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Rússia quer comprar 70 mil milhões de dólares em moeda estrangeira

A principal divisa desejada pelo Kremlin é o yuan, mas esta pode não ser uma tarefa fácil, uma vez que exige um acordo com o governo chinês.

Reuters
01 de Setembro de 2022 às 12:29
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A Rússia está a considerar um plano para comprar 70 mil milhões de dólares em moeda estrangeira, com o objetivo de desacelerar a valorização do rublo. Em cima da mesa está a compra de yuans e outras dividas de países "amigos". Já a longo prazo, Moscovo pretende vender o que detiver em moeda chinesa (yuan) para financiar o investimento no país.

Esta proposta, noticiada pela Bloomberg, está entre um conjunto de medidas que pretendem reforçar a economia russa, ao mesmo tempo que o país está a lidar com sanções impostas pela União Europeia e Estados Unidos, na sequência da invasão da Ucrânia e que estão a impedir o acesso a cerca de 640 mil milhões de dólares em divisas estrangeiras.

Durante muitos anos, a política económica do Kremlin foi de conter os gastos orçamentais, poupando milhares de milhões em dólares e euros e outras divisas. Esta "almofada" serviria para insuflar a economia em tempos de incerteza, nomeadamente com as oscilações nos preços do petróleo.

De acordo com fontes familiares com o assunto, o plano foi inicialmente exposto numa reunião de Governo, que contou com a presidente do Banco Central Russo, Elvira Nabiullina.

"Nesta nova situação, acumular reservas de moeda estrangeira para crises futuras é extremamente difícil e não é adequado às circunstâncias", explica o documento de apresentação da proposta visto pela BBG. "Os 300 mil milhões de dólares congelados não ajudaram a Rússia; pelo contrário, isso tornou-se uma vulnerabilidade e um símbolo de uma oportunidade perdida", é possível ler-se, numa rara confissão do impacto das sanções na economia russa.

O documento acrescenta ainda que poupar esse dinheiro "é uma direta redução dos investimentos na Rússia em detrimento do investimento noutros países".

Mesmo a compra de moeda estrangeira de países "amigos" não é uma tarefa fácil: vender yuans "requere um acordo com a China, que vai ser muito complexo num tempo de crise"; o dirham dos Emiratos Árabes Unidos está exposto a "altos riscos políticos", nomeadamente de mudança de rumo por parte do governo do país e a lira turca está num elevado risco de desvalorização - esta análise pode ser lida na apresentação que foi feita aos oficiais russos.

Ainda assim, no curto prazo, com as receitas do petróleo e gás a chegarem a Moscovo, estando o país já num excedente orçamental este ano e com o rublo a valorizar, o pretendido é que o Estado russo gaste 4,4 biliões de rublos (70 mil milhões de dólares) em divisas "amigas", principalmente o yuan.
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