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Sonae prefere accionistas a investidores

Uma das maiores empresas portuguesas tem apenas duas pessoas a gerir todos os programas de relação com os investidores e o administrador Luís Reis fala "cada vez com menos" investidores e "mais com aqueles" que quer que sejam accionistas da empresa.

Sara Matos/Negócios
21 de Março de 2014 às 14:06
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É importante não ter a “perspectiva purista” dos economistas de que o mercado está sempre certo, mas também não se pode pensar que está sempre errado, advertiu o administrador da Sonae SGPS, Luís Reis, sublinhando que “é sempre útil para a gestão falar com o mercado”.

 

“Gosto cada vez menos da palavra investidor e mais da palavra accionista. ‘Vou shortar a tua acção’? Gosto mais de accionistas, que têm debates e perguntas exigentes sobre detalhes da nossa operação”, acrescentou Luís Reis durante a conferência Via Bolsa, que decorreu esta quinta-feira no Porto.

 

O gestor insistiu na importância de “ir buscar mais do que capital ao mercado”. “Sei que esta é uma fonte excelente, mas, mais do que isso, é ir buscar opiniões externas, desafios, obrigação de transparência. E isso é válido para uma empresa de qualquer dimensão”, detalhou.

 

Classificando, à escala global, a Sonae como uma PME, Luís Reis frisou que a análise dos investidores não se deve concentrar no tamanho - também uma aspiração de alguns pequenos empresários que assistiram à palestra. “Há, sim, empresas boas ou más, e esse é um critério mais importante do que o da dimensão para estar nesse mercado de capitais”, avisou.

 

Joaquim Luiz Gomes, da Dunas Capital, lembrou que a WhatsApp facturava “apenas” 20 milhões de dólares no ano passado e foi comprada pelo Facebook por 16 mil milhões de dólares. “O tamanho é irrelevante. Uma empresa pequena pode ter uma boa “equity” própria em função dos intangíveis”, sustentou.

 

Segmentar os investidores

 

O administrador contou que, até recentemente, a Sonae tinha apenas uma pessoa a tomar conta de todos os programas de “investment relation” da Sonae. Não era por isso que não cumpria os critérios da CMVM, destacou, mas entretanto contratou mais um trabalhador para esse trabalho, ironizando que a “holding” liderada por Paulo Azevedo está “a tentar digerir ainda este aumento”.

 

Outra recomendação que deixou aos empresários que assistiram à conferência organizada pela Euronext Lisbon na renovada Porto Business School, é a de segmentar os investidores, argumentando que “é um desperdício enorme de tempo ir falar com os investidores que não são os correctos”.

 

“Todos temos produtos para vender, mas não os vendemos à generalidade dos clientes, há sempre uma segmentação. E há técnicas para segmentar os investidores também. Falo cada vez com menos e mais com aqueles que quero. Não quero ter aqueles como accionistas, portanto não falo com eles”, concluiu.

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