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FMI: Resgates e vendas de ativos nos fundos são "potencial ameaça" à estabilidade financeira

Os efeitos adversos de fundos de investimento abertos menos líquidos sobre os preços dos ativos podem levar a um aperto nas condições financeiras domésticas, reforçando o ciclo vicioso entre a fuga de investidores e a volatilidade do mercado de ativos, alerta o FMI.

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A fuga de investidores de fundos de investimento com pouca liquidez que obrigue a vendas de ativos à pressão está a preocupar o Fundo Monetário Internacional (FMI). No mais recente relatório sobre a estabilidade financeira global, a organização recomenda aos supervisores que acompanhem de perto as ferramentas de liquidez do setor.

"Os fundos abertos desempenham um papel importante nos mercados financeiros, mas aqueles que oferecem resgates diários enquanto detêm ativos ilíquidos podem amplificar os efeitos de choques adversos, aumentando a probabilidade de fuga de investidores e vendas de ativos. Isso contribui para a volatilidade nos mercados de ativos e é uma potencial ameaça à estabilidade financeira", refere o Relatório de Estabilidade Financeira Global divulgado esta terça-feira.

Desde a crise financeira, os fundos abertos têm tido um crescimento "notável", tendo fechado o primeiro trimestre de 2022 com 41 biliões de dólares em ativos sob gestão, o que significa que quadruplicaram de montante face a 2008. Cerca de um quinto destes ativos estão fora do setor financeiro tradicional.

O FMI refere que as preocupações são "particularmente pertinentes" dada a normalização da política monetária dos principais bancos centrais globais como resposta à escalada da inflação. "Um aperto desordenado das condições financeiras pode desencadear resgates significativos desses fundos e contribuir para o stress nos mercados de ativos", avisa.

E sublinha que a dívida em particular está mais "frágil" ao stress no mercado. "Um declínio significativo na liquidez dos fundos, como o observado durante a turbulência de mercado em março de 2020 pode aumentar a volatilidade do retorno das obrigações em mais de 20%", diz, acrescentando que, em termos geográficos, são os mercados emergentes os mais vulneráveis.

Dívida e mercados emergentes no topo do risco

"É importante ressalvar que os efeitos adversos de fundos de investimento abertos menos líquidos sobre os preços dos ativos podem levar a um aperto nas condições financeiras domésticas, reforçando o ciclo vicioso entre a fuga de investidores e a volatilidade do mercado de ativos", alerta o FMI.

Face a estes riscos, a organização recomenda aos países que assegurem que os fundos estão a usar ferramentas adequadas de gestão de liquidez. Apesar de haver uma ampla variedade de instrumentos disponíveis, é a implementação que está a falhar.

"Dados os efeitos adversos transfronteiriços, as economias recetoras têm de adotar respostas políticas apropriadas para mitigar potenciais riscos sistémicos de fluxos de capital voláteis provenientes de fundos abertos. Estes devem incluir o aprofundamento contínuo dos mercados domésticos; o uso de medidas macroeconómicas, prudenciais e de gestão de fluxo de capitais; e a intervenção cambial", acrescenta o FMI.
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