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Mercados globais assobiam para o lado com tomada do Afeganistão pelos talibãs

Num momento histórico para a vida no Afeganistão e para a estratégia internacional dos EUA, os mercados parecem calmos e a ignorar este facto. Bolsas estão em leve queda, mas é a covid-19 que centra atenções.

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Gonçalo Almeida goncaloalmeida@negocios.pt 16 de Agosto de 2021 às 12:40
As últimas horas em Cabul, a capital do Afeganistão, ficarão para a história. O presidente, Ashraf Ghani, fugiu do país para "evitar um banho de sangue", depois de os talibãs terem demorado dez dias a conquistar 90% de todo o território afegão e tomado de assalto o parlamento. Mas que impacto está a ter esta crise nos mercados? O dia começou no "vermelho" na Europa, seguindo a tendência na Ásia e os preços do petróleo estão a cair. Só que os investidores parecem olhar para outros fatores, ignorando o que se passa no Médio Oriente.

"Os mercados tentarão afastar este terramoto geopolítico: é apenas o Afeganistão", escrevem os analistas do Rabobank, numa nota matinal, que num tom jocoso continuam: "fica muito longe de nós; nunca quisemos ir de férias lá de qualquer maneira", alimentando a ideia de que os mercados, a julgar pela reação inicial, vão ignorar o que se está a passar neste país do Médio Oriente.

Assim, as quedas de hoje estão a ser explicadas por uma correção técnica, depois de o Stoxx 600 - índice de referência na Europa - ter atingido máximos históricos por diversas vezes nos últimos dias; e por fatores ligados à covid-19. Na Ásia, a propagação da variante Delta está a atrasar a recuperação da economia, como nos mostram os dados mais recentes oriundos da China e do Japão, um dos países que menos otimista está em relação à sua expansão económica, entre os maiores do mundo.

Portanto, o facto de os talibãs terem voltado ao poder em Cabul, com 4,4 milhões de habitantes, vinte anos depois da invasão norte-americana, nada diz, para já, aos investidores. 

"Ignorar Cabul e concentrar-se apenas na tendência 'bull' (de subidas)" é a perspetiva imediata para os analistas do Rabobank. "A ridícula liquidez lançada nos mercados pelo banco central (Fed) é suficiente para pagar por um falso exército afegão com armas reais todos os meses e com dinheiro de sobra".

Câmbio pouco afetado
No mercado cambial, o impacto que a conquista de Cabul por parte dos talibãs tem é muito limitado. O índice do dólar, que regista a a variação desta moeda face a um cabar de divisas rivais, está a subir 0,1% na manhã desta segunda-feira.

"Os desenvolvimentos geopolíticos no Afeganistão no fim de semana estão a dominar as manchetes em todo o o mundo, mas provavelmente é muito cedo para avaliar o que poderá ou não ser a queda no mercado de câmbio", dizem os analistas do ING, numa nota.

"Normalmente, as tensões geopolíticas alimentam a segurança e beneficiam os portos-seguros como o dólar ou o iéne. Por enquanto, esses desenvolvimentos provavelmente estão a sublinhar um apetite de risco já frágil e, de fato, o iéne e o dólar começaram a semana a ganhar", concluem.

A pré-abertura de Wall Street indica para já um início de dia positivo para os três maiores índices do país, com o S&P 500, o Dow Jones e o Nasdaq Composite a subirem ligeiramente.
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