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Este "hedge fund" cisne negro ganhou 3.600% em março

O fundo Universa Tail, administrado pela gestora norte-americana Universa Investments, tem Nassim Taleb como conselheiro e tem gerado fortes retornos.

Bloomberg
12 de Abril de 2020 às 18:33
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O fundo de cobertura de risco que tem como conselheiro Nassim Taleb (na foto), autor de "O Cisne Negro", teve um retorno de 3,612% em março, recompensando enormemente os clientes que investiram nele como proteção contra uma queda nos preços das ações.

 

O fundo Universa Tail – com uma estratégia de cobertura de risco de cauda* –, gerido pela gestora Universa Investments, de Miami, teve um ganho anual de 4.144% nos 12 meses terminados a 31 de março, segundo uma carta aos investidores escrita pelo seu presidente e CEO, Mark Spitznagel.

 

Segundo Spitznagel, de 49 anos, o Universa conseguiu encaixar muitas das suas posições, "trancando" os ganhos, ao mesmo tempo que manteve em funcionamento a proteção contra sell-offs adicionais nas bolsas, "uma das armadilhas da negociação".

 

"Numa análise prospetiva, vemos que o mundo continua bastante embrulhado na mãe de todas as bolhas financeiras globais", sublinhou o mesmo responsável. "São as vulnerabilidades sistémicas criadas por esta bolha sem precedentes – alimentada pelos bancos centrais – e as consequentes absurdas e ingénuas tomadas de risco e alavancagem que tornam esta pandemia tão potencialmente destrutiva para os mercados financeiros e para a economia", acrescentou.

 

A cobertura contra o risco de cauda não é uma estratégia de investimento por si só. Em vez disso, o Universa diz aos clientes para pensarem nela como um seguro contra catástrofes que lhes permite obter maiores retornos sem a necessidade de abordagens mais tradicionais à mitigação do risco – tais como a diversificação de ativos e titularidade de obrigações soberanas, ouro ou hedge funds.

 

Nassim Taleb, numa entrevista a 30 de março à Bloomberg TV, disse que uma pandemia como esta do novo coronavírus era previsível e que os investidores que não se resguardaram pagaram o preço com pesadas perdas. O que é impossível de prever é o timing de um acontecimento destes, declarou, sendo por isso que o seguro contra o risco deve estar sempre acautelado.

 

"Penso que demonstrei que o método do Universa de mitigação de risco é o mais eficaz", afirmou Spitznagel através de um porta-voz. "Mas é também pouco convencional. A maioria das pessoas tende a preferir o convencional em detrimento do eficaz".

 

Spitznagel incluiu um gráfico na sua carta aos investidores em que mostra que uma carteira que tenha investido 96,7% no S&P 500 e 3,3% no fundo Universa terá saído ilesa em março, um mês em que aquele índice de referência norte-americano perdeu 12,4%. A mesma carteira teria gerado um retorno agregado de 11,5% por ano desde março de 2008, contra 7,9% para uma aposta somente no Standard & Poor’s 500.

 

"Qualquer pessoa pode fazer dinheiro num crash; o que interesse é o que se faz no resto do tempo", escreveu Spitznagel. "A totalidade da recompensa é que cria o efeito portfólio".

 

 

* Os riscos de cauda são acontecimentos de fraca probabilidade mas que, quando ocorrem, têm um forte impacto – tal como os cisnes negros. Os cisnes negros, segundo o livro de Taleb, são eventos que surgem de forma imprevisível, como um tornado, numa distribuição estatística com maior dispersão do que o normal [com cauda mais espessa].  A distribuição normal é uma das distribuições de probabilidade mais utilizadas para modelar fenómenos naturais – e é um ponto de referência para comparação das espessuras de caudas longas. Quando se dá um fenómeno considerado altamente improvável, a cauda será mais espessa (grossa) do que a cauda comparável à da distribuição normal.

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