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Sobre as acções europeias

Os aforradores da Europa deverão enfrentar mais um ano de taxas de juros muito baixas sobre os depósitos bancários em 2010, fazendo com que as rendibilidades disponíveis de acções, em conjunto com a possibilidade de modestos aumentos nas cotações subjacentes...

28 de Abril de 2010 às 09:28
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Os aforradores da Europa deverão enfrentar mais um ano de taxas de juros muito baixas sobre os depósitos bancários em 2010, fazendo com que as rendibilidades disponíveis de acções, em conjunto com a possibilidade de modestos aumentos nas cotações subjacentes, sejam uma opção relativamente atraente. Analisemos as acções europeias como alternativa à liquidez, discutindo as vantagens de uma abordagem pan-europeia face ao investimento num único país e tendo em consideração o maior risco único para as acções em 2010 - uma recessão em forma de W.

Os investidores que procuram receitas e que estão dispostos a assumir alguns riscos, juntamente com os que pretendam participar na recuperação da economia europeia e na crescente procura de exportações da Europa por parte dos mercados emergentes, devem centrar-se nas acções.
As estimativas consensuais para o crescimento do PIB real no Reino Unido e na área de euro em 2010 estão abaixo das taxas tendenciais a longo prazo, com os governos e os agregados familiares a trabalharem para reduzirem os respectivos níveis de endividamento.

A inflação também permanecerá baixa, com um fraco mercado laboral a manter o desemprego alto e a limitar o crescimento salarial. A conjuntura de baixo crescimento e baixa inflação significa que as taxas de juros se mantêm, igualmente, baixas, particularmente devido ao desejo do Banco Central Europeu de evitar uma recessão em forma de W.

Face à probabilidade das taxas de juros se manterem baixas é improvável que as taxas dos depósitos bancários à ordem subam em 2010.

Entretanto, as rendibilidades de dividendos do mercado accionista estão, actualmente, bem acima dos retornos da maioria das contas bancárias, com o Índice FactSet Aggregates para a rendibilidade de dividendos europeus nos 3,1% no final de 2009. Os dividendos devem ser razoavelmente bem suportados, com um modesto, mas positivo, crescimento dos ganhos, no caso das empresas com ênfase no mercado interno, mas mais robustos nas empresas com uma forte componente exportadora para regiões com elevado crescimento, como a Ásia.

No que respeita ao investimento para lá do mercado imediato de cada um, a base é a oportunidade de acesso a um maior número de acções num determinado conjunto de parâmetros. Um investidor ávido de rendibilidade, por exemplo, no Reino Unido encontrar-se-á com uma carteira concentrada apenas em alguns sectores, como o do petróleo, das telecomunicações e o farmacêutico. Por seu lado, um investidor espanhol que queira tirar partido da voraz procura da China por produtos alemães de engenharia pesada e por bens de luxo franceses precisará claramente de uma abordagem de investimento regional e não centrada apenas em Espanha. Deve notar-se que, os maiores exportadores para a Ásia são, habitualmente, títulos de grande capitalização, mas, nalguns países (como a Alemanha), diversos títulos de média capitalização também derivam muito dos respectivos ganhos de exportações. Os perigos de um ênfase num mercado accionista nacional estão ilustrados de forma mais clara na Finlândia, onde um investidor patriota que invista de acordo com o índice OMXH local acabaria por ficar desconfortavelmente centrado num sector (telecomunicações) através de um único título (Nokia).

Quais são os riscos para as acções europeias em 2010?
O mais significativo é uma recessão em forma de W que leve a uma nova quebra no crescimento do PIB e dos lucros empresariais na parte final deste ano. Isto pode resultar de uma restrição da política monetária e/ou orçamental mais rápida do que aquilo que a fraca recuperação económica pode suportar. O risco aplica-se mais aos países com elevados défices orçamentais (como a Grécia e o Reino Unido) e a regiões monetárias cujos bancos centrais intervieram de forma mais forte no passado recente, mas que tentam agora retirar o apoio (por exemplo, na área do euro e no Reino Unido). Uma recessão em forma de W não é o nosso cenário base, mas é um risco que os investidores precisam avaliar face à relativa atractividade das acções no nosso cenário de baixo crescimento/baixa inflação.

Implicações do Investimento
Os investidores nervosos, que receiam uma recessão em forma de W, podem querer considerar a manutenção dos depósitos bancários à ordem e de títulos de dívida pública. Contudo, aqueles que procuram receitas e que estão dispostos a assumir alguns riscos, juntamente com os investidores que pretendam participar na recuperação da economia europeia e na crescente procura de exportações da Europa por parte dos mercados emergentes podem centrar-se em acções. E não nos respectivos mercados accionistas internos, que são, invariavelmente, demasiado estreitos para obter uma adequada diversificação e que limita as oportunidades de investimento, mas numa abordagem pan-europeia. As soluções podem passar por fundos europeus de valor ou de rendimento, se este último for uma prioridade, ou por fundos europeus de crescimento, se o ganho de capital for uma prioridade.


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