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O problema será o inverno de 2023, alertam as petrolíferas e traders

CEO da BP frisa que os preços da energia “estão a aproximar-se do inacessível”. Produtores estiveram reunidos em Abu Dhabi.

Russell Hardy, da Vitol, alertou para os problemas futuros da escassez de energia. Ali Haider/EPA
01 de Novembro de 2022 às 10:45
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Os CEO das maiores petrolíferas mundiais acreditam que o próximo inverno será de relativa tranquilidade, ainda que os preços tenham subido de forma considerável, apontando as maiores dificuldades para o inverno de 2023, isto é, para daqui a um ano.

Em Abu Dhabi, numa conferência que junta os países produtores e as petrolíferas, Russell Hardy, o presidente executivo da Vitol frisou que "temos um inverno difícil pela frente mas, posteriormente, um inverno mais difícil no ano que vem". "A produção disponível para a Europa no primeiro semestre de 2023 é consideravelmente menor do que a produção que tínhamos disponível no primeiro semestre de 2022", explicou o líder da maior comerciante independente de energia do mundo citado pela CNBC.

Para Hardy, "as consequências da escassez de energia e, portanto, da escalada de preços, todas as coisas que foram discutidas aqui [no debate em Abu Dhabi] sobre o custo de vida, a expectativa de problemas futuros, claramente precisam ser pensadas nesse contexto".

A ideia foi corroborada por Bernard Looney, CEO da BP que esteve presente no mesmo painel de debate da ADIPEC, e sublinhou que os preços da energia "estão a aproximar-se do inacessível". Segundo a CNBC, Looney lembrou também que já há pessoas que estão a gastar "metade do seu rendimento disponível em energia".

"Acho que este inverno foi acautelado", disse o gestor, adiantando que "é o próximo inverno na Europa que pode ser ainda mais desafiador".

A preocupação foi destacada também pelo presidente executivo da petrolífera italiana Eni, afirmando acreditar que "estamos bem preparados para este ano". "A questão não é neste inverno. Será o próximo, porque não teremos gás russo – 98% [menos] no próximo ano, ou talvez nada", alertou Claudio Descalzi.

Para este inverno, o armazenamento de gás da Europa está a cerca de 90% do total das capacidades, de acordo com a Agência Internacional de Energia, um indicador que dá alguma garantia de segurança face à escassez.

Ainda assim, uma grande parte deste gás armazenado ainda é importado da Rússia nos meses anteriores, bem como de outras fontes onde foi mais fácil comprar do que atualmente até porque a China, um grande importador, estava a adquirir menores quantidades face à travagem na sua atividade económica.

Para os responsáveis das maiores companhias petrolíferas, citados pela cadeia norte-americana, um inverno de 2023 mais duro poderá também fazer estalar mais protestos e agravar as tensões sociais nos países europeus.

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