouro português.

O efeito imediato da descida do "rating" atribuído à dívida pública portuguesa pela Moody's foi uma queda dos preços das obrigações do tesouro. Os títulos que se vencem em Abril de 2021 desvalorizaram-se 6,82% de um dia para o outro, de acordo com as estatísticas diárias da MTS Portugal. O reflexo imediato é o aumento da rendibilidade implícita dos cupões dessa emissão: quem comprou aos preços do dia seguinte à revisão pode contar com um ganho anual bruto de 11,75% se receber todos os juros até 2021.


A Amundi gere um conjunto de fundos cotados que permitem ganhar com a queda generalizada dos preços das obrigações soberanas da Zona Euro: os ETF assumem posições curtas (isto é, vendedoras) nos títulos, logo obtendo mais-valias com as desvalorizações. O Amundi ETF Short Govt Bond EuroMTS Broad 10-15 aposta na queda generalizada das obrigações soberanas com maturidades entre 10 anos e 15 anos. Porém, no dia seguinte à revisão da Moody's, o fundo deslizou ligeiramente. Isso aconteceu porque o peso de Portugal na carteira é diminuto (cerca de 2%). Contudo, o produto valorizou-se mais de 5% no último ano.



Alguns produtos das companhias de seguros oferecem rendibilidades indexadas às taxas implícitas nas obrigações do tesouro, o que poderá ser positivo para os investidores. É o caso do PPR Opção Garantida Série II, comercializado pela AXA. Até ao final de 2011 garante uma taxa anual de 2,4% mas, a partir do próximo ano, a rendibilidade será no "mínimo 40% da taxa das obrigações a 10 anos da dívida pública portuguesa". Se o ano terminasse agora, isso significaria uma generosa taxa garantida de 5,2%.


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