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"Private-equity" de olho na gigante dos videojogos

Produtora do "Battlefield" e "FIFA" admite ser vendida para permitir uma reestruturação

"Private-equity" de olho na gigante dos videojogos
27 de Agosto de 2012 às 11:01
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John Riccitiello | O CEO reconhece um "mercado em transformação veloz".


A descida de 36% das acções da Electronic Arts (EA) este ano não deixa dúvidas: a gigante dos videojogos chegou a uma encruzilhada. Com a desaceleração económica a pesar nas vendas dos principais títulos, tem sido um desafio para a EA reagir à concorrência dos jogos "online" e dos títulos virados para um entretenimento ocasional ("casual gaming"). Os analistas dizem que a EA precisa de recentrar o negócio e, talvez por isso, a empresa está "discretamente" a procurar um comprador, dizem os jornais. Os fundos de capital de risco ("private-equity") podem tirar a EA de bolsa.

Sair do mercado accionista será o primeiro passo do plano de reorganização que a administração da EA está a gizar. A saída de bolsa poderá passar pela entrada de um "private-equity" que ajude a empresa a reestruturar-se, eliminar "gorduras" e tornar-se mais rentável. O KKR e o Providence Equity Partners estão entre os interessados, segundo a imprensa.

As acções valem 13,17 dólares, mas segundo as notícias, a administração está disposta a recomendar um negócio por 20 dólares. Seria um prémio de 52% face ao preço actual, mas contrasta com os 25,20 dólares que valia a acção em Novembro e com o recorde de 68,20 dólares tocado em 2005.

Não terá sido por acaso que a EA tocou o máximo histórico em 2005. Foi o início da chamada "sétima geração de consolas". Desde os anos 80 - os "anos dourados" da Atari, a indústria de videojogos vive em ciclos que duram aproximadamente sete ou oito anos. Neste momento, o "ciclo de 'hardware'" está num fundo, com programadores e consumidores à espera da introdução da oitava geração de consolas.





"Este não é um sector 'amadurecido', como erradamente se diz. As vendas estão a cair porque estamos no final de um ciclo", diz Matt Bolduc, analista do Saxo Bank. "Ainda que a EA esteja em dificuldades, o sector continua em expansão e a EA poderá conseguir dar a volta", diz.

Bolduc admite que "a EA não tem sido bem gerida, focou-se demasiado nos jogos 'online' e para telemóveis, secundarizando o investimento nos títulos mais populares". A EA foi uma das empresas do sector que nos últimos anos investiu de forma pouco criteriosa em pequenas produtoras. Em muitos casos, o resultado foi a produção de jogos para o público ocasional, que ficaram aquém das expectativas.

"Os investidores estão assustados com o fundo do 'ciclo' e temem que a explosão da popularidade dos jogos ocasionais mate o modelo de negócio" de produções mais elaboradas, tipicamente comercializadas em suporte físico com preços de 60 ou 70 euros por um jogo, diz Matt Bolduc. "Mas os 'smartphones' não substituem as necessidades dos 'hardcore gamers', que jogam de forma intensiva", salienta Bolduc. Ou seja, não há um fenómeno transferência, mas sim a criação de um novo mercado.

"Ainda que a EA pareça terrível do ponto de vista operacional, uma gestão mais inteligente pode levar a lucros anuais de 600 milhões de dólares", diz o analista do Saxo Bank. "Se tudo correr bem, mesmo 20 dólares por cada acção da EA pode revelar-se um negócio extraordinário".



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