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5 clássicos do investimento que não pode deixar de ler

Quer aventurar-se no mundo da bolsa e não sabe por onde começar? Sugerimos-lhe a leitura de algumas “Bíblias” do investimento para perceber como funcionam os mercados, antes de aplicar o seu dinheiro.

07 de Janeiro de 2008 às 16:56
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Os investidores não nascem ensinados. Há que aprender como funcionam os mercados, saber algumas regras fundamentais, “ter olho” para os negócios, boa intuição e capacidade de análise. E, claro, alguma dose de sorte e “estômago” para o risco. Por vezes, as coisas não correm bem logo de início, mas isso faz parte do percurso de qualquer investidor. “Se não cometer erros, não conseguirá tomar decisões”, diz o investidor Warren Buffet, dono da empresa de investimento Berkshire Hathaway.

Por onde deve então começar o pequeno investidor? Pela leitura dos melhores livros sobre investimento. Das obras para principiantes às mais financeiras, passando pelos relatos e experiências dos grandes investidores em bolsa. Por entre o manancial literário dedicado ao assunto, podemos dizer que existem actualmente cinco “Bíblias” do investimento. E quais são elas?

O mais indicado para se iniciar chama-se “One Up on Wall Street” e foi escrito por Peter Lynch, célebre gestor do Fundo Magellan, da Fidelity, entre 1977 e 1990. “Lynch conjuga a perspectiva teórica com a aposta na prática e, com a análise da concorrência, geriu um fundo que se tornou uma referência a nível mundial, sempre a bater o mercado em termos de ‘performance’”, comenta Raul Marques, presidente da Associação Portuguesa de Analistas Financeiros (APAF).

Depois de Lynch, e para ficar ambientado com as ideias de um dos mais célebres investidores da actualidade, nada como ler “The Essays of Warren Buffet”, onde pode encontrar as cartas que o dono da Berkshire escreve aos seus accionistas e que foram compiladas por Lawrence Cunningham. “Se cálculo ou álgebra fossem necessários para se ser um grande investidor, eu teria de voltar a distribuir jornais”, disse um dia este investidor. Segundo Buffet, as competências matemáticas de que precisa para ser um grande investidor são a soma, a subtracção, a multiplicação, a divisão e a capacidade de calcular rapidamente percentagens e probabilidades. Tudo o mais é desnecessário, mas qualquer coisa menos será suficiente para não conseguir jogar este jogo. Segundo Raul Marques, os vários livros de Warren Buffet são muito importantes para o investidor que se foca no valor subjacente das empresas. “É bom que o investidor tenha possibilidade de olhar para o longo prazo. Às vezes, temos de olhar excessivamente para os ciclos de curto prazo”, o que pode penalizar a carteira, adverte.

O terceiro livro desta aventura autodidacta poderá ser “Common Stocks and Uncommon Profits”, de Philip Fisher, que incentiva o investidor a ter em conta 15 aspectos associados à qualidade de uma empresa em vez de se focar no preço das acções ou em outras considerações de mercado. Como quarta opção, e ainda na mesma linha, há “Stocks for the Long Run”, de Jeremy J. Siegel. O autor defende que quem pretende investir o seu dinheiro por um longo período de tempo, deve fazê-lo em acções. E explica porquê.

Se iniciou as suas leituras sobre investimento como um puro principiante, por esta altura já estará preparado para pegar no quinto clássico: “The Intelligent Investor”, de Benjamin Graham. “É um bom livro para quem quer ter uma perspectiva histórica dos ciclos do investimento”, afirma Raul Marques, que sugere, também, a leitura de “Contrarian Investor”, de David Dreman. “Fala sobre o investimento a longo prazo, com uma perspectiva das bolhas especulativas e a forma de tirar partido delas e das ressacas que se seguem”, explica.

Para João Duque, professor de Finanças no ISEG, estes cinco livros “são ‘bestsellers’ no mundo financeiro e de fácil leitura para os leigos”. No entanto, salienta que, por vezes, cometem o erro de fazer pensar que a ciência do investimento, e especialmente da avaliação de empresas ou de activos financeiros, é fácil demais. Mas “são livros que se lêem bem, sem necessidade de grandes conhecimentos matemáticos e que dão um bom contributo para o conhecimento dos instrumentos financeiros, das suas principais características e aplicações”, refere.

O professor sugere, também, um livro traduzido em português pela Editorial Caminho: “Guia dos Mercados Financeiros”, de Marc Levinson. Numa recensão que fez na revista científica do ISEG, “Portuguese Journal of Management Studies”, João Duque diz que se trata de uma excelente obra de introdução aos mercados financeiros, ao seu modo de funcionamento e aos produtos aí negociados. Neste livro, podem explorar-se os meandros do funcionamento dos diferentes mercados, obter esclarecimentos sobre o seu jargão, a importância dos instrumentos aí negociados e o modo como são normalmente usados, diz João Duque. “Usando as palavras do seu autor inscritas no capítulo inicial, o livro não vai dizer ao leitor se ‘os investimentos da sua carteira vão valorizar ou desvalorizar, mas talvez o ajude a compreender como é definido o seu valor e como os diferentes títulos são criados e transaccionados’”, salienta o professor.

Francisco Magalhães Carneiro, administrador do BPI Gestão de Activos, já leu todos estes livros e considera que o melhor é “Stocks for the Long Run”. “O livro diz que não há melhor investimento do que acções. Nem o imobiliário, nem as obrigações, nem os depósitos, nada deu como deram as acções”, explica. No fundo, o que o livro diz é que mais vale ser patrão do que ser-se empregado. “Nos investimentos, ser patrão é ser accionista e ser empregado é ser depositante. Ser empregado é muito bom, pois todos os meses se recebe o mesmo, não há incerteza e sabemos com o que contamos. No entanto, fica-se pobre a ser empregado. Se se for patrão, o lucro é incerto mas, em geral, os patrões ficam ricos”, refere.

Ricardo Marques, analista de “commodities” na IMF, concorda com a selecção, que diz ser “muito boa”, mas sugere, também, um livro de Jack D. Schwager:“A Complete Guide to the Futures Market”. A obra “aborda o funcionamento do mercado e a forma como este reage a notícias fundamentais, explicando o que está por detrás dos activos em que se investe”, refere. Se quer tratar do seu dinheiro como ele merece, comece por investir em boa literatura financeira.

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