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A situação actual dos mercados emergentes

O maior desempenho dos mercados emergentes ao longo dos últimos seis meses colocou, mais uma vez, a classe de activos firmemente em primeiro plano na mente dos investidores. A economia mundial permanece indubitavelmente sob pressão, enquanto os...

18 de Novembro de 2009 às 09:44
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O maior desempenho dos mercados emergentes ao longo dos últimos seis meses colocou, mais uma vez, a classe de activos firmemente em primeiro plano na mente dos investidores. A economia mundial permanece indubitavelmente sob pressão, enquanto os bancos continuam a recuperar e há ainda alguns pontos de interrogação quanto ao ritmo da retoma nas economias dos EUA e da Europa. Contudo, esta é uma crise do mercado desenvolvido. Os mercados emergentes não estão a enfrentar os mesmos problemas e, por conseguinte, é provável que as suas taxas de crescimento sejam mais altas e, provavelmente, mais sustentáveis.

A China, por exemplo, é capaz de registar um crescimento em termos reais de aproximadamente 8% por ano. Por seu lado, a economia dos EUA tendeu a crescer cerca de 3% por ano e poderá ter de se esforçar para manter o crescimento a esse nível ao longo dos próximos anos. Esta história do potencial de crescimento superior repete-se em todo o mundo emergente.

Os principais impulsionadores do crescimento dos mercados emergentes são os níveis de produtividade e demografia mais elevados. A urbanização está a incentivar uma procura de infra-estruturas em muitos países de mercados emergentes e a melhoria da estabilidade financeira nesses mercados significa que os governos têm agora a capacidade de satisfazer esta procura. Isto contrasta com muitos governos ocidentais, que estão a enfrentar sérias pressões orçamentais. Entretanto, os aumentos de rendimento e a ascensão das classes médias significam que os mercados emergentes oferecem um potencial significativo para "apanharem" as economias ocidentais, apoiando o crescimento do consumo interno.

Há motivos para se manter a cautela
Com os mercados desenvolvidos ainda sob pressão, existem preocupações relativamente à procura de bens e serviços dos mercados emergentes, porque estas regiões confiam em mercados globais muito abertos, com fluxos livres de capital e comércio. Face à dimensão do choque da crise financeira, talvez não seja surpreendente que existam alguns receios quanto a um regresso do proteccionismo. Com uma reentrada nas acções, este ano os gestores de fundos de investimento globais parecem ter tido uma preferência pelos mercados emergentes e alguns dos mercados asiáticos, mas os mercados dos EUA e da Europa foram maioritariamente ignorados.

Agora os investidores globais poderão gostar de aumentar a sua posição em acções a nível global, mas reduzir o risco. Isso poderia favorecer os mercados desenvolvidos à custa dos mercados emergentes e poderia fazer com que estes fizessem uma pausa para respirar no curto prazo. A classe de activos tem verificado fluxos de entrada muito fortes no primeiro semestre, o que é motivo para algum cuidado no curto prazo, e as valorizações relativas comparadas com os mercados desenvolvidos estão a ficar mais altas. Estas são razões para se pensar que poderá haver uma pausa na actual força do mercado.

Mas, a longo prazo, as variáveis fundamentais ainda permanecem fortes
Actualmente, várias moedas dos mercados emergentes estão desvalorizadas, o que deverá actuar como apoio às exportações. Além disso, embora a procura de exportações dos mercados desenvolvidos se possa manter silenciosa durante algum tempo, os temas da urbanização e infra-estruturas devem apoiar a procura nos mercados emergentes. Isto deve ser particularmente positivo para os países produtores de mercadorias e poderá suportar os preços das mercadorias a um nível mais alto do que aquele que vimos no passado.

Desde que os investidores tenham um horizonte de investimento de 12 meses ou mais, os mercados emergentes ainda estão a apresentar boas oportunidades. As valorizações ainda têm um caminho a percorrer antes de parecerem excessivas. Os mercados desenvolvidos ainda parecem historicamente muito subvalorizados, por isso, em termos relativos os mercados emergentes podem parecer um pouco dispendiosos, mas em termos absolutos, as valorizações ainda parecem ser confortáveis.

Curiosamente, também, muitos gestores de fundos têm ainda mais liquidez acumulada do que aquela que gostariam, e poderá registar-se mais uma fase de fluxos de entrada à medida que começamos a verificar a obtenção de lucros nos mercados emergentes, em vez da promessa de lucros que atraiu os investidores ao longo dos últimos meses.

Atributos dos mercados emergentes a ter em atenção
Alguns factores chave deverão ser monitorizados para manter uma perspectiva positiva para os mercados emergentes. As valorizações, que parecem agora razoáveis, são o primeiro factor a ter em atenção. O segundo é o ciclo de negócio. Durante os próximos três a cinco anos poderemos esperar ver os mercados emergentes a afastarem-se eles próprios da sua dependência dos mercados globais, mas o ciclo de negócio mundial permanecerá um impulsionador vital - se os indicadores globais começarem a descer, este poderá ser um sinal de aviso para os mercados emergentes.

Por fim, se o mundo inteiro se apaixonasse pelos mercados emergentes ao mesmo tempo, estes poderiam tornar-se num negócio demasiado abarrotado. Existiram algumas preocupações em relação a isto recentemente, mas os outros dois indicadores (valorizações e ciclo de negócio) parecem servir de apoio, o que sugere que os mercados emergentes ainda proporcionam uma boa opção para os investidores.

Head of Sales da JPMorgam Asset Management



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