Enquanto o ComStage PSI 20, um fundo cotado que pretende acompanhar a subida do principal índice de acções da bolsa de Lisboa, está praticamente ao nível do seu lançamento em Setembro, o Lyxor ETF DAX, o equivalente de acções alemãs ganhou cerca de 17%. A evolução dos títulos germânicos - que, em muitos casos, chegam a apresentar ganhos anuais superior a 50%, liderados pelos 77% da Volkswagen - mostra que a velocidade do motor da economia europeia bate largamente todas as outras principais economias.

O Fundo Monetário Internacional estima que a Alemanha terá um crescimento real de 2,5% em 2011, longe da média de 1,6% da Zona Euro e muito longe da queda de 1,5% de Portugal. Em 2012, a economia alemã continuará a divergir: a taxa de crescimento de 2,1% continuará superior à média de 1,8% da Zona Euro e à queda portuguesa de 0,5%.

O cenário optimista transbordou naturalmente para a bolsa. Se o optimismo continuar a reinar, a subida das cotações poderá a avançar. O fluxo de capitais a entrar nas bolsas alemãs continua a ser positivo. Apenas os seis fundos de acções da Alemanha disponíveis aos investidores de retalho portugueses controlam mais de 2200 milhões de euros em títulos locais, segundo a Morningstar. Os fundos registados em Portugal têm mais 633 milhões de euros, de acordo com a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários. As principais apostas dos gestores nacionais são na Siemens, na BASF e na Allianz.

Os profissionais continuam a recomendar a Alemanha aos investidores. O ActivoBank, o terceiro maior distribuir de fundos estrangeiros, inclui o fundo Fidelity Germany nas suas carteiras-modelo, atribuindo um peso óptimo até 12,5% do património. Se a economia alemã não fraquejar e as recomendações se mantiverem é normal que as cotações sigam na subida.

Penalizado pela assistência internacional
A saúde da economia alemã pode representar um fardo para ela própria, porque o governo da chanceler Angela Merkel é chamado frequentemente a apoiar as economias mais fracas. "Um sistema financeiro alemão robusto é importante para a Alemanha e para a estabilidade financeira global. Tendo em conta a grande dimensão do sistema, as suas ligações internacionais e o comportamento não linear dessas ligações em tempos de stress, o desenvolvimento para o futuro de fortes amortecedores sistémicos é vital", lê-se no relatório final da visita do FMI à nação, em Maio.

Outros economistas estão mais preocupados com assuntos mais correntes, como o petróleo. Uma subida acentuada do preço do ouro negro pode colocar em risco a confiança dos consumidores alemães e a produção industrial, que começa a sentir sinais da falta da recuperação dos Estados Unidos da América, do enfraquecimento do Japão e da subida da inflação na China.

No entanto, a subida da cotação do petróleo pode ser uma oportunidade para os investidores, alerta Jens Ehrhardt, o guru alemão que lidera a gestão do fundo com o seu nome, o UBAM Dr Ehrhardt German Equity. "Se o petróleo subir significativamente nos próximos meses, isso poderá servir de argumento para os bancos centrais nos EUA, bem como na Europa e nos mercados emergentes, afrouxarem as medidas restritivas", explica o especialista no seu relatório do início de Junho. É por isso que Ehrhardt defende que as acções são uma melhor aposta do que as obrigações no segundo semestre de 2011. A sua escolha recai sobre acções alemãs defensivas que forneçam bons dividendos.