Notícia
Exchange - Traded Fund exótico procura investidor aventureiro
Estão a ser lançados a um ritmo sem precedentes fundos cotados que investem segundo estratégicas excêntricas. Será que valem a pena?
11 de Agosto de 2010 às 09:00
Bastou uma lei aprovada pela Assembleia da República, por proposta do Governo, para desequilibrar as vantagens dos "exchange-traded funds", os fundos que se transaccionam na bolsa como se fossem acções. Antes, as mais-valias obtidas através de ETF eram alvo de uma tributação reduzida de 10 por cento, mas, após a legislação que aprovou um conjunto de medidas de consolidação orçamental, a taxa subiu para 20 por cento. Como a alteração passou ao lado dos fundos de investimento portugueses, o facto de os ETF terem comissões de gestão mais baixas não compensa a despesa potencial na hora de encaixar ganhos.
Agora, para um fundo cotado atrair a atenção dos investidores portugueses é preciso que tenha outros trunfos, além das baixas comissões, da facilidade de aquisição e da transparência que normalmente os pautam. Por isso, as sociedades gestoras de ETF estão atarefadas a lançar novos produtos mais excêntricos: ao desenvolverem estratégias fora do normal ficam um passo à frente da indústria tradicional de fundos. A expansão do negócio dos ETF começou pelos fundos curtos ou invertido, aqueles de valorizam quando o mercado cai. É o caso do db x-trackers ShortDax Daily ETF, que cota na bolsa de Paris: se, num determinado dia, o índice alemão Dax desvalorizar dois por cento, este fundo deve ganhar perto de dois por cento; se o índice ganhar, o fundo deve perder.
Depois dos fundos curtos, os gurus dos ETF inventaram os alavancados: fundos que multiplicam a variação de um índice subjacente por um factor, normalmente dois ou três. Assim, se um investidor acreditar piamente na subida de um instrumento, pode ganhar a dobrar ou a triplicar se a sua expectativa se verificar. Quando o índice de acções francesas CAC 40 valorizou três por cento num dia do final de Julho passado, o Lyxor ETF Leverage CAC 40 rendeu cerca de 5,8 por cento, quase o dobro.
Primeiro estranha-se, depois entranha-se
Actualmente, um em cada dez fundos cotados já não é um simples instrumento de investimento tradicional no mercado accionista ou obrigacionistas, mostra a base de dados de Blooomberg, que conta com cerca de 6500 ETF, distribuídos pelas praças financeiras de todo o mundo. A tendência é para o rácio aumentar, porque os fundos tradicionais estão esgotados. A prova está na comissão de gestão cada vez mais baixa, pressionada pela concorrência. O ETF mais barato em todo o mundo, o Schwab US Broad Market ETF, cobra actualmente 0,06 por cento dos seus activos por ano.
Apesar de haver muitas novidades mais bizarras no mercado, isso não quer dizer que sejam boas soluções para os aforradores. John Bogle, o criador do primeiro fundo de índice em 1975, afirma que os ETF extremos podem ser a próxima bomba financeira a explodir nas mãos dos investidores. "É a insanidade", disse recentemente Bogle à revista Bloomberg Markets. "É o caso clássico de Wall Street a tentar capitalizar sobre os piores instintos dos investidores." O fundador do Vanguard Group afirma que estes instrumentos complexos subvertem a disciplina do investimento de longo prazo e encorajam os investidores a procurarem rendimentos através da especulação diária.
Embora não estejam desenhados para povoarem as carteiras de todos os investidores, vale a pena estar atento a este segmento emergente. À velocidade actual de lançamento de novos produtos, mais tarde ou mais cedo aparecerá um ETF que encaixará na perfeição no seu portefólio. O Negócios investigou e mostra-lhe quais são os fundos cotados exótico mais populares entre os aforradores internacionais.
O meu ETF é mais bizarro do que o teu
Agora, para um fundo cotado atrair a atenção dos investidores portugueses é preciso que tenha outros trunfos, além das baixas comissões, da facilidade de aquisição e da transparência que normalmente os pautam. Por isso, as sociedades gestoras de ETF estão atarefadas a lançar novos produtos mais excêntricos: ao desenvolverem estratégias fora do normal ficam um passo à frente da indústria tradicional de fundos. A expansão do negócio dos ETF começou pelos fundos curtos ou invertido, aqueles de valorizam quando o mercado cai. É o caso do db x-trackers ShortDax Daily ETF, que cota na bolsa de Paris: se, num determinado dia, o índice alemão Dax desvalorizar dois por cento, este fundo deve ganhar perto de dois por cento; se o índice ganhar, o fundo deve perder.
Primeiro estranha-se, depois entranha-se
Actualmente, um em cada dez fundos cotados já não é um simples instrumento de investimento tradicional no mercado accionista ou obrigacionistas, mostra a base de dados de Blooomberg, que conta com cerca de 6500 ETF, distribuídos pelas praças financeiras de todo o mundo. A tendência é para o rácio aumentar, porque os fundos tradicionais estão esgotados. A prova está na comissão de gestão cada vez mais baixa, pressionada pela concorrência. O ETF mais barato em todo o mundo, o Schwab US Broad Market ETF, cobra actualmente 0,06 por cento dos seus activos por ano.
Apesar de haver muitas novidades mais bizarras no mercado, isso não quer dizer que sejam boas soluções para os aforradores. John Bogle, o criador do primeiro fundo de índice em 1975, afirma que os ETF extremos podem ser a próxima bomba financeira a explodir nas mãos dos investidores. "É a insanidade", disse recentemente Bogle à revista Bloomberg Markets. "É o caso clássico de Wall Street a tentar capitalizar sobre os piores instintos dos investidores." O fundador do Vanguard Group afirma que estes instrumentos complexos subvertem a disciplina do investimento de longo prazo e encorajam os investidores a procurarem rendimentos através da especulação diária.
Embora não estejam desenhados para povoarem as carteiras de todos os investidores, vale a pena estar atento a este segmento emergente. À velocidade actual de lançamento de novos produtos, mais tarde ou mais cedo aparecerá um ETF que encaixará na perfeição no seu portefólio. O Negócios investigou e mostra-lhe quais são os fundos cotados exótico mais populares entre os aforradores internacionais.
O meu ETF é mais bizarro do que o teu
Estes fundos cotados excêntricos estão entre os que receberam mais atenção dos investidores a nível internacional: o valor das suas carteiras dispararam em resultado da forte procura ou são os mais debatidos nos painéis de discussão sobre a indústria.
1. Platina e paládio no bolso
Investir em mercadorias está na moda - e não é só ouro. Através de fundos cotados é possível alcançar uma exposição efectiva a algumas mercadorias, como a platina. Por cada unidade do ETFS Physical Platinum Shares, disponível nas bolsas de Nova Iorque (código: PPLT) e de Amesterdão (PHPT), os investidores estão a comprar quase uma décima de onça de platina, que vale cerca de 118 euros. O sucesso está a ser estrondoso: no início do ano, os cofres do JPMorgan Chase em Londres e da UBS em Zurique, as entidades responsáveis pela custódia do metal, tinham 283 quilogramas; no final de Julho, a platina que pertence ao fundo já pesava quase 8,9 toneladas.
O sucesso do paládio, um metal raro usado maioritariamente pela indústria automóvel no fabrico de catalisadores, é ainda maior. Em sete meses, o ETFS Physical Palladium Shares passou de 283 quilogramas para mais de 22 toneladas do metal. Este fundo também está à venda na bolsa de Nova Iorque (PALL) e de Amesterdão (PHPD).
O sucesso do paládio, um metal raro usado maioritariamente pela indústria automóvel no fabrico de catalisadores, é ainda maior. Em sete meses, o ETFS Physical Palladium Shares passou de 283 quilogramas para mais de 22 toneladas do metal. Este fundo também está à venda na bolsa de Nova Iorque (PALL) e de Amesterdão (PHPD).
2. Colecção de "hedge funds" a partir de 11 euros
Os "hedge funds" sempre foram produtos de difícil acesso ao investidor comum. Trata-se de veículos de investimento sem regulamentação e, por isso, só disponíveis para grandes investidores. Contudo, quem quiser adquirir um conjunto de "hedge funds" pode fazê-lo através do db Hedge Fund Index ETF, da gama de fundos cotadas db x-trackers, do Deutsche Bank. Em troca de uma comissão de gestão anual de 0,90 por cento, os gestores aplicam o seu dinheiro num grupo de "hedge funds" internacionais. A carteira do fundo ultrapassou recentemente os 600 milhões de euros.
Embora os "hedge funds" possam usar técnicas avanças para ultrapassar as fases mais difíceis do mercado com ganhos, o desempenho do db Hedge Fund Index ETF ficou em terreno nulo no último ano. A versão em euros deste produto pode ser negociada na bolsa de Frankfurt (código: DX2Y) por cerca de 11 euros a unidade.
Embora os "hedge funds" possam usar técnicas avanças para ultrapassar as fases mais difíceis do mercado com ganhos, o desempenho do db Hedge Fund Index ETF ficou em terreno nulo no último ano. A versão em euros deste produto pode ser negociada na bolsa de Frankfurt (código: DX2Y) por cerca de 11 euros a unidade.
3. Compensar posição compradora com uma posição vendedora
Algumas tácticas que estavam tradicionalmente reservadas aos gestores de "hedge funds" já chegaram ao universo da gestão de activos comum. É o caso da chamada estratégia 130/30: primeiro assume-se uma posição curta (isto é, vendedora) de 30 por cento do portefólio, o que permite fazer um encaixe financeiro; esse dinheiro é aplicado no mercado accionista, obtendo-se uma exposição de 130 por cento. Na carteira final, a posição curta de 30 por cento compensa a posição longa de 130 por cento, resultando numa exposição bolsista de 100 por cento. Através deste método é possível também ganhar com a queda das acções, se elas estiverem incluídas na posição curta. É isso que faz o fundo norte-americano ProShares Credit Suisse 130/30, disponível na bolsa de Nova Iorque (código: CSM).
4. Um voo para as regiões mais remotas
Não é qualquer um que consegue adquirir acções do First Bank of Nigeria ou da Danas Gas, uma gasífera dos Emirados Árabes Unidos, tão-pouco do Pakistan Oilfields ou da Solidere, a sociedade responsável pela reconstrução do centro de Beirute. Todavia, qualquer um pode comprar essas acções em conjunto com mais 36 títulos de mercados fronteira através do db x-trackers S&P Select Frontier ETF. Os mercados fronteira são mais pequenos e inacessíveis do que os mercados emergentes. Por isso, o fundo inclui títulos que vão do Kuwait à Colômbia, passando pela Chipre e pelo Cazaquistão. Este ETF está cotado em Frankfurt (código: DX2Z).
Se preferir investir num só mercado emergente, à espera de ganhar perto dos 12 por cento que o iShares MSCI Brazil rendeu por ano na última década, têm muita escolha, como a Turquia (Lyxor ETF Turkey), a Malásia (Lyxor ETF Malaysia) ou a África do Sul (Lyxor ETF South Africa).
Se preferir investir num só mercado emergente, à espera de ganhar perto dos 12 por cento que o iShares MSCI Brazil rendeu por ano na última década, têm muita escolha, como a Turquia (Lyxor ETF Turkey), a Malásia (Lyxor ETF Malaysia) ou a África do Sul (Lyxor ETF South Africa).
5. Um cabaz de fundos de alto rendimento
Regra geral, as comissões de gestão dos ETF são baixas, mas tendem a subir quanto mais específico for o fundo. É o caso do PowerShares CEF Income Composite: ao cobrar 1,81 por cento por ano, é o fundo cotado mais caro dos Estados Unidos da América. Esse é o preço da extravagância: este ETF investe em fundos fechados de elevado rendimento de difícil acesso ao comum dos aforradores. Graças às distribuições de dividendos desses fundos, o PowerShares CEF Income Composite consegue pagar mensalmente cerca de 0,7 por cento do valor da cotação, o que quer dizer que a taxa de dividendos anuais deverá superar os oito por cento em 2010.
6. Investir em energia com benefícios fiscais
Um dos activos em voga no mercado estado-unidense são os títulos dos "master limited partnerships". Os MLP são sociedades cotadas que, reunindo certos requisitos, não são tributados em sede de imposto sobre os rendimentos empresariais. Assim, apenas os dividendos são tributados. Regra geral, para poderem ser classificadas como MLP, as sociedades têm de ter a quase totalidade das receitas a vir do negócio energético e têm de distribuir um dividendo mínimo trimestral. O crescimento do número deste tipo de firmas levou à criação de fundos de MLP, que primam por apresentarem elevadas taxas de dividendos. O JPMorgan Alerian MLP Index ETN, o mais antigo, apresenta uma taxa de 5,33 por cento. Pode ser adquirido na bolsa de Nova Iorque (código: AMJ).
Tecnicamente, os fundos de MLP não são "exchange-traded funds", porque são representados através de dívida dos emitentes. São "exchange-traded notes" ou ETN.
Tecnicamente, os fundos de MLP não são "exchange-traded funds", porque são representados através de dívida dos emitentes. São "exchange-traded notes" ou ETN.
7. Sonho de um "trader"
Quando a sociedade gestora Direxion alargou a sua oferta de produtos alavancados, em Março, os "traders" de todo o mundo esfregaram as mãos de felicidade, porque isso significava mais oportunidades para ganhar dinheiro. O Direxion Daily Semiconductor Bull 3x Shares foi um dos mais bem recebidos, reunindo mais de 30 milhões de euros em três meses. Este fundo pretende render 300 por cento do desempenho do índice PHLX Semiconductor Sector Index, composto por firmas no negócio dos semicondutores. Desde que foi lançado, o ETF registou sete sessões com ganhos de dois dígitos e seis com perdas superiores a 10 por cento. Pode ser adquirido na bolsa de Nova Iorque (código: SOXL).