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Conheça as apostas do substituto de Warren Buffett

Todd Combs, o novo gestor de activos da sociedade de Buffett, especializou-se no sector financeiro, uma das áreas preferidas do "guru" da bolsa.

10 de Novembro de 2010 às 09:00
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Todd Combs | A aposta na queda das cotações é apontada como um dos segredos para a rendibilidade alcançada pelo gestor no “hedge fund” Castle Point.
Após três anos de busca, Warren Buffett finalmente encontrou o candidato perfeito para a sua sucessão. Todd Combs, até agora um gestor de activos pouco conhecido do público, foi nomeado gestor de investimentos da Berkshire Hathaway, a sociedade que serve de veículo para as apostas bolsistas de Buffett e do seu parceiro Charlie Munger.

"Eu e o Charlie Munger procurámos alguém com o calibre do Todd para gerir um porção significativa do portefólio da Berkshire. Estamos encantados por o Todd se juntar a nós", disse Warren Buffett após a nomeação. A urgência em encontrar um substituto era cada vez maior, já que Buffett e Munger já não são novos: têm 80 e 86 anos, respectivamente. Todd Combs, de 39 anos, poderá não ficar sozinho a gerir os investimentos da Berkshire Hathaway. Buffett já referiu que poderiam contratar mais do que um gestor para lidar com o dinheiro da companhia.

Todd Combs é pouco conhecido do público por opção. Em declarações à revista "Fortune", Warren Buffett descreveu-o como um verdadeiro americano "que não está minimamente interessado em publicidade". Em 2005, o mais recente "guru" da bolsa lançou a sociedade gestora do "hedge fund" Castle Point, que se especializou no investimento em acções do sector financeiro. Apesar dos vários momentos traumáticos que a indústria passou desde então (basta recordar as várias falências na América do Norte), Combs conseguiu contornar a crise. O fundo ganhou 13,6 por cento em 2006 e 19 por cento em 2007 para depois cair 5,7 por cento em 2008 e recuperar 6,2 por cento no ano passado, de acordo com a agência Bloomberg. O sucesso de Todd Combs pode estar na possibilidade de o fundo poder especular na queda das acções do sector financeiro.

Confiança no sector financeiro
Os analistas que acompanham a actividade da Berkshire Hathaway salientam que a escolha de Todd Combs para o assento de gestor de investimento faz particular sentido porque as principais participações da companhia de Warren Buffett também são do sector financeiro. Desde 1967 que Buffett aprecia o investimento em companhias de seguros, quando comprou duas seguradoras de Omaha, a sua terra natal, segundo o livro "Warren Buffett e as Estratégias de Um Grande Investidor". O autor, Robert Hagstrom, diz que "foi o início de uma história de sucesso fenomenal".

Embora sejam veículos pouco regulados, os "hedge funds", como o Castle Point, são obrigados a declarar à Securities and Exchange Commission, a homóloga da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, todos os seus investimentos em acções cotadas nos mercados estado-unidenses. O documento de participações no final do primeiro semestre coloca as acções do US Bancorp, o quinto maior banco comercial norte-americano, no topo das preferências. Nos lugares seguintes estão a MasterCard, um dos principais emissores de cartões de crédito, a State Street, que tem sob custódia mais de 15 biliões de euros, e a Western Union, a companhia de transferências monetárias.

A informação submetida pelo Castle Point ao supervisor do mercado norte-americano mostra que Todd Combs evitou as principais catástrofes desde 2005. Nunca apostou na subida dos pesos-pesados que mais sofreram com a crise, como a AIG, Lehman Brothers, Bear Stearns, Citigroup, Washington Mutual, Countrywide, Fannie Mae e Freddie Mac. Porém, a Castle Point apenas é obrigada a publicar a suas posições longas, isto é, não é possível saber quais foram as acções em que apostou que iam cair.



O homem que recusou o cargo

Li Lu, um gestor de "hedge funds" com ligações ao sócio de Buffett, recusou ser o gestor de investimento da Berkshire Hathaway.


Depois da Berkshire Hathaway ter nomeado Todd Combs para gestor de investimentos, o "Wall Street Journal" reportou que o convite foi feito primeiro ao gestor de "hedge funds" Li Lu. Warren Buffett revelou ao jornal que Lu "decidiu que preferia ficar onde estava. De facto, ele não aceitou o trabalho". Foi Charlie Munger, o sócio de Buffett, que aproximou o gestor americano de origem chinesa da liderança da Berkshire Hathaway. Li Lu, um dos líderes estudantis dos protestos de Tiananmen, gere o património pessoal da família de Munger desde 2004. Warren Buffett disse ao "Wall Street Journal" que o "hedge fund" gerido por Li Lu se valorizou 26,4 por cento desde 1998. O Standard & Poor's, o índice de acções norte-americanas que serve de referência para Buffett, não ganhou mais de três por cento no mesmo período. Foi o investimento que Li Lu realizou na companhia de baterias e automóveis BYD que impressionou Warren Buffett. O gestor investiu na firma chinesa logo após a sua estreia na bolsa de Hong-Kong. A Berkshire Hathaway só entrou em Setembro de 2008, mas comprando logo 10 por cento da sociedade. Buffett adquiriu as acções a 8 dólares de Hong-Kong cada. No final de Setembro, os títulos ultrapassaram os 60 dólares, embora depois tenham caído devido aos resultados mais fracos que foram apresentados. Muitos analistas e comentadores do mercado americano especulam que o vencimento foi a principal razão para Li Lu não ter aceitado a proposta da Berkshire Hathaway. Os especialistas concluem que Lu consegue ganhar bastante mais a gerir "hedge funds" do que o meio milhão de dólares (cerca de 350 mil euros) por ano que deveria receber na firma de Warren Buffett.








O gestor que vai tomar conta do dinheiro
de Warren Buffett evitou os maiores
desastres desde 2005.






Berkshire regressa à Johnson & Johnson

Depois da redução temporária da participação, Warren Buffett volta a comprar acções da multinacional.

Depois de uma ligeira crise de liquidez, o dinheiro volta a rolar aos milhões na Berkshire Hathaway. Nas últimas semanas, o líder da sociedade, Warren Buffett, teve a oportunidade de comprar negócios inteiros, como já confirmou que prefere: adquiriu a unidade de resseguros da Sun Life e a Horizon Wine and Spirits, que juntou à sua divisão de bebidas alcoólicas.

O sinal de que havia fundos disponíveis para investir já tinha sido dado quando o "guru" da bolsa anunciou a lista de aquisições do segundo trimestre de 2010. Depois de uma fase de redução da aplicação nas acções da Johnson & Johnson, Buffett voltou a acumular acções do grupo farmacêutico e de produtos médicos. A Berkshire tinha alienado parte da aposta na multinacional quando necessitou de capital para financiar a compra de obrigações do banco Goldman Sachs e da General Electric, bem como o lançamento da oferta pública de aquisição sobre a companhia de caminho-de-ferro Burlington Northern Santa Fe. No segundo trimestre, Warren Buffett gastou cerca de 860 milhões de euros na aquisição de acções. Além da Johnson & Johnson, também reforçou posições no fabricante de equipamento médico Becton Dickinson, na farmacêutica Sanofi-Aventis, na companhia de tratamento de água Nalco e na firma de gestão documental Iron Mountain. Além destas escolhas, Buffett ainda comprou acções da especialista em sistema de processamento de produtos financeiros Fiserv, uma estreia no portefólio da Berkshire Hathaway.


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