Notícia
Bancos ajustam carteiras ao mau tempo nos mercados
Depois da tempestade de Agosto, as carteiras dos fundos voltaram a encontrar a rota dos ganhos. Os ventos favoráveis empurraram os portefólios recomendados para uma valorização média de 1%, mas a incerteza continua a reinar e alguns bancos optaram por preparar as carteiras para futuras intempéries.
28 de Setembro de 2011 às 08:50
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Conheça oito carteiras de fundos
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As carteiras prudentes foram construídas para um prazo de investimento de três anos e são destinadas a aforradores conservadores que não aceitam perdas anuais superiores a 4%.
As carteiras agressivas estão desenhadas para um prazo de investimento mínimo de cinco anos e com um limite de perdas anuais até 10%.
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ActivoBank
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Mudanças para aumentar resistência
Este mês, os especialistas do ActivoBank procuraram tornar os dois portefólios mais resistentes a futuras tempestades. "Atendendo à continuada volatilidade nos mercados, decidimos este mês tornar as carteiras um pouco mais defensivas", explica Gonçalo Gomes, da Direcção de Marketing do banco. Na carteira prudente, o fundo de acções mundiais JPMorgan Global Focus foi trocado pelo congénere BNY Mellon Long Term Global Equity, que apesar de investir também em acções a nível mundial, possui uma estratégia de gestão que lhe confere maior protecção em momentos de queda dos mercados. A mesma óptica foi seguida na substituição do F&C Global Convertible Bond pelo BNY Mellon Global Real Return. Apesar deste ser um fundo de características híbridas tal como o preterido, é mais resistente às depressões do mercado.
No portefólio de perfil agressivo, além das substituições já mencionadas, foi eliminada a exposição ao mercado accionista alemão e acrescentado o fundo BGF World Gold Fund, na versão com cobertura cambial. Apesar de continuarem a acreditar no potencial do mercado alemão, os especialistas entendem que a exposição aos mercados accionistas da Zona Euro e ao mercado alemão, em particular, já estão estruturalmente representadas no fundo core da carteira. Já a abertura de posição no fundo do sector aurífero, deve-se à busca de protecção contra eventuais novas quedas nos mercados, mas também para aproveitar o desconto de 20% do preço das acções das empresas do sector face ao preço do ouro.
Banco Best
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Sem aderência à recente recuperação
Os portefólios do Banco Best foram os únicos que não conseguiram acompanhar a recuperação. Desde 29 de Agosto, a estratégia prudente, a menos volátil de todas as carteiras recomendadas, deslizou cerca de 0,2% e o portefólio agressivo perdeu cerca de 0,6%. "O mês anterior continuou a ser marcado por elevada volatilidade nos mercados financeiros, que se reflectiu num alargamento dos spreads de crédito. Já as acções registaram performances marginalmente positivas na Europa, onde a crise da dívida pública continua a exercer elevada pressão sobre o sentimento. Nos EUA os ganhos foram mais significativos", justifica a Direcção de Investimentos do Banco Best.
Para o próximo mês, os especialistas do Banco Best fazem apenas uma alteração a ambas estratégias com a introdução do fundo Pictet-Emerging Local Currency Debt. "A inclusão do fundo de obrigações emergentes deve-se ao facto de, nos últimos meses, as correlações entre estes activos e os activos de menor risco (como a obrigações norte-americanas - consideradas em teoria o activo virtualmente sem risco) terem aumentado. Por outro lado, a correlação com medidas de risco, como é o caso do VIX, diminuiu", explicam os especialistas do banco.
Na carteira conservadora, o fundo da sociedade gestora suíça não só substitui o fundo AXA Global Inflation Bonds, como ganha 5% ao fundo central da carteira, o Pimco Total Return Bond, e na carteira agressiva substitui o fundo de gestão alternativa, JPMorgan Income Opportunity.
Banco BIG
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À espera dos frutos do pessimismo
Ao contrário dos restantes, o Banco Big optou por não fazer alterações às carteiras recomendadas. "Reconhecendo a validade de todas as condicionantes macro e micro existentes, a nossa posição mantém-se", diz Rui Broega, da Direcção de Gestão de activos da instituição. Os portefólios recomendados pelo banco registam resultados opostos. A carteira prudente regista o melhor desempenho entre os portefólios mais defensivos ao acumular um ganho de 8,02%, o equivalente a uma taxa anualizada de 3,66% desde o início das recomendações. Mas, do lado oposto, a carteira agressiva, que até obteve o melhor desempenho desde o dia 29 de Agosto ao valorizar 2,41%, é a única que continua abaixo da linha de água com um prejuízo acumulado de 5,76%.
No último mês, os fundos de acções mundiais Fidelity Global Opportunities e JPMorgan Global Focus foram os maiores contribuintes para os ganhos dos portefólios recomendados pelo banco ao ganharem 4,6% e 3,8%, respectivamente, um comportamento que os especialistas do banco esperam que continue. Para Broega, além do prémio de risco das acções continuar em níveis historicamente elevados, os rácios Preço/Valor contabilístico e o Preço/Lucros por acção evidenciam elevado valor implícito face aos preços actuais das acções, e os fluxos maioritariamente vendedores nas últimas semanas poderão despoletar "um possível rally no curto-prazo derivado ao posicionamento extremado no lado vendedor a que assistimos nos últimos tempos".
Deutsche Bank
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Carteira agressiva lidera ganhos
Apesar da volatilidade que tem caracterizado os mercados, a carteira agressiva recomendada pelo Deutsche Bank vai de vento em popa ao acumular um ganho efectivo de 10,8% desde o início das recomendações. No entanto, "tendo em conta o actual ambiente económico, é natural que os próximos tempos sejam de volatilidade nos mercados accionistas", explica a divisão de investimentos do banco, sublinhando que até "as boas notícias do lado empresarial, reflectidas pela actual época de resultados, têm sido contrariadas pelos receios macroeconómicos". Assim, "para o próximo mês reduzimos o peso da componente accionista da carteira agressiva para 65%, pois consideramos que é a melhor forma de enfrentar as próximas semanas", explicam os especialistas do banco. Para tal foi reduzido o peso dos fundos Parvest Equity USA, BlackRock European e BlackRock Emerging Markets e aumentada a poderação do fundo Templeton Global Bond, que investe em obrigações a nível global, e do BlackRock Global Allocation, um fundo que investe cerca de 65% da carteira em acções do mundo e o restante em instrumentos de dívida.
Na estratégia prudente, cuja rendibilidade efectiva ascende a 2,95%, os especialistas do banco alemão optaram por não fazer qualquer alteração dado entenderem que a carteira "se encontra bem posicionada para enfrentar as condições actuais dos mercados". O Banco continua a recomendar obrigações com notações de crédito elevadas de modo a precaver um eventual agudizar da crise de crédito e afirma que as obrigações empresariais e as obrigações high yield continuam atractivas.