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Aposte na tripla e faça crescer os seus investimentos
São três os elementos essenciais em qualquer plano de poupança: dinheiro, tempo e rendibilidade. Embora sejam todos desejáveis na estratégia de maximização do pé-de-meia, é possível explorar efeitos de substituição. Isto quer dizer que, na falta de...
28 de Agosto de 2009 às 10:02
Dinheiro, tempo e rendibilidade. Só esta tripla garante o milagre da capitalização das suas poupanças
São três os elementos essenciais em qualquer plano de poupança: dinheiro, tempo e rendibilidade. Embora sejam todos desejáveis na estratégia de maximização do pé-de-meia, é possível explorar efeitos de substituição. Isto quer dizer que, na falta de um dos membros da santíssima trindade do aforro, é possível manter o objectivo de poupança aumentando um outro componente da tripla. Se tem menos dinheiro para investir, pode manter um objectivo elevado se estiver disposto a aumentar o prazo da aplicação ou se conseguir incrementar a rendibilidade da sua poupança. Aplicando 100 euros todos os meses à taxa de 5% durante 10 anos acumula 15 .436 euros. Contudo, se tem apenas 85 euros por mês, consegue chegar à mesma meta se alcançar uma rendibilidade anual de 8,16% ou se esticar a duração da poupança para 11 anos e 5 meses. Eventualmente, pode chegar a um equilíbrio combinando a rendibilidade e o tempo. Para chegar aos 15.436 euros pode investir os 85 euros durante 10 anos e meio a ganhar 6,86% por ano.
Como estimar o resultado da poupança? Precisa das duas funções, VF e PGTO (FV e PMT, nas versões em inglês), que são comuns à maioria das folhas de cálculo, como o Microsoft Office Excel e o OpenOffice.org Calc ou, mesmo, às soluções "on-line", como o Google Spreadsheets (docs.google.com) ou o Zoho Sheet (sheet.zoho.com). A função de valor futuro indica quanto acumulará através de aplicações periódicas e constantes e com uma taxa de juro também constante. Basta inserir na folha de cálculo a fórmula =VF(tx;nper;pgto;va), substituindo "tx" pela taxa de rendibilidade, "nper" pelo número de períodos, "pgto" pelo valor da aplicação periódica (indique um valor negativo porque é um fluxo de saída do seu bolso) e "va" pela poupança já amealhada. O período de referência da taxa deve ser o mesmo que o período aplicado ao número de pagamentos. Se a taxa é mensal, o número de períodos também deve ser mensal. A função de pagamento periódico calcula a aplicação periódica necessária para chegar a um determinado valor futuro com base numa taxa de juro constante. Insira na sua folha de cálculo a fórmula =PGTO(tx;nper;va;vf), substituindo "tx" pela taxa de rendibilidade, "nper" pelo número de períodos da aplicação, "va" pela poupança já acumulada e "vf" pelo pé-de-meia que espera atingir. Por exemplo, alguém que tenha 30 mil euros e consiga poupar à taxa de juro de 5%, sabe quanto terá de poupar todos os anos para chegar a 50 mil euros dentro de 20 anos usando a fórmula =PGTO(0,05;20;30.000;50.000). O resultado é -3919,41 euros (é um valor negativo porque representa um fluxo de saída do orçamento). Se for muito, ficará a saber que, começando com os mesmos 30 mil euros mas aplicando 3.700 euros por ano à taxa de 5%, chega a 42.745,10 euros, executando a fórmula =VF(0,05;20;-3700;30000). |
1 Há tempo para amealhar
O ingrediente fundamental para a sua poupança crescer é o tempo. Sem ele, não há enriquecimento, qualquer que seja a taxa de juro que consiga. Se tiver o tempo do seu lado, a multiplicação da poupança é certa. "Se alguém no tempo de Jesus Cristo tivesse pedido emprestado um cêntimo a uma taxa de 2% ao ano e nunca tivesse pago a dívida, 200 anos depois a dívida seria de apenas 52 cêntimos. Se, em vez de 200 anos, tivessem passado 2000 anos, ou seja, 10 vezes mais tempo, a dívida seria de mais de 158 biliões de euros. Tudo isto apenas com um cêntimo a uma taxa de 2%", conta João Branco Martins, presidente da Associação para o Posicionamento Estratégico e Financeiro, no livro "A Economia Lá de Casa".
Tal como o crédito, a poupança também cresce infindavelmente, desde que haja tempo. "São também estes cálculos que nos ensinam que um milionário pode facilmente viver dos juros que o seu dinheiro rende", acrescenta João Branco Martins.
Para poder gozar do tempo, é preciso paciência. Se conseguir ganhar 5% por ano, 1.000 euros iniciais dificilmente conseguirão capitalizar até 100 mil euros ao longo da vida. Porém, se começar com mais dinheiro chega mais depressa ao destino. Por exemplo, 50 mil euros transformam-se em 100 mil euros em pouco mais de 14 anos.
Tempo é dinheiro e quanto mais tiver do primeiro, mais consegue gerar o segundo. É por isto que o esforço para formar um complemento de reforma é menor se começar logo no início da vida profissional. A diferença é grande: 1.000 euros poupados aos 20 anos acumulam tanto até à reforma como 4.320 euros amealhados aos 50 anos, assumindo uma rendibilidade anual de 5%. É o "milagre da capitalização", que só acontece se as suas poupanças tiverem tempo.
2 Plano periódico é uma boa ajuda
O tempo é fundamental para capitalizar o dinheiro, mas um plano de aforro programado dá um empurrão decisivo na acumulação. "O primeiro passo para a independência financeira é gastar menos do que se ganha, através de um controlo do orçamento doméstico. A seguir, traçar um plano que defina quanto poupar por mês e durante quando tempo, para chegar ao rendimento que pretende ter", revela Gustavo Cerbasi, consultor financeiro, no "best-seller" "Casais Inteligentes Enriquecem Juntos", que chega hoje a Portugal pela editora Livros d'Hoje.
Ao aumentar a frequência da poupança consegue incrementar a capacidade da magia da capitalização. Se, no final de cada ano, amealhar 1.200 euros, dentro de uma dúzia de anos acumula 19.101 euros. Porém, se poupar 100 euros por mês (o que totaliza os mesmos 1.200 euros anuais), o pé-de-meia consegue ultrapassar os 19.500 euros nos mesmos 12 anos. A diferença é explicada pelos juros dos juros que são gerados mensalmente.
Se os portugueses não podem poupar mais - a taxa de poupança dos particulares está pouco acima dos 6% -, conseguem certamente aumentar a frequência, basta que se paguem a si próprios primeiro. "Pagar primeiro a nós significa que, antes de qualquer pagamento que façamos a outros, devemos pagar primeiro a nós uma determinada quantia. Ou seja, ao recebermos o ordenado, devemos retirar logo uma percentagem do dinheiro para uma conta-poupança ou de investimentos", explica Pedro Queiroga Carrilho, em "O Seu Primeiro Milhão".
Cientes da importância de uma estratégia de aforro programada, alguns bancos permitem aosclientes dirigir automaticamente algum dinheiro da sua conta à ordem para uma aplicação. O Banco Espírito Santo, por exemplo, permite que os seus clientes criem planos de entregas programadas nos seus fundos de investimento a partir de 50 euros mensais.
3 Rendibilidade é fundamental
Mesmo que tenha tempo e consiga poupar mensalmente, os seus euros não irão longe se não os conseguir capitalizar. Por isso, procure maximizar a rendibilidade do seu portefólio, observando sempre o risco máximo que está disposto a correr.
O potencial de valorização dos activos está positivamente relacionado com o seu risco. Os estudos académicos revelam que as acções são muito voláteis, mas, no longo prazo, rendem mais. Uma equipa formada por professores da London Business School e por gestores de activos do Crédit Suisse concluiu que, nos últimos 109 anos até ao final de 2008, as acções europeias renderam 7,7% por ano (ou 4,5% acima da inflação), longe dos 4% das obrigações.
Em Fevereiro, o Barclays Capital publicou outro estudo que, usando várias métricas, estimou que as acções renderão 12% por ano na próxima década, compensando o fraco desempenho dos últimos 10 anos.
A T. Rowe Price, uma sociedade gestora norte-americana responsável por 222 mil milhões de euros, desenhou as carteiras ideais apoiando-se na evolução histórica das três principais área de aforro e investimento (acções, obrigações e tesouraria). Assim, segundo a T. Rowe Price, se quer fazer uma aplicação até cinco anos, deve confiar maioritariamente nas obrigações, mas se for investir a mais de 17 anos pode delegar o crescimento do seu portefólio apenas no mercado accionista. Nos prazo intermédios, o portefólio certo contém uma combinação de acções e obrigações.
Uma família que aplique 500 euros por mês no mercado obrigacionista e ganhe 5% por ano durante duas décadas terá quase 203 mil euros no final do prazo. É um bom princípio para garantir uma reforma descansada. No entanto, se investir os mesmos 500 euros mensais em acções durante duas décadas e se alcançar um desempenho anual de 12,5%, o seu pé-de-meia sobe para quase 484 mil euros. É um início de reforma bastante melhor.