A relação comercial entre os EUA e a China continua a estar no topo das preocupações e é um dos principais riscos que a economia global enfrenta. Esta é uma das conclusões de um relatório publicado pelo Fórum Económico Mundial, que destaca que mesmo que os dois países assinem o primeiro acordo, a guerra das tarifas vai ter impacto na economia.

Os EUA e a China assinam hoje o chamado acordo de "fase um", um documento que sacramenta a trégua entre as duas maiores potências mundiais. Apesar deste desenvolvimento, o Global Risks Report, um relatório do Fórum Económico Mundial, realizado em colaboração com a Marsh e a Zurich, conclui que os riscos geopolíticos estão no topo das preocupações para este ano.

Os inquiridos do inquérito "não esperam que as tensões económicas como um todo abrandem – mais de 78% antecipa que os ‘confrontos económicos’ aumentem em 2020", refere o relatório divulgado esta quarta-feira, 15 de janeiro. E, apesar dos progressos nas negociações, o documento aponta que "as tensões podem custar 700 mil milhões de dólares em produção perdida em 2020", um valor idêntico ao PIB perdido pela União Europeia durante a crise financeira, refere o documento.

O documento, que marca todos os anos a antecipação da conferência de Davos, diz ainda que "mesmo que as atuais tensões comerciais arrefeçam, arriscamo-nos a entrar numa era em que os dois países descorrelacionem as suas economias e criem barreiras um ao outro", uma situação que forçará outros líderes mundiais a escolher um lado.

"Um regresso a uma espécie de guerra fria ou cortina de ferro na paisagem económica iria, fundamentalmente, mudar o modo como os negócios globais e a segurança funcionou nas últimas três décadas", alerta o documento.

Além das tensões geopolíticas, os responsáveis questionados sobre os riscos que pairam na economia incluíram pela primeira vez questões ambientais no topo das preocupações, sendo que os inquiridos mais jovens colocam estes problemas no topo dos riscos de curto e longo prazo. Temas como o protecionismo, ciberataques, populismo ou uma recessão são outros dos riscos identificados para 2020.

E se a economia global mergulhar numa recessão, o Fórum Mundial alerta para a falta de munições para lidar com uma situação destas, caso se mantenha a falta de uma ação coordenada. "As margens para estímulos monetários e orçamentais estão mais reduzidas do que antes da crise financeira de 2008-2009, criando incerteza em torno de quão bem as políticas anti-cíclicas funcionariam".

"Sem uma estabilidade económica e social, os países poderiam não ter os recursos financeiros, a margem orçamental, o capital político ou o apoio social necessários para confrontar riscos globais chave", remata o relatório.