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Subida dos juros das obrigações da Zona Euro facilita a tarefa do BCE?

Um dos constrangimentos para as compras de activos do BCE está a diminuir após as escaladas das taxas das obrigações da Zona Euro.

7. Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu
Kai Pfaffenbach/Reuters
15 de Novembro de 2016 às 09:00
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É um dos grandes constrangimentos que os analistas têm apontado ao programa de compras de activos do BCE. Mas a subida das taxas das obrigações da Zona Euro pode dar alguma margem de manobra ao banco central. A entidade liderada por Mario Draghi está, sob as actuais regras, impedida de comprar títulos com uma taxa de rentabilidade inferior à taxa de depósito (de -0,40%). E uma parte significativa das obrigações de alguns dos países do euro vistos como mais seguros, o caso da Alemanha, por exemplo, transacciona abaixo daquele patamar.

Têm surgido vários alertas de que essa, e também outras regras, podem levar o BCE a ficar sem títulos para comprar, de forma a fazer corresponder a chave de capital dos países e a cumprir com as compras de 80 mil milhões de euros por mês até, pelo menos, Março de 2017. Mario Draghi referiu mesmo que o BCE mandatou os comités relevantes a estudarem formas de implementar suavemente o programa, com o consenso do mercado a antecipar mudanças das regras para as compras na próxima reunião, a 8 de Dezembro.

Obrigações elegíveis aumentam

Após a vitória de Donald Trump nas eleições de 8 de Novembro, assistiu-se a uma tendência global de subida das taxas das obrigações. Isto porque os investidores antecipam que o programa económico do milionário que vai para a Casa Branca traga mais inflação e mais subidas de juros por parte da Reserva Federal dos EUA.

Alguns elementos do BCE já apontaram que as políticas de Trump podem trazer riscos. Mas, no reverso da moeda, os analistas do CreditSights referem que o efeito da "subida das taxas das obrigações soberanas dá algum alívio em relação aos receios sobre o universo de obrigações elegíveis para o programa de compras de activos do sector público".

Numa nota divulgada esta segunda-feira, os especialistas daquela consultora estimam que "a proporção de obrigações governamentais alemãs inelegíveis desceu de 65% para 61%, enquanto a quota de obrigações inelegíveis de outros soberanos europeus caiu de 30% para 24%".

Apesar da subida das taxas poder criar margem de manobra ao BCE em relação aos títulos de alguns países, isso não se aplica a Portugal. Há bancos de investimento a alertar que o banco central pode estar perto de atingir o limite de dívida portuguesa que pode comprar, notando uma redução do montante adquirido nos últimos meses. Mas isso ocorre por causa de uma outra regra do programa: a de o BCE não poder deter mais de 33% do universo de dívida elegível de um país ou de uma determinada linha de obrigações. 

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